sábado, 30 de janeiro de 2010

EXPECTATIVAS DE VIDA

“E, estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria o Cristo” – Lucas 3:15

E AGORA, que as festas se findaram, as frestas se escancararam diante de nós, e estamos de volta à vida real? E agora, José? - como inquiria o poeta, talvez em outro contexto, mas que também nos leva a refletir sobre os nossos passos nesta vida. Agora é botar o pé na estrada, pegar todas as tralhas, os cacos que restaram e dar graças a Deus pela graça de estarmos vivos depois de todos os acontecidos, e também por mais um ano de tão árdua lida nesta tão insana, insípida e instigada lide. Agora, e sempre, é pegar a nossