quinta-feira, 20 de novembro de 2014

8 motivos bíblicos para dizer: “Racismo não!”

No jornal de quarta-feira eu leio as seguintes palavras:
Há forte evidência de que salientar as diferenças pouco trabalha para melhorar as relações raciais, e pode ainda exacerbar as mesmas diferenças.

Por exemplo, os distritos escolares de Minneapolis e St. Paul fizeram da dispendiosa educação de diversidade uma prioridade por décadas. Apesar disso, o distrito de Minneapolis recentemente anunciou que “racismo embutido” continua a permear as suas escolas, enquanto que um estudo de 1994 da People para a American Way descobriu que as “relações raciais e a tolerância” nas escolas de ensino médio de St. Paul estão “desmoronando”. (Katherine Kersten, “‘Diversity Training’ Efforts Proceed from False Premise,” StarTribune, 10 de Janeiro de 1996, p. A13)

E a situação também não é boa nas igrejas. Eu já ouvi observações humilhantes e prejudiciais em nossa própria igreja sobre minorias étnicas. E um pastor negro me disse recentemente que um de seus membros negros se sentiu provocado com um novo frequentador branco e disse: “Eu tenho que me aborrecer com gente branca a semana inteira; eu não quero ter que fazer isso na igreja aos domingos”.
Então já é tempo de a igreja, colocar nova energia nessa questão e trabalhá-la. Para esse fim, eu quero estabelecer um fundamento bíblico na forma de oito teses.

1. Deus criou todos os grupos étnicos a partir de um ancestral humano.
Atos 17.26:

[Deus] de um só fez toda a raça humana [pan ethnos = todo grupo étnico] para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação.

Observe duas coisas nesse texto.

Primeiro, observe que Deus é o CRIADOR dos grupos étnicos. “Deus fez de um só toda a raça humana”. Grupos étnicos não simplesmente aconteceram a partir de mudanças genéticas aleatórias. Eles aconteceram pelo desígnio e propósito de Deus. O texto diz claramente: “DEUS criou cada ethnos
.
Segundo, observe que Deus criou todos os grupos étnicos a partir de um ancestral humano. Paulo diz: “Ele fez DE UM SÓ cada ethnos”. Isso tem um murro especial quando você pondera o porquê de ele escolher dizer especificamente isso a esses atenienses no aerópago. Os atenienses apreciavam se vangloriar de que eles eram os autochthones, que quer dizer que eles haviam nascido em seu próprio solo nativo e não eram imigrantes de algum outro lugar ou grupo étnico. (Veja Lenski e Bruce, ad. loc.) Paulo escolhe confrontar esse orgulho étnico logo de cara. Deus criou todos os grupos étnicos — atenienses e bárbaros — e ele os criou a partir de um ancestral comum. Então vocês, atenienses, são feitos do mesmo tecido que os desprezados bárbaros e citas.

2. Todo membro de todo grupo étnico é feito à imagem de Deus.
Gênesis 1.27:

Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

Quando você coloca esse ensino de Gênesis 1 (que Deus criou o primeiro homem à sua imagem) junto com o ensino de Atos 17.26 (que Deus criou todos os grupos étnicos a partir desse primeiro ancestral), o que surge é que todos os membros de todos os grupos étnicos são criados à imagem de Deus.

Não importa qual a cor da pele, ou as feições do rosto, ou a textura do cabelo, ou outros traços genéticos; todo ser humano em todo grupo étnico possui uma alma imortal à imagem de Deus: uma mente com poderes de raciocínio singulares semelhantes aos de Deus, um coração com capacidade para julgamentos morais e afeições espirituais, e um potencial para relacionamento com Deus que separa completamente cada pessoa dos animais que Deus criou. Todo ser humano, seja qual for a cor, forma, idade, gênero, inteligência, saúde ou classe social, é criado à imagem de Deus.

3. Na determinação do significado de quem você é, ser uma pessoa à imagem de Deus se compara com as diferenças étnicas da mesma maneira que o sol do meio dia se compara com um castiçal.
Em outras palavras, encontrar a sua identidade principal em ser branco ou ser negro, ou em qualquer outro traço de cor étnico, é como se orgulhar de carregar uma luz de vela debaixo do céu sem nuvens ao meio dia. Velas têm seu lugar. Mas não para iluminar o dia. Então cor e etnia têm o seu lugar, mas não como a glória e maravilha principal da nossa identidade como seres humanos. A glória primária de quem nós somos é o que nos une em nossa humanidade semelhante a Deus, não o que nos diferencia em nossa própria afiliação étnica.

