sábado, 30 de janeiro de 2010

ATÉ O FUNDO

“Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente” – 1Coríntios 12:27,31

SE QUISERMOS empreender alguma tarefa que se destina a uma ampla e fidedigna exposição de acordo com os eventos acontecidos, e que sejam igualmente postos ao domínio público por tempo indeterminado, temos que ir até o fundo nas indagações, nas fontes, até as raízes dos fatos, às suas origens, falando com as pessoas ou manuseando os documentos diretamente envolvidos, e até mesmo considerar as testemunhas oculares, para, depois de acurada investigação, estarmos prontos para finalizarmos e divulgarmos o tão planejado empreendimento. Ou seja, temos que ser ousados, além de estarmos munidos de todos os dados e, diretamente da fonte, discorrermos com plena autoridade e persuasão. Todos temos as nossas responsabilidades por tudo aquilo que nos dispomos a empreender. Ninguém vive neste mundo isoladamente, apenas e tão somente por viver, como se as repercussões de nossos atos, quaisquer que sejam, não respingassem em quem está a nosso lado, não importam as distâncias; como se caíssemos de paraquedas, e estivéssemos perdidos em algum lugar deste planeta, falando coisas sem sentido, inventando histórias, e, gananciosamnete, enganando os outros por causa de dinheiro ou outros fins estranhos, fantásticos ou mirabolantes. Em qualquer segmento da nossa sociedade, político, religioso ou não, dentre outros, sempre existem aqueles que se julgam espertos, e acham que devem levar vantagem em tudo, e em cima de todos, com suas teorias esdrúxulas ou até mesmo tacanhas, levianas e inconsistentes, sem ética e sem nenhum fundamento que se preze. Agem sem nenhum zelo por aquilo que se lhe incumbiu desempenhar. O importante é que ainda restam algumas pessoas que não caem em conversa fiada, que não pactuam com estelionatários, e que não são tão simplórias assim, para se deixarem ser enganadas, e levarem gato por lebre. Temos que estar atentos, e inquirirmos, indo até a fonte para não sermos ludibriados, inclusive quando se trata dos ensinos cristãos, do ouvir e da ministração da Palavra de Deus, posto que muitos dedicaram totalmente a sua própria vida por esta Verdade para que ela seja fielmente anunciada conforme aquilo que eles viram e ouviram.E o que eles viram e ouviram - e até sofreram na própria pele as consequências desta opção de fé - não foram vãs filosofias, sonhos, revelações misteriosas, nenhuma história banal, falaciosa, sem sentido, como as que se ouvem nos botequins por aí, aos pés do balcão desta vida - e, muitas vezes, nos púlpitos e palanques públicos -, mas fatos que ainda se cumprem, a realidade de uma genuína Mensagem que nos faz nascer de novo para uma vida inteiramente transformada, voltada para o bem, sem transgressões. Ou seja, todo um gozo que nos satisfaz por meio de um irreversível sabor operado por uma ação das boas-novas da salvação, já que a Palavra de Deus é a espada do Espírito, o capacete da salvação, o escudo da fé capaz de livrar-nos de todas as setas do Maligno. Ou seja, a armadura espiritual do cristão. “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” Como crentes cristãos, mesmo reconhecendo que dentro da nossa própria comunidade possa haver um perverso coração de incredulidade, de insensatez ou de imperícia, devemos guardar, não apenas a nossa própria perseverança nesta nossa opção de fé, mas igualmente devemos encorajar uns aos outros para que sigamos em frente sem nenhum desvio de conduta, posto que Cristo pode salvar totalmente os que por Ele se cheguem a Deus. “O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com Seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos para que o vosso gozo se cumpra.”