Essa é a mais fundamental razão pela qual programas de “treinamento de diversidade” normalmente dão um tiro no pé em sua tentativa de nutrir respeito mútuo entre grupos étnicos. Eles concentram maior atenção no que é comparativamente menor, e virtualmente nenhuma atenção no que é infinita e gloriosamente maior — nossa permanência singular sobre toda a criação como indivíduos criados à imagem de Deus.
Se os nossos filhos e filhas têm cem ovos, vamos ensiná-los a colocar noventa e nove ovos na cesta chamada “pessoa feita à imagem de Deus” e um ovo na cesta chamada “distinção étnica”.

4. A predição de uma maldição que Noé proclamou sobre alguns descendentes de Cam em Gênesis 9.25 é irrelevante na decisão de como a raça negra deve ser vista e tratada.
Ao longo dos séculos algumas pessoas tentaram provar que a raça negra está destinada a ser subserviente por causa das palavras de Noé sobre o seu filho Cam que foi o pai dos povos africanos. Observemos o próprio texto da Escritura, e então eu darei três razões de porque isso não determina como os povos da África devem ser vistos e tratados. Lembre-se que Noé tinha três filhos: Sem, Cam e Jafé.
Gênesis 9.21–25:

Bebendo do vinho, embriagou-se [Noé] e se pôs nu dentro de sua tenda. Cam, pai de Canaã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos. Então, Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem. Despertando Noé do seu vinho, soube o que lhe fizera o filho mais moço. Então disse: “Maldito seja [ou “será”] Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos”
.
Agora observe três coisas:

A Maldição de Noé Cai sobre Canaã
Primeiro, Noé toma essa ocasião do pecado de seu filho Cam e a usa para fazer uma predição sobre a prosperidade do filho mais novo de Cam, Canaã. Basicamente a predição é que os cananitas eventualmente seriam subjugados pelos descendentes de Sem e Jafé.

Ora, há muitas perguntas a se fazer aqui. Mas eu só tenho tempo para apontar algumas poucas relevantes ao nosso ponto principal. Cam tinha quatro filhos de acordo com Gênesis 10.6. “Os filhos de [eram] Cam: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã”. Ora, em termos gerais, Cuxe é provavelmente o ancestral dos povos da Etiópia; Mizraim é o ancestral dos egípcios; e Pute é o ancestral dos povos do norte da África, os líbios. Mas Canaã é o único dos quatro filhos que não é ancestral de povos africanos. Gênesis 10.15–18 cita os descendentes de Canaã: “Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete, e aos jebuseus, aos amorreus, aos girgaseus, aos heveus, aos arqueus, aos sineus, aos arvadeus, aos zemareus e aos hamateus”. Todos esses povos eram habitantes de Canaã e proximidades, não da África. E a predição de Noé se tornou verdade quando as nações cananitas foram expulsas pelos israelitas por causa de sua perversidade (Deuteronômio 9.4–5). Então a maldição não recai sobre os povos africanos, mas sobre os cananitas.

A Maldição de Noé Não Trata de Indivíduos
Segundo, a nação predita de Noé não dita como o povo de Deus deve tratar cananitas individuais. Por exemplo, cinco capítulos depois, em Gênesis 14.18, Abraão, descendente de Sete, encontra um cananita nativo chamado Melquisedeque, que era homem justo e “sacerdote do Deus Altíssimo”, e que abençoou Abraão. Abraão deu a ele o dízimo dos seus espólios. Então nem mesmo o fato de que Deus ordena julgamento sobre nações perversas dita a nós como devemos tratar indivíduos nas mesmas nações.

Deus Planeja Redenção para Todas as Nações
Terceiro, em Gênesis 12, Deus coloca em ação um grande plano de rendenção para todas as nações, para resgatá-las dessa e de qualquer outra maldição de pecado e julgamento. Ele chama a Abrão para todas as nações e faz uma aliança com ele e promete: Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra”. “Todas as famílias da terra” inclui as famílias cananitas.

Então o que vemos é que, com Abraão, Deus está colocando em ação um plano de redenção que derruba cada maldição sobre qualquer pessoa que recebe a bênção de Abraão, a saber, o perdão e a aceitação de Deus que vem através de Jesus Cristo, a semente de Abraão (Gálatas 3.13–14). O que nos leva para a quinta tese:

5. É propósito e ordem de Deus que façamos discípulos para Jesus Cristo de cada grupo étnico do mundo, sem distinção.
Mateus 28.18–20:

Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.

Fazei discípulos de “todas as nações” — isto é, de todo grupo étnico. É a mesma expressão de Atos 17.26, onde diz que Deus de um só criou “toda a raça humana” — todo grupo étnico. Assim como todos os grupos étnicos são criados à imagem de Deus, o objetivo de Deus é redimir pessoas de todo grupo étnico. O fato de sermos feitos à imagem de Deus não significa que somos salvos. Todos somos distorcidos pelo pecado. As singulares maneiras em que fomos criados para refletir a glória e o valor de Deus foram amplamente arruinadas. Então Deus enviou o seu Filho, Jesus, ao mundo para morrer por nós para que possamos crer nele e ser perdoados, limpos e restaurados, para que nos tornássemos troféus da sua graça.

6. Todos os crentes em Jesus Cristo, de todo grupo étnico, são unidos uns aos outros não apenas em uma simples humanidade à imagem de Deus, mas ainda mais, como irmãos e irmãs em Cristo e membros do mesmo corpo.
Romanos 12.4–5:

Assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros.

O corpo de Cristo tem uma mão negra, um pulso branco, um braço amarelo e um ombro vermelho. E o pulso branco não pode dizer para a mão negra: “Não preciso de você” (1 Coríntios 12.21). E o braço amarelo não pode dizer ao ombro vermelho: “Por eu não ser um ombro, não sou parte do corpo” (1 Coríntios 12.15).

Outra figura, além de um corpo, é uma família.
1 João 3.1:

Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus.

Em outras palavras, se a nossa identidade como indivíduos humanos criados à imagem de Deus é maior do que todas as diferenças étnicas (visto no ponto no. 3), então a nossa identidade como filhos de Deus renascidos é ainda maior do que todas as diferenças étnicas. Eu diria da seguinte maneira: A glória da nossa semelhança familiar em Cristo é muito maior do que as nossas diferenças étnicas, tanto quanto o oceano é maior do que um dedal.

Antes vimos uma grande verdade — de que somos mais unidos pela nossahumanidade do que separados pela nossa afiliação étnica. Mas essa é uma verdade ainda maior, que em Cristo temos unidade sobre unidade. No topo de uma comum pessoalidade humana à imagem de Deus, temos uma comum pessoalidade redimida à imagem de Cristo. E quão menos devemos ser divididos pelas nossas diferenças étnicas! “[Não há] grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos” (Colossenses 3.11).

7. A Bíblia proíbe casamento entre um crente e um incrédulo, mas não entre membros de diferentes grupos étnicos.
1 Coríntios 7.39:

A mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor.

“Somente no Senhor”. A Bíblia nos direciona claramente a não casar com incrédulos. Se já estamos casados com um incrédulo, devemos permanecer casados (1 Coríntios 7.12–13; 1 Pedro 3.1–6). Mas se estamos livres para casar, devemos casar apenas com aquele que compartilha da nossa lealdade a Jesus.

Esse era o ponto principal das advertências do Antigo quanto a casar com aqueles que pertenciam a nações pagãs. Por exemplo, Deuteronômio 7.3–4:

Nem contrairás matrimônio com os filhos dessas nações; não darás tuas filhas a seus filhos, nem tomarás suas filhas para teus filhos; pois elas fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do SENHOR se acenderia contra vós outros.

A questão não é mistura de cores, ou mistura de costumes, ou identidade do clã. A questão é: haverá uma lealdade comum ao Deus verdadeiro nesse casamento, ou haverá afeições divididas? A proibição na Palavra de Deus não é contra casamento inter-racial, mas contra casamento entre crente e incrédulo. Isso é exatamente o que esperaríamos se a grande base da nossa identidade não são as nossas diferenças étnicas, mas a nossa comum humanidade à imagem de Deus e a nossa nova humanidade à imagem de Cristo.

8. Portanto, contra o crescente espírito de indiferença, alienação e hostilidade no nosso país, nós abraçaremos a supremacia do amor de Deus para dar novos passos pessoal e coletivamente em direção à reconciliação racial, expressada visivelmente em nossa comunidade e em nossa igreja.
Que venhamos a banir cada pensamento de depreciação e falta de amor das nossas mentes.