Diferentemente de Lucas que, dentre os evangelistas, é o único que afirma expressamente que não pertence ao rol daqueles que conheceram pessoalmente a nosso Senhor Jesus, mas que se informou de tudo desde o princípio para que possamos conhecer a certeza das coisas do Seu ministério, o apóstolo João é uma das testemunhas escolhidas que viram, ouviram e tocaram nAquele que existe desde o princípio - o Filho de Deus, cuja eterna comunhão com o Pai agora é estendida a outros por meio da proclamação apostólica, contra quaisquer outras especulações ou tergiversações. Duas práticas, dois testemunhos que miram num mesmo alvo que se estende até nós e nos possibilita o livre acesso à Palavra com vistas a dar-nos bases sólidas à nossa fé, já que esta não se baseia em nenhum compêndio técnico de provas irrefutáveis que demonstram que Jesus é o Senhor nem pode ser trocada por crendices, fanatismos e outros shows mirabolantes ou similares, como numa banca de negócios, tampouco poderá ser uma simples opção assumida por indoutos que não têm nenhum zelo pelas coisas do alto e que agem bem longe dos reais motivos que fundamentam a sua adesão a Cristo sem antes terem-se envolvidos de uma maneira toda especial por uma confiança e aceitação completa da Pessoa e obra de Cristo como base de um relacionamento íntimo com Deus numa eficaz operação do Santo Espírito. São dois perfis de um trabalho divinamente inspirado e dois belos exemplares de como a revelação da Palavra pode alcançar-nos, pelo menos àqueles que creem, posto que a fé, que deve vir pelo ouvir perseverantemente esta Palavra revelada, também implica em considerarmos a devida paciência para podermos mergulhar atentamente nas promessas que Deus tem para cada um de nós, porém, ainda não concedidas, já que, para o presente, somente a fé pode enxergar o futuro, na medida em que ela se alimenta destas promessas de Deus. Se no testemunho do profeta Habacuque o justo viverá por sua fé, esta não pode separar-se da paciência mais do que poderia separar-se de si mesma, nos dizeres de Calvino, que, segundo ele, a paciência sempre está relacionada com a fé, e, literalmente, diz que jamais alcançaremos a meta da salvação, a menos que nos munamos de paciência, posto que a fé nos conduz para as coisas distantes que ainda não alcançamos. Daí, completa, faz-se necessário que a fé inclua a paciência. Portanto, devemos planejar os nossos objetivos, preparar-nos para alcançá-los, e, ao mesmo tempo em que o que se espera não se vê, a fé não deixa de ser a substância, o arrimo ou o fundamento sobre o qual firmamos nossos pés, ainda segundo Calvino, que nos ensina igualmente que não devemos exercer fé em Deus com base nas coisas presentes, mas, sim, com base na expectativa de coisas ainda vindouras. Falando sobre provas e tentações, Tiago também ressalta que a prova da nossa fé é a paciência que, por sua vez, na opinião do apóstolo Paulo, produz a experiência e, esta, a esperança que não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado; e que nos gloriemos na esperança da glória de Deus porque em esperança fomos salvos. “Ora, a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos.” E os especialistas ainda complementam este pensamento do apóstolo, e afirmam que esta esperança é a certeza de que receberemos algo que ainda não está sendo plenamente experimentado, o que é diferente da incerteza, assim como também esta esperança não será frustrada; ela é garantida aqui e gora pelo amor de Deus que o Santo Espírito derrama em nossos corações, se é que cremos nisso. Igualmente, esta experiência confirma a nossa confiança de que a glória pela qual esperamos nos pertencerá algum dia.

Assim como os discípulos de Jesus não deixavam de falar daquilo que tinham visto e ouvido - eles não transgrediam sua fé nem sob quaisquer ameaças que em geral não paravam apenas nas ameaças, mas na perda da própria vida -, ainda hoje todos nós que também nos identificamos como crentes em Cristo igualmente deveríamos mirar-nos nestes mesmos exemplos de fé e não agirmos muitas vezes como incrédulos, debandando-nos por qualquer coisa ou recaída, lamentando por aí, sem o devido temor a Deus quando as coisas desta vida não acontecem do jeito que a gente quer ou por não entendermos qualquer outra derrocada que possa incidir sobre nossas cabeças, esquecendo-nos de que o comando de tudo está nas mãos dEle que é o Soberano Senhor absoluto sobre tudo o que existe acima e abaixo de nossos pés; nos céus e na terra, encima e embaixo deles. A Palavra de Deus diz que o temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e que somente os loucos é que desprezam esta sabedoria e o ensino, assim como bom entendimento têm os que cumprem os Seus mandamentos, já que o Seu louvor permanece para sempre. Os estudiosos nos lembram que a falta de temor a Deus é a raiz de todos os males, como identifica o próprio salmista, e que este temor de Deus, que se origina na fé, é uma resposta especial às revelações divinas, o respeito reverente que reconhece total dependência dEle. Ainda comentam que, na ausência desta reverência, surge um tipo diferente de temor do SENHOR, que é o pavor. O salmista Davi ao falar da benignidade de Deus, em contraste, apresenta o quadro de uma pessoa perversa, e ora pedindo o seu livramento, na certeza, mediante a fé, da queda destes perversos. “Quão preciosa é, ó Deus, a Tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra das Tuas asas. Eles se fartarão da gordura da Tua casa, e os farás beber da corrente das Tuas delícias; porque em Ti está o manancial da vida; na Tua luz veremos a luz. Não venha sobre mim o pé dos soberbos, e não me mova a mão dos ímpios. Ali caem os que praticam a iniquidade; cairão, e não se poderão levantar.” Que, sinceramente, possamos distinguir estes contrastes diante de tanta malícia e arrogância dos ímpios, e vermos que Deus realmente salva os retos e quebrantados de coração ainda hoje em nossos dias. Quando o Senhor Jesus deu início à Sua vida pública, pregando em Nazaré, Sua cidadezinha natal, num sábado - como era de costume -, Ele já realizava um intensivo trabalho, e Sua fama já corria por todas as terras em derredor. Ele ensinava em Suas sinagogas, e por todos era louvado. Nesse dia, em Nazaré, quando, pela virtude do Espírito, voltou para a Galiléia, Jesus leu um trecho do livro do profeta Isaías, anunciando o programa do Seu ministério, que dizia: “O Espírito do Senhor é sobre Mim, pois que Me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-Me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.” E, fechando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-Se. A Bíblia diz que os olhos de todos na sinagoga estavam voltados para Jesus. Os historiadores dizem que, naquele tempo, quem se sentava para instruir os outros era considerado um mestre. Aplicando esta profecia para Si mesmo, o Senhor Jesus explicou, assim, a Sua mudança de vida desde quando havia deixado Sua casa para receber o batismo de João, para espanto da parte daqueles que eram Seus próprios conterrâneos. Jesus havia sido criado entre eles. E hoje, para cada um de nós, quem é este Jesus que nos foi enviado para trazer as boas-novas aos pobres, para curar os corações quebrantados, para dar liberdade aos presos, e oprimidos, para restaurar a vista dos cegos? Quem é este Jesus para mim? Quem é este Jesus para você? Quem é este Jesus para todas as nações deste mundo espiritualmente cego, doente e escravizado por suas próprias mesquinharias? Será que este Jesus ainda é motivo de espanto, de pavor, de escárnio ou rejeição quando entre nós é mencionado o Seu nome? Até que ponto tem-nos despertado o cuidado de uns para com os outros, como membros de um mesmo corpo, no sentido de que devemos anunciar que todos somos um neste mesmo Jesus que, segundo a própria Palavra de Deus, tornou-Se o nosso Mestre, e que é para Ele que os nossos olhos devem estar voltados, e não para nenhum outro? É mesmo neste Jesus que está a nossa liberdade, a nossa vitória, a nossa esperança, e expectativas de uma nova vida transformada por meio deste mesmo Espírito que esteve sobre este mesmo Jesus, e que em cada um de nós também pode operar maravilhas, porquanto ainda hoje se cumprem estas mesmas Escrituras? Até que ponto temos a sensibilidade de vermos que em cada ato deste mesmo Jesus há sempre oportunidades de aprendermos alguma coisa? Que os ensinos deste nosso Mestre nos sirvam de reflexão para uma possível revisão de vida, de atitudes e de conceitos dentro de nós, e assim como Ele cresceu em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens, que nós, que nos consideramos crentes em Cristo, também possamos crescer em desenvolvimento intelectual, social e espiritual, e oferecer-Lhe os nossos melhores dons, ou seja, o nosso amor fraternal, para o benefício do Seu povo que, do mesmo modo, deve crescer como um corpo íntegro, são e santo para louvor, honra e glória do Seu nome e, assim, pela graça, podermos constatar a realidade da Sua salvação dia após dia dentro de nós.

REFLEXÃO DE HOJE
“Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis. E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo. E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários; e os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são menos decorosos damos muito mais honra. Porque os que em nós são mais nobres não têm necessidade disso, mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela; para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijem com ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente.” – 1Coríntios 12:12-14,18-27,31

LEITURAS DE HOJE
Salmo 36; Amós 3:1-8
1Coríntios 12:12-31; Lucas 4:14-21

NOTAS
[1] Lucas 1:1-4; Efésios 6:15-17; Hebreus 4:12; 12:15-17; 7:25; 10:24,25; 13:22; 1João 1:1-4; João 1:1; Gênesis 1:1
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1466, 1509
[2] Hebreus 11:1,2,6; Habacuque 2:4; Tiago 1:3; Romanos 5:3-5; 8:17-25
ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra. Ano C. Trad. por Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: AM Edições, 1996. p. 231-236
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1477, 1325
CALVINO, JOÃO. Comentário à Sagrada Escritura. Exposição de Hebreus. 1ª ed. em português. Trad. por Valter Graciano Martins. São Paulo: Edições Paracletos,1997. p. 295-308
[3] Atos 4:20; Amós 3:3,8; Salmo 36:1; Provérbios 1:7; 9:10; Salmo 111:10; Salmo 36:5,7-9,10, 1-4,12; Lucas 4:14-21; Isaías 61:1,2; 58:6;Lucas 1:51-53; Salmo 9:18; Lucas 2:52
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 637, 1187, 1185
M´CAW, Leslie S. Os Salmos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 1. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 529.Reimpressão
MACLEOD, A. J. O Evangelho Segundo São Lucas: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1034. Reimpressão

ESPERANÇA NOSSA

“(...) assim como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus. Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria” – Salmo 68:2,3