Expulsemos de nossas bocas cada palavra ou tom de escárnio ou desdém.
Saiamos do nosso conforto para mostrar unidade pessoal e afetuosa com cristãos de todos os contextos étnicos.

Sejamos o sal e a luz da nossa hostil e assustadora sociedade com atos corajosos de bondade e respeito inter-raciais.

Resumindo, olhemos para Cristo e sejamos perdoados, limpos, curados e capacitados ao amor.

Por: John Piper   © 2014 Desiring God Foundation. Original: Racial Reconciliation.
John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens milhões de pessoas em todo o mundo. Ele exerce seu ministério pastoral na Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, MN, nos EUA desde 1980.



quarta-feira, 5 de novembro de 2014

HERESIAS QUE OS EVANGELICOS ACREDITAM E DEFENDEM



O material revela que muitos evangélicos americanos têm opiniões “heterodoxas” sobre a Trindade, a salvação, e outras doutrinas. Segundo os padrões dos conselhos mais importantes da Igreja primitiva, essas posturas seriam consideradas heréticas.A mais recente pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas LifeWay é intitulada “Americanos acreditam no céu, inferno e em algumas heresias”. Encomendada pela Ligonier Ministries e publicada ontem (28), recebeu destaque em vários sites de conteúdo evangélico. 

Os pesquisadores fizeram 43 perguntas sobre fé, abordando temas como pecado, salvação, Bíblia e vida após a morte. A pesquisa feita com 3 mil pessoas tem uma margem de erro de 1,8% e seu nível de confiança é de 95%. As principais conclusões do estudo são que embora a imensa maioria – 90% dos evangélicos e 75% dos católicos – acredite que o céu é um lugar real, cerca de 19% dos evangélicos (67% dos católicos) acreditam que existem outros caminhos para chegar lá que não seja através da fé em Jesus.

Por outro lado, 55% dos evangélicos dizem que o inferno é um lugar real, contra 66% dos católicos. Na média, os americanos não parecem muito preocupados com o pecado ou em irem para o inferno depois de morrer. Dois terços (67%) dizem que a maioria das pessoas são basicamente boas, apesar de todos os seus pecados. Apenas 18% acredita que até mesmo pequenos pecados podem resultar em condenação eterna, enquanto pouco mais da metade (55%) dizem que Deus tem “um lado irado”.

A importância desse tipo de levantamento é a grande influência que a igreja americana tem sobre a maioria das igrejas do mundo ocidental. Segundo Stephen Nichols, diretor acadêmico da Ligonier, os dados mostram “um nível significativo de confusão teológica”. Muitos evangélicos não têm visões em harmonia com a Bíblia sobre Deus ou os seres humanos, especialmente em questões de salvação e do Espírito Santo, acrescentou.

Alguns pontos têm variação expressiva dependendo da tradição teológica a que a pessoa entrevistada pertence. Porém, em algumas questões os resultados surpreendem. Em alguns casos, o problema parece ser mais a falta de informação. Menos da metade (48%) acredita que a Bíblia é a Palavra de Deus, sendo que 50% dos evangélicos e 49% dos católicos dizem que ela é “útil, mas não uma verdade literal”.

Ao mesmo tempo, por exemplo, apenas 6% dos evangélicos acham que o “Livro de Mórmon” é uma revelação de Deus, enquanto outros 18% “não tem certeza e acham que pode ser”. Possivelmente desconhecem que os mórmons são uma seita e que, para eles, Jesus e o Diabo são irmãos, filhos do Deus-pai, que vive em outro planeta.
Perguntados sobre a natureza de Jesus, um terço (31%) disse que Deus, o Pai é mais divino do que Jesus, enquanto 9% não tinham certeza. Além disso, 27% dizem que Jesus foi a primeira criação de Deus, e outros 11% não tinham certeza.

No segundo e terceiro século, proeminentes teólogos e líderes da igreja debateram por muito tempo sobre a natureza. O concílio ecumênico da Igreja em Nicéia, no ano 325, e o concílio ecumênico de Constantinopla, em 381 declararam sua rejeição a qualquer ensinamento que defendia que Jesus não era um com o pai, da mesma substância. Logo, tratar Jesus como um ser criado e menor que Deus-Pai não é um ensinamento cristão, embora permaneça sendo ensinado por seitas como os mórmons e os Testemunhas de Jeová.

Na mesma época, concílios ecumêmicos também esclareceram que a Trindade era composta por Pai, Filho e Espírito Santo, sem diferença de essência ou hierarquia entre eles. Quando questionados sobre a pessoa do Espírito Santo, os evangélicos de 2014 revelam posturas ainda problemáticas. Mais da metade (58%) disse que o Espírito Santo é uma força, não uma pessoa. Enquando 7% disse não ter certeza. Sobre o Espírito Santo ser menos divino do que Deus Pai e Jesus, 18% concordaram e o mesmo percentual respondeu “não sei”. Já dois terços dos católicos (75%) responderam acreditar que o Espírito Santo é apenas uma “força divina”.

A natureza humana e a salvação são outras áreas que mostram confusão nas respostas. Dois em cada três evangélicos (71%) dizem que uma pessoa será salva se buscar a Deus primeiro, e depois Deus responde com sua graça. Uma percentagem semelhante (67%) disse que as pessoas têm a capacidade de se converter a Deus apenas por sua própria iniciativa. Ao mesmo tempo, mais da metade (56%) disse que as pessoas têm de contribuir para a sua própria salvação.


Essa parece ser a questão que ainda suscita mais debate. A tradição mais comum entre católicos romanos, ortodoxos e aguns ramos protestantes defende que os seres humanos cooperam com a graça de Deus na salvação. O ensinamento cristão histórico em todos os ramos é que qualquer ação por parte do homem será apenas uma resposta à obra do Espírito de Deus.
Ao serem perguntados sobre a igreja local, 52% acreditam que não há necessidade de pertenceram a uma igreja, pois buscar a Deus sozinho tem o mesmo valor que a adoração comunitária. Ao mesmo tempo, 56% disseram crer que o sermão do pastor não tem “qualquer autoridade” sobre eles. Quarenta e cinco por cento dos entrevistados acredita que tem o direito de interpretar as Escrituras como quiserem.

Teólogos comentam
A revista Christianity Today consultou teólogos sobre os resultados da pesquisa. Para Nichols, a Ligonier apenas está verificando o que muitos pastores já sabem: as pessoas não conhecem sua fé a fundo.

Timothy Larsen, professor do pensamento cristão no Wheaton College, afirma que isso só poderá ser revertido com mais discipulado bíblico. John Stackhouse, professor de teologia no Regent College, em Vancouver, é enfático: “Um sermão no domingo e um estudo bíblico simples durante a semana não é suficiente para informar e transformar a mente das pessoas para seguirem a teologia cristã ortodoxa.”

Ele acredita que é preciso mais empenho dos que pregam para deixar claro o que a Bíblia ensina sobre essas questões-chaves. Opinião parecida tem Beth Felker Jones, professora de Teologia no Wheaton College: “Os líderes da Igreja precisam ser capazes de ensinar a verdade da fé com clareza e precisão, e nós precisamos ser capazes de mostrar às pessoas por que isso é importante para as nossas vidas.”

Howard Snyder, ex-professor de em vários seminários conhecidos, enfatiza que a doutrina da Trindade não é um “conceito teológico abstrato, mas uma verdade cristã fundamental que nos informa sobre o Deus que adoramos, que somos como seres humanos, e toda a criação”.
Na análise do diretor da LifeWay, Ed Stetzer, o evangélico médio “gosta de acreditar em um tipo de Deus quase cristão, com doutrinas incompletas”.



Disponível em: http://renatovargens.blogspot.com.br/2014/11/heresias-que-os-evangelicos-acreditam-e.htmlAcesso em: 05/11/2014

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A ORAÇÃO QUE AGRADA A DEUS



“porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.”
– Lucas 18.14b

Se o Evangelho de Lucas é direcionado aos gentios para provar que o Senhor Jesus é o Filho do Homem, o Homem Perfeito, o Divino Filho de Deus encarnado que veio buscar e salvar os perdidos, o texto que vamos tomar como base para nossa reflexão, que está em Lucas 18.9-14, e seu contexto, na verdade, vai até o versículo 17 deste capítulo, trata da oração como a comunicação vital [1] com Deus nestes nossos tempos perigosos até o estabelecimento do Reino de Deus com a vinda desse Filho do Homem.