QUEM É QUE não gosta de festas? Obviamente que há festas e festas, ou seja, há festas de todos os tipos e para todos os gostos ou finalidades. Mas uma coisa é certa, há muita alegria, de um jeito ou de outro, e até mesmo muita gente, muita agitação, muita comida e bebida; tudo de acordo com seus convidados e promotores, tudo de acordo com o que essas ocasiões oferecem, além de se levar em consideração suas repercussões e outras decorrências. E as festas de casamento, então!... os noivos, os convidados, todo aquele cerimonial, aquela pompa, e um bom vinho, é claro!... tudo em consideração ao mais sublime amor que une duas pessoas, maritalmente falando, ou seja, o amor entre um homem e uma mulher, agora casados. Pena que, mesmo instituído por Deus, o casamento, muitas vezes, é acometido por situações que o desgasta, por traições, falta de experiência, de amadurecimento, por dificuldades de lidar ou de manter uma fidelidade entre as partes ou pela ilusão de achar que do lado de lá sempre é bem melhor ou que este amor dantes tão efusivo, agora já não é tanto assim, como se o amor - o verdadeiro amor - pudesse acabar um dia qualquer e que esse amor jamais estivera nos planos de Deus para nossa vida. É verdade tudo isso? O amor pode um dia acabar? Sem falar do amor de Deus para com o Seu povo, esse amor conjugal é tão levado a sério por Deus que para descrever o Seu imenso amor pelo povo de Israel o SENHOR nosso Deus, pela boca do profeta Isaías, compara Jerusalém como uma esposa chamada de a “Desamparada”, a “Assolada”, mas que, “todavia, o número dos filhos de Israel será como a areia do mar, que não pode medir-se nem contar-se; e acontecerá que no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois Meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo”, numa clara alusão à restauração dos abandonados e cumprimento da antiga promessa patriarcal de inúmeros descendentes, cujo cumprimento desta restauração, segundo os especialistas, pelo menos em parte, deu-se quando os remanescentes do Norte juntaram-se ao Sul, no governo de Ezequias, e depois do exílio. Afirmam também que quanto a esse objetivo final não há nenhuma dúvida, posto que mais uma vez é exposta a decisão do Servo de prolongar o Seu ministério até ser atingido o alvo desejado desta restauração de Israel, assegurando, assim, a salvação deste povo, embora rebelde, infiel e idólatra. Ainda assim, esta nação será governada com justiça e coroada com o favor visível de Deus. “(...) chamar-te-ão: ‘O Meu prazer está nela’, e à tua terra: ‘A casada’; porque o SENHOR Se agrada de ti, e a tua terra se casará. Porque, como o jovem se casa com a virgem, assim teus filhos se casarão contigo; e como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus.”

Deus não Se comporta como os maridos, quando são traídos por suas mulheres. Estes não as acolhem de novo em sua casa nem as recebem de volta em seus braços nem as querem ver outra vez; jamais. Tudo se desmorona daí para frente. Quantos casamentos são destruídos quando um dos cônjuges adquire algum problema no que se refere à sua saúde física, mental ou moral; quando se envereda por outros caminhos, pelo mundo dos vícios, das drogas, do alcoolismo, e tantas outras dificuldades difíceis de serem sanadas, tais como o desemprego ou a infidelidade, por exemplo! A pessoa é jogada às traças, e lá se vão aqueles tão almejados sonhos e metas de felicidade a dois. O amor era tão lindo, e, de repente, transformou-se num inferno, em ódio por todos os lados, e para sempre. Isso será mesmo amor? Os israelitas, ao voltarem do exílio, ao encontrarem Jerusalém reduzida a ruínas, pensavam que Deus os rejeitara para sempre, já que antes era como uma princesa entre as províncias, e grande entre as nações, mas que se tornou como viúva, humilhada, por causa da sua infidelidade, da sua desobediência e rebeldia, como se oferecesse suas graças a muitos amantes - os outros deuses assírios e babilônios. Pensavam que nada mais poderiam fazer diante de tanto desânimo. Mas o amor de Deus não é como o amor dos homens. Não é inconstante, que age segundo as conveniências ou circunstâncias, que perde o seu entusiasmo tão facilmente, que não nos dá nenhuma segurança, nenhuma importância, nenhuma chance de reverter tal situação, mesmo sendo nós todos pecadores, vulneráveis e falíveis. Como o Edificador da Nova Jerusalém, não obstante a tantas traições, e mesmo agindo com justiça e juízo para com Seu povo, o SENHOR nosso Deus - cuja presença importa em salvação divina que não se harmoniza com as expectativas humanas, já que esta salvação se origina na livre decisão divina -, em contraste com as mãos sujas dos homens, estende as Suas mãos com amor e jamais repudia quem quer que seja, muito menos a Sua noiva, o Seu remanescente fiel que, por causa destes, a totalidade será preservada, não somente em Israel, mas em outras nações, como na parábola do joio contada por Jesus onde Deus retém o juízo imediato por causa dos eleitos que estão no mundo e que os justos têm que viver no meio dos ímpios, desde o começo. “Assim diz o SENHOR: Como quando se acha mosto num cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele, assim farei por amor de Meus servos, que não os destrua a todos.” Que tomemos tudo isso como exemplo quando nos tornamos infiéis a Jesus, nosso Senhor, quando nos devotamos inteiramente a nossas idolatrias ainda tão evidentes, às nossas paixões mundanas ainda tão desenfreadas, a nossos bens materiais em quem ainda depositamos tantas esperanças, mas que, na verdade, são nossos amantes que ainda nos exploram e nos dominam sem nenhuma piedade, levando-nos a derrocada final, se não formos amparados pelo nosso fiel e competente Advogado. Ou seja, se não formos poupados desta triste experiência da devastação provocada pelo pecado. Se não formos alcançados pela mensagem desta esperança salvadora operada por este amor imperecível deste nosso Deus, e intermediado pela poderosa mão do Senhor Jesus, o Cristo prometido, nosso amigo Consolador e Servo Fiel em comunhão com o Santo Espírito deste mesmo SENHOR nosso Deus.

Assim é que aqueles que não são povos de Deus tornar-se-ão filhos do Deus vivo numa transição das trevas para a luz, das ameaças de justiça divina para as promessas deste amor divino, literalmente cumpridas em Cristo e aplicadas à Sua Igreja - a Sua noiva; o verdadeiro Israel -, composta tanto por judeus quanto por gentios. Os especialistas lembram que, para os apóstolos, o remanescente de Israel étnico era, evidentemente, um modelo para o remanescente das nações - o que se aplicava àqueles aplica-se também a estes. Assim como a expressão “filhos do Deus vivo” pronunciada por Oséias sugere o tipo de relacionamento íntimo que Deus deseja ter com Israel - onde Deus deseja dar vida, em contraste com o relacionamento sem vida que Israel tinha com Baal -, assim também esse relacionamento vivo é, agora, fornecido em Jesus Cristo. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.” É o apóstolo Pedro na sua primeira carta, aplicando à Igreja os mesmos termos do Antigo Testamento aplicados a Israel, e afirmando a continuidade entre Israel daqueles tempos e a Igreja do Novo Testamento. O apóstolo ainda afirma que os crentes cristãos são a casa espiritual edificada em Cristo, ou seja, a Igreja como templo espiritual, destacando um nítido contraste entre o destino dos incrédulos e a posição dos eleitos. Assim, segundo os especialistas, Israel e a Igreja são representados como o único povo de Deus. E, ainda segundo os estudiosos, nesta continuidade essencial entre o Israel do Antigo Testamento e a Igreja do Novo Testamento, a misericórdia de Deus estende-se indistintamente, e de uma forma não meritória, tanto a judeus quanto a gentios. “Levante-Se Deus, e sejam dissipados os Seus inimigos; fugirão de diante dEle os que O odeiam. Como se impele a fumaça, assim Tu os impeles; assim como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus. Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria. Cantai a Deus, cantai louvores ao Seu nome; louvai Aquele que vai montado sobre os céus, pois o Seu nome é SENHOR, e exultai diante dEle. Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no Seu lugar santo. Deus faz que o solitário viva em família; liberta aqueles que estão presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em terra seca.” O salmista distingue muito bem quem é quem nesta vitória de Deus sobre Seus inimigos, e, como pano de fundo, a vitória do Senhor Jesus sobre as forças de Satanás durante a ascensão. É neste clima de muita alegria que Deus Se relaciona com Seu povo, como numa festa de casamento onde não pode haver nenhum clima de tristeza, já que Jerusalém, antes destruída e abandonada, torna-se novamente a esposa amada pelo seu Deus e, na sequência, a Igreja de Cristo, também vitoriosa como povo de Deus cuja “graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo”. Ou seja, todos os cristãos participam da graça da salvação por meio da fé. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” E neste contexto de celebração de uma festa de casamento Jesus realiza o Seu primeiro milagre, revelando que Ele veio para firmar uma nova aliança, manifestando ainda a Sua glória e proclamando a nova era messiânica; uma nova ordem mundial em que Jesus dá apenas um sinal da Sua grande obra que irá realizar como um esposo que celebrará as núpcias com a humanidade, um casamento perfeito, sem traições nem engodos outros, somente alegria, a felicidade da consolidação de uma espera de um Reino de Deus que os profetas tanto anunciavam como um banquete preparado com carnes gordas, tutanos gordos; uma festa em que se servem vinhos velhos e refinados, e iguarias finas. Reino este do qual também participamos com os nossos melhores dons, distribuídos pelo Espírito de Deus, que os reparte particularmente a cada um como bem entender, para o que for útil na comunidade cristã, sem nos considerarmos superiores aos demais, e nem a ninguém, sem promovermos competições nem despertarmos invejas, mas, sim, favorecermos a unidade do Corpo de Cristo, ou seja, a unidade da Sua Igreja, colocando-nos a serviço dos irmãos com aquela mesma humildade demonstrada pelo Cabeça da Igreja; para o bem comum, para o enriquecimento espiritual desta mesma Igreja. Que assim seja! Que o Senhor da obra nos capacite para tal como um digno convidado desta grande festa promovida para a honra e a glória do grande Rei, o Rei do Universo e Senhor da messe.

REFLEXÃO DE HOJE
“Levante-Se Deus, e sejam dissipados os Seus inimigos; fugirão de diante dEle os que O odeiam. Como se impele a fumaça, assim Tu os impeles; assim como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus. Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria. Cantai a Deus, cantai louvores ao Seu nome; louvai Aquele que vai montado sobre os céus, pois o Seu nome é SENHOR, e exultai diante dEle. Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no Seu lugar santo. Deus faz que o solitário viva em família; liberta aqueles que estão presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em terra seca. Ó Deus, quando saías diante do Teu povo, quando caminhavas pelo deserto, a terra abalava-se, e os céus destilavam perante a face de Deus; até o próprio Sinai foi comovido na presença de Deus, do Deus de Israel. Bendito seja o Senhor, que de dia em dia nos carrega de benefícios; o Deus que é a nossa salvação. O nosso Deus é o Deus da salvação; e a Deus, o Senhor, pertencem os livramentos da morte. Mas Deus ferirá gravemente a cabeça de Seus inimigos e o crânio cabeludo do que anda em suas culpas. Celebrai a Deus nas congregações; ao Senhor, desde a fonte de Israel. Reinos da terra, cantai a Deus, cantai louvores ao Senhor. Ó Deus, Tu és tremendo desde os Teus santuários; o Deus de Israel é o que dá força e poder ao Seu povo. Bendito seja Deus!” – Salmo 68:1-8,19-21,26,32,35