Todavia, qual é o ingrediente essencial para que possamos fazer parte desse Reino? Quais as qualidades que devemos ter diante de Deus para tal? Como comportarmos e como praticarmos esta comunicação vital?

Se para engajar-nos nessa comunicação temos que envolver nossas orações, então, como é que devemos orar? O texto fala que dois homens fizeram suas orações, mas cada um orou do seu jeito. Quem são esses homens? Qual dos dois agradou a Deus com suas orações? Ou será que todos eles agradaram a Deus? Qual é a oração que agrada a Deus?

1.      A oração que agrada a Deus não deve envolver a nossa própria autoconfiança em nós mesmos, nem a prática da justiça por nossas próprias mãos, e nem o nosso desprezo para com os outros.

“Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros.” – Lucas 18.9

Na passagem de Lucas 18.1-17, Jesus passa de uma primeira parábola que fala da importância da oração (v. 1-8) para uma segunda parábola que fala sobre como devemos orar (v. 9-14). Lucas começa dizendo-nos por que Jesus está relacionando estas duas parábolas.

Esse texto é estratégico porque fica quase no meio dos seus contextos remotos posteriores e anteriores, ou seja, Lucas 17.20 e Lucas 18.31, respectivamente, interligando-o, como um todo, e complementando os argumentos da pergunta disputada pelos fariseus: “Quando virá o Reino de Deus?”.

É por causa dessa pergunta, e é aí nesse versículo 20 dessa perícope, que toda esta questão se inicia, ocasião esta que nos proporciona um grande ensinamento sobre como devemos orar e como devemos nos portar na esperança da vinda do Filho do Homem.

Assim, logo no início de Lucas 17.20ss, os fariseus perguntam a Jesus sobre a vinda do Reino de Deus. O Senhor Jesus responde que esse dia não virá com sinais visíveis, mas que este Reino já estava no meio deles por causa dEle. Mesmo assim, haverá um dia, no futuro, em que essa vinda do Filho do Homem acontecerá como um raio, um dilúvio, ou seja, quando menos esperarmos.

Em Lucas 18.1-8, o texto nos ensina que, por isso mesmo, é que devemos continuar orando, persistentemente, e nunca esmorecer.

Embora o texto de Lucas 18.15-17 não mencione exatamente quando este fato ali narrado tenha acontecido, o mesmo faz uma conexão tópica neste incidente com as crianças como uma parábola viva das verdades que ele acaba de descrever. [2]

Se uma parábola ilustra um fato para sua melhor compreensão, este fato citado em Lucas 18.15-17 ilustra a parábola do fariseu e o publicano. Ou seja, que devemos receber o Reino de Deus como uma criança; com as qualidades de uma criança, tais como (1) confiança –  no sentido de simplicidade, ingenuidade, que não tem desconfiança; (2) impotência – no sentido de fragilidade, que não tem defesa; e (3) docilidade – ou seja, acessibilidade a todo ensinamento, que não tem resistências.

Em Lucas 18.18-30, Jesus alerta sobre alguns perigos que podem nos impedir de herdar o Reino de Deus, como as riquezas, por exemplo.

Enfim, Lucas 18.31-34, conclui que a respeito desta questão da vinda do Reino de Deus, o Filho do Homem terá que morrer, depois, ressuscitar, e, igualmente, preparar um lugar junto ao Pai para os Seus escolhidos, os que foram justificados nEle.

No entanto, enquanto isso, enquanto o Filho do Homem não vem, enquanto a vinda do Reino de Deus não se estabelece, temos que nos empenhar incessantemente num destes processos vitais de comunicação com Deus que é a nossa perseverança na oração.

O versículo 10 do capítulo 18 do Evangelho de Lucas diz que dois homens, um fariseu e, outro, publicano, tinham o hábito de orar no templo. Só que eles agiam bem diferentes, no espírito e propósito de suas orações.

Os fariseus eram a elite espiritual daquela época. Eles eram a elite religiosa, como muitos dos que se dizem crentes ainda hoje. Eles mantinham a autoridade das Escrituras. Eles acreditavam no sobrenatural e na ressurreição.

A palavra “fariseu” vem do hebraico “parash”, e significa "separar". Eles tinham se separado dos gentios e da forma helenística de vida. Tinham por hábito fazer justiça a seu modo. Eles se viam como o último bastião da moralidade.