LEITURAS DE HOJE
Salmo 68; Isaías 62:1-5
1Coríntios 12:1-11; João 2:1-11

NOTAS
[1] 1Coríntios 13:7,8; Isaías 62:1-5; Oséias 1:10; Gênesis 13:16; 15:5; 26:24; 28:14; 22:17; 32:12; 1Pedro 2:10; 2Crônicas 30:11,18; 1Crônicas 9:3; Esdras 8:35; Isaías 49:14; 54:1,6,7
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1007
FITCH, W. Isaías: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 1. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 73. Reimpressão
[2] Isaías 65:1-25; Romanos 10:20; Lamentações 1.1; Romanos 9:11,12,25,26; 10:30,31; 11:6,17; Isaías 65:8; Mateus 13:29,30; Isaías 1:9; 56:6; Gênesis 18:22-33
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 855, 1120
ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra. Ano C. Trad. por Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: AM Edições, 1996. p. 221, 222
[3] Oséias 1:10; Romanos 9:25,26; 1Pedro 2:10; Êxodo 19:5; Isaías 43:21; Apocalipse 1:5,6; Salmo 68:1-6; Efésios 4:7-13; 2:5,8; Isaías 25:6; Mateus 22:4; 8:11
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1007, 1497
ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra. Ano C. Trad. por Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: AM Edições, 1996. p. 223-228
MACLEOD, A. J. O Evangelho Segundo São João: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 1066, 1067. Reimpressão
M´CAW, Leslie S. Os Salmos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 1. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 555-557. Reimpressão
McNAB, ANDREW. As Epístolas Gerais de Pedro - 1Pedro:Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 1407, 1408. Reimpressão

EXPECTATIVAS DE VIDA

“E, estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria o Cristo” – Lucas 3:15

E AGORA, que as festas se findaram, as frestas se escancararam diante de nós, e estamos de volta à vida real? E agora, José? - como inquiria o poeta, talvez em outro contexto, mas que também nos leva a refletir sobre os nossos passos nesta vida. Agora é botar o pé na estrada, pegar todas as tralhas, os cacos que restaram e dar graças a Deus pela graça de estarmos vivos depois de todos os acontecidos, e também por mais um ano de tão árdua lida nesta tão insana, insípida e instigada lide. Agora, e sempre, é pegar a nossa cruz e seguir em frente, posto que é mais um tempo de pensarmos no que passou, no que erramos, no que acertamos, e no que vamos fazer daqui para diante, sendo que o mais correto é seguir a Jesus. Buscar primeiro o Reino de Deus, e a Sua justiça, que todas as outras coisas nos serão acrescentadas, e tudo irá bem em nossas vidas, e nenhuma ansiedade nos poderá interferir nesta nossa caminhada. “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir”, exorta o apóstolo Paulo a Timóteo, mas que nos cai muito bem hoje em dia. Segundo ele, não é a comida que nos faz agradáveis a Deus, “porque, se comemos, nada temos de mais e, se não comemos, nada nos falta”, já que “o Reino de Deus é justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”, ainda segundo o apóstolo quando combate os conceitos materialistas dos judeus com relação ao Reino Messiânico. Nestes tempos em que ainda nos beiramos dos resquícios natalinos, e de um novo ano, ainda trazemos dentro de nós uma predisposição para uma vida nova, talvez inspirados por todo este clima, apesar de toda uma tendência materialista, e hipócrita, nesta sociedade assumidamente consumista. Haja vista os dias seguintes, os estragos noticiados pela mídia depois das tão famigeradas festas, do consumo exagerado de bebidas alcoólicas, e outras drogas, das comilanças, e outros excessos fatais!Vida nova em quê? Onde é que ficaram as lições daquela manjedoura? Será que esquecemos que mais um ano significa mais vidas para serem cuidadas? Mais cuidados para com nós mesmos, e para com o nosso próximo? Mais cuidados para com as ovelhas do Reino, e mais almas para serem curadas neste mundo tão destrambelhado, e, portanto, mais responsabilidades? Agruras, maus humores e outros cataclismos à parte, mas que tudo nos sirva de reflexão para estes tempos de tantas adversidades para que possamos aprender em meio a tantas diversidades, em consideração a todas as nossas expectativas, às nossas esperanças de um mundo melhor contra as abastanças deste mundo enquanto tantos outros passam fome, não só espiritual, porquanto a prosperidade do perverso é temporária. O salmista diz que os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que esperam no SENHOR herdarão a terra. Que não nos invejemos dos néscios ao vermos a prosperidade dos ímpios, posto que verdadeiramente bom é somente o SENHOR nosso Deus para com os limpos de coração; e o próprio Senhor Jesus nos alerta que os mansos são bem-aventurados porque herdarão a terra.

E esta herança indica a nossa posição na família de Deus, e esta terra é a nova terra em que habita a justiça, segundo a Sua promessa, e Este Senhor é o mesmo Deus, ontem, hoje e sempre em Quem não há dúvidas nem especulações, e diante de Quem devemos manter a nossa reverência sempre em atitudes de altruísmo, humildade e submissão, porquanto o nosso modelo de mansidão é o próprio Senhor Jesus que Se submete à vontade de Seu Pai, portanto, em Quem devemos depositar toda a nossa esperança de salvação, desde já, e até mesmo para estes nossos dias aqui na terra onde o Seu Reino pronta e igualmente atua na medida da nossa fé e segundo a Sua própria vontade a que todos também devemos nos submeter imprescindivelmente. Se no campo espiritual nos é reservado tudo isso, e muito mais, no natural também Deus Se manifesta diuturna e sucessivamente em nossos dias, refletindo a Sua glória, poder e majestade na própria harmonia e rotina colocada por Ele no universo. Não é mais necessário reinventar a roda nem distribuir certos fenômenos a torto e a direito nesse mundo mágico e incrédulo em que o fantástico pulula escorrendo pelos dedos de nossas mãos, tendenciosamente apregoando que sem os quais Deus não Se manifesta e nem está no meio de nós. Balela pura! Literalmente, os estudiosos argumentam que o maior sinal e maravilha apresentados na Bíblia é o governo soberano do universo e a fidelidade de Deus para com o Seu povo, em razão do Seu pacto.

Hoje, assim como noutros tempos, vivemos de expectativas, ou melhor, de vãs expectativas, correndo atrás de estranhos sinais, e, longe das prioridades espirituais, desviamos o foco da nossa fé cristã para as riquezas deste mundo, para as coisas materiais, paras as coisas palpáveis, oportunistas, fenomenais. E, de braços dados com estranhas teorias, como as facilidades e prosperidades terrenas, baixamos o nível da nossa crença até o rés do chão ou bem mais abaixo ainda num claro desrespeito a um Deus absolutamente Soberano que é Santo e Forte, Maravilhoso e Conselheiro, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz que nos deixou o Seu Santo Espírito para que fôssemos templo dEle, e propriedade de Cristo, para nos levar com Ele, elevando-nos a um outro patamar, espiritual, de santidade como o dEle. Os especialistas afirmam que, como crentes cristãos, estamos sob o governo de Cristo, já que o Espírito que veio habitar nele é o Espírito de Cristo. No momento do nosso novo nascimento, nós, como crentes em Cristo, recebemos o Espírito, e todos os dons para a vida de serviço que aparecem consequentemente na nossa vida fluem desse batismo inicial no Espírito, porque, por meio desse batismo, mesmo como pecadores que somos, estamos unidos ao Cristo ressurreto. E mesmo que o nosso corpo físico esteja sujeito à morte e outras sequelas, a vida prevalece em nós, porque, se estamos unidos com Cristo, vivemos para Deus na esfera do Espírito. Isso não é uma simples distinção entre o físico e o espiritual em nossa vida como crentes, mas entre duas esferas de existência - insistem os comentadores -, ou seja, a vida física em um mundo caído, com sua morte física sempre presente; e a vida no Espírito, a participação na ressurreição de Cristo. E esta esperança não nos confunde “porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”, se não estivermos na carne, e se é que o Espírito de Deus habita em nós. “Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle.” Será que diante disso realmente temos necessidade de outros deuses ou ídolos e de outros similares que só nos envergonham, confundindo-nos perante este nosso Deus historicamente vivo e verdadeiro? Será que ainda podemos duvidar dessa majestade, desse poder e domínio de um Deus que firmou o mundo, que criou e sustém todas as coisas, e que as forças do mal, da desordem e do caos não nos subjugarão - por mais investidas que possam despender? O SENHOR nosso Deus é bem maior do que todas estas coisas, e merece todas as honras e glória. Na Sua Palavra revelada está insistentemente confirmado que este Deus reina, e que toda a terra e povos devem se alegrar por isso. O Seu poder não se altera de acordo com as variáveis políticas deste mundo nem com a nossa própria vontade, a vontade dos homens. Seu reinado é eterno. O salmista nos convida, e também a todas as nações, a louvar este Deus por isso, chamamento este que teve seu significado esclarecido depois da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Sim, devemos louvar este nosso Deus pelas Suas muitas bênçãos derramadas sobre nós todos os dias. Ou será que nem percebemos isso? Será que somos tão insensíveis, cegos e ingratos que nem percebemos que nEle estão depositadas todas as nossas esperanças de uma vida nova, todas as nossas expectativas de uma vida bem melhor que este modelito injusto, pervertido e pecaminoso? Deus só não oferece perspectivas muito alentadoras aos contumazes e inveterados pecadores. “Ele tem a pá na Sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga.” Ou seja, Deus separará os bons dos maus. Estes serão queimados, sem comiseração, num fogo que nunca se extinguirá. No entanto, não deixa de ser um Deus eternamente misericordiosíssimo, pleno de paciência, de amor e de ternura, e que está sempre pronto para nos perdoar. Se formos tocados pelo Seu Espírito, e nos arrependermos das nossas faltas, Ele está sempre de braços abertos para nos resgatar, trazendo-nos de volta para Si como aquele pastor que cuida de sua ovelha ferida, e que sempre acolhe a que está perdida. De nossa parte, como crentes em Cristo – ou quando batemos no peito diante dos outros, convictos, principalmente diante daqueles que não professam a nossa mesma fé ou mesmo diante de pessoas de outras denominações religiosas -, será que também utilizamos destes exemplos e verdadeiramente os praticamos? Na nossa comunidade, será que sabemos entender os erros ou as diferenças dos outros? Somos compreensivos com as fraquezas do nosso próximo? Será que temos paciência para com eles, estimulando-os para que voltem para o bem, colaborando de um jeito ou de outro para que eles possam ser recuperados, mesmo à custa de sacrifícios de nossa parte? Até que ponto somos tolerantes para com os nossos opostos ou mesmo para com aqueles que são diferentes de nós em nível religioso, de comportamento ou mesmo de compleição física ou intelectual? Ou será que nos limitamos somente a criticar, a fofocar, constrangendo as pessoas? Em Jesus, como o Messias anunciado, é que esta figura se nos apresenta mais largamente como o Servo do Senhor, fiel e amado pelo Pai, enviado para o resgate de muitos pecadores. Até que ponto miramos nEle como exemplo em nossa vida, e O seguimos fielmente? Assim como na instituição da vida pública do Senhor Jesus os céus se abrem, e o Espírito de Deus aparece como uma suave figura de uma pomba, e igualmente se ouve uma voz que vem dos céus com que o Pai comprova com alegria a missão do Seu Filho predileto pela fidelidade que Lhe dedicou, também nós somos convidados pela Palavra deste mesmo Deus a identificarmo-nos com este Seu Filho, e, olhando a face dEle, tocarmos em frente a nossa caminhada e segui-lO sem reservas, assim como fez o próprio Cristo, e foi conduzido para a morte seguida de Sua ressurreição. Assim devemos levar a nossa cruz do jeito que somos, e nos considerarmos mortos para o pecado, posto que também seremos resgatados; seremos igualmente ressuscitados. “Vós, que amais ao SENHOR, odiai o mal. Ele guarda as almas dos Seus santos; Ele os livra das mãos dos ímpios. A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os retos de coração.” Estas são as nossas expectativas de vida, aqui e na eternidade, a nossa eterna e única esperança.