Já os publicanos eram os coletores de impostos. Como acontece ainda hoje, os cobradores de impostos eram vistos com desprezo. Eles eram homens que pagavam o governo romano para comprar uma franquia para poderem recolher os impostos do povo. Assim, mantinham seus lucros sobrecarregando as pessoas por meio dos impostos que cobravam.

Os publicanos eram considerados os párias da sociedade. Sua presença nas sinagogas não era permitida. Eram tratados com desdém pelos fariseus. Em Lucas 15.1,2 Jesus foi criticado pelos fariseus porque comia com publicanos e pecadores.

Em sua oração, o fariseu agradeceu a Deus porque não era igual aos outros homens, muito menos àquele publicano, que também orava ali à sua frente. O fariseu recitou todas as suas obras meritórias. Por sua vez, o publicano rogou, contrito, pedindo misericórdia, como um pecador.

Alguma semelhança com os nossos dias?

Até que ponto nós podemos considerar-nos melhores do que os outros, principalmente dos menos favorecidos em quaisquer circunstâncias? Só porque somos crentes ou temos um cargo importante na Igreja? Ou porque somos membros mais antigos? Só porque temos o que consideramos um bom emprego ou temos um cargo importante em alguma empresa de prestígio?

Devemos ter cuidado para não cairmos nessas armadilhas.

2.      A oração que agrada a Deus não deve envolver nenhum excesso de auto-estima da nossa parte, nenhum tipo de vaidade, orgulho, arrogância ou prepotência.

“O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.”Lucas 18.11,12

Será que Deus é obrigado a ouvir tantas peripécias, tantas baboseiras, que ainda acontecem nos dias de hoje no meio da Igreja? Será que Deus é obrigado a rebaixar-Se diante daquilo que pensamos ser, e ter, para que Ele possa conceder-nos aquilo que pretensamente queremos e pedimos?

Será que Deus tem que me abençoar porque eu cumpro tudo direitinho, porque faço tudo o que é preciso, conforme a lei manda? Porque eu sou o cara? Mas será que sou mesmo esse cara diante de Deus?

A nossa oração não deve ser um toma-lá-dá-cá diante de Deus, nem um “negócio” com Ele. Deus não é o meu servo, o meu empregado, ou o meu escravo que trago comigo como um cachorrinho, puxando-O numa cordinha amarrada ao pescoço dEle para satisfazer os meus desejos ou exibi-lO àqueles que ainda não O alcançaram. Também não é por nossos próprios méritos que Deus nos concede a Sua graça.

Isso não é uma oração. Isso é uma antioração que poderá gerar sérios prejuízos à nossa fé.

Deus já sabe tudo sobre nós. Nós temos apenas é que saber colocar-nos diante dEle, pedir, condizente e condignamente, com a nossa própria boca, para que Ele possa nos ajudar. Nós temos é que fazer a nossa parte direitinho para que Ele também possa atender-nos direitinho.

Orar não é tecer diante de Deus um rol daquilo que pensamos ser ou ter. Por mais que tenhamos ou somos, não temos e não somos nada diante dEle. Cumprimos apenas com a nossa obrigação de sermos gratos a Ele por tudo. Somos servos inúteis, incapazes de avançarmos um palmo à frente do nosso nariz, se não tivermos a permissão de Deus.

 Tiago 4.1-4 diz que não temos nada porque não pedimos; e se pedimos, não recebemos, porque pedimos mal.

3.      A oração que agrada a Deus deve envolver a humildade e o reconhecimento sincero da nossa posição de necessitado e pecador que depende única e exclusivamente de Deus.

“O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” – Lucas 18.13

O livro de Joel Beeke “João Calvino: Amor à devoção, doutrina e glória de Deus” [3] diz que Calvino defendia que a oração não podia ser realizada sem disciplina. Ele escreveu: “Se não fixarmos certas horas do dia para a oração, ela escapará facilmente de nossa memória”.

Calvino prescreveu várias regras para orientar os crentes a oferecerem oração fervorosa e eficaz.
§  a primeira é um senso sincero de reverência.
§  a segunda regra é um senso sincero de necessidade e arrependimento.
§  a terceira regra é um senso sincero de humildade e confiança em Deus.
§  a regra final é ter um senso sincero de esperança confiante.