REFLEXÃO DE HOJE
“O SENHOR reina; regozije-se a terra; alegrem-se as muitas ilhas. Nuvens e escuridão estão ao redor dEle; justiça e juízo são a base do Seu trono. Um fogo vai adiante dEle, e abrasa os Seus inimigos em redor. Os Seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra viu e tremeu. Os montes derretem como cera na presença do SENHOR, na presença do Senhor de toda a terra. Os céus anunciam a Sua justiça, e todos os povos veem a Sua glória. Confundidos sejam todos os que servem imagens de escultura, que se gloriam de ídolos; prostrai-vos diante dEle todos os deuses. Sião ouviu e se alegrou; e os filhos de Judá se alegraram por causa da Tua justiça, ó SENHOR. Pois Tu, SENHOR, és o mais exaltado do que todos os deuses. Vós, que amais ao SENHOR, odiai o mal. Ele guarda as almas dos Seus santos; Ele os livra das mãos dos ímpios. A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os retos de coração. Alegrai-vos, ó justos, no SENHOR, e daí louvores à memória da Sua santidade.” – Salmo 97:1-12

LEITURAS DE HOJE
Salmo 97; Isaías 49:1-7
Atos 8:14-17; Lucas 3:15-22

NOTAS
[1]Mateus 6:33;1Timóteo 4:8;1Coríntios 8:8; Romanos 14:17; Salmo 25:13; 37:9,11; 73:1,3; Provérbios 2:21; Isaías 57:13; 60:21; Mateus 5:5; Romanos 4:13
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p.1109
THOMSON, G. T., DAVIDSON, F. A Epístola aos Romanos: Introdução e Comentário.In:O Novo Comentário da Bíblia,vol. 2.(editor em português R. P. Shedd).São Paulo:Vida Nova,1963,1990.p.1181.Reimpressão
[2]2Pedro 3:13;Hebreus 11:16; 13:8;Salmo 19;Isaías 8:5-13,16-20; Mateus 12:39
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri:Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil,1999.notas. p.1106
SOLANO PORTELA NETO, F. Avaliando as Manifestações Sobrenaturais.In:Fé Cristã e Misticismo.São Paulo:Cultura Cristã,2000.1ª ed. cap. 2. p.23 e 24
[3]Isaías 9:6;Romanos 5:5;8:9;1:4;1Coríntios 12:13;João 14:26;Atos 2:28;Salmo 96:1-13;97:1-12;98:1-9;99:1-9;18:1-50;Lucas 3:17;7:36-50;15:1-10,11;Salmo 97:10,11
Bíblia de Estudo de Genebra.Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri:Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil,1999.notas.p.1256,1330,682, 684
ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra. Ano C. Trad. por Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: AM Edições,1996. p.80-84
KEVAN, E. F. O Evangelho Segundo São Lucas: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova,1963,1990. p.1033.Reimpressão
M´CAW, Leslie S. Os Salmos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia,vol. 1.(editor em português R. P. Shedd).São Paulo:Vida Nova,1963,1990. p. 585.Reimpressão