Enquanto o fariseu orava de si para si mesmo, confiante em si mesmo, nele não havia nenhuma humildade. Ele estava cheio de orgulho. Ele baseava na sua própria justiça. Ao pensar que com suas próprias palavras estivesse adorando a Deus, na verdade, ele estava adorando a si mesmo.

Já o publicano tinha uma postura diferente. Ele não se dispunha nem mesmo a levantar os olhos para o céu. Era um coração cheio de tristeza e arrependimento. Sua oração era diferente. Sua oração era de arrependimento. As palavras da sua oração eram significativas: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!”

Nos dizeres de Stevenson, [4] a oração do publicano era curta e direta como numa mensagem de telegrama: Sê misericordioso. Assinado: O Pecador. Enquanto o fariseu baseava na sua própria justiça, o publicano olhava para a justiça de Deus.

4.      A oração que agrada a Deus salva os pecadores, quebranta os corações e exalta os que se humilham.

Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.” – Lucas 18.14

A Bíblia está recheada de pessoas que persistentemente oravam. Incansavelmente, prostravam-se diante de Deus a ponto de pensarem mal delas por causa do seu jeito de orar. Mas, no final, elas conseguiam os seus resultados. Deus ouvia o pedido delas.

O próprio Senhor Jesus orava persistentemente. Na Sua agonia, antes de ser traído e preso para ser levado à morte, mesmo ciente do Seu papel, humildemente, Ele orava a Deus-Pai intensamente enquanto Lhe aparecia um anjo que Lhe confortava (Lucas 22.39-46).

Diferentemente, enquanto o Senhor Jesus persistia em Suas orações, os Seus discípulos, que foram convidados a orar com Ele, dormiam (Mateus 26.38-41).

Quantas vezes nós não trocamos esses momentos tão decisivos para nossas vidas e tão importantes para o nosso fortalecimento espiritual  –  e também para o nosso conforto, até mesmo material –, por outros momentos que pensamos ser mais cômodos para a nossa auto-estima? Para o nosso bel-prazer? Ou até mesmo para dormirmos, literalmente?

Será que estamos vigiando e orando realmente? Ou invertendo os termos, orando, somente depois do malfeito, sem vigiarmos, primeiro? Será que não estamos alimentando as nossas próprias tentações?

A oração silenciosa de Ana, mãe de Samuel (1 Samuel 1.9-18), agradou tanto a Deus que ela foi atendida.

A oração do publicano agradou a Deus, e não a do fariseu. Enquanto o fariseu confiava nos seus próprios méritos, não entendendo que nenhuma justiça humana é suficiente diante de um Deus que exige perfeição (Mateus 5.48), o publicano confiou na graça de Deus, e a encontrou. Foi justificado. Foi perdoado o seu pecado.

É certo que Deus ainda ouve as nossas orações como ouvia no passado. A oração tem poder, desde que seja feita conforme o ensino bíblico. O próprio Senhor Jesus dá-nos o modelo de oração perfeita (Lucas 11.1-4). Mas devemos estar em condições para poder pedir a Deus (Isaías 1.15,16; Mateus 21.22).

E quanto a nós, você, e eu, será que as nossas orações têm agradado a Deus? Será que a nossa humildade tem sido verdadeiramente sincera? Será que temos nos entregado com toda sinceridade ao Senhor? Será que estamos colocando nossos pedidos, ou mesmo a nossa gratidão, diante do altar do Senhor com fervente oração?   

Concluindo, veja o que dizem alguns versos de um cântico antigo, e lindo, que ainda fala muito forte aos nossos corações:
        
Em fervente oração, vem o teu coração
Na presença de Deus derramar
Mas não podes fruir o que estás a pedir
Sem que tudo abandones no altar
Se orares, então, sem que o teu coração
Goze a paz que o Senhor pode dar
É que Deus não sentiu que tu'alma se abriu
Tudo, tudo deixando no altar


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NOTAS

[1] Porto, Carlos Osvaldo Cardoso. O Argumento de Lucas. In: Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008. p. 141
[2] Stevenson, John. Prayer, Pride and People of the Kingdom Luke 18.18-43. In: Bible Study Page. Disponível em http://www.angelfire.com/nt/theology/lk18-01.html Acesso em: 23/08/2012
[3] Beeke, Joel. As Quatro Regras de Oração de João Calvino.
[4] Stevenson, John. op. cit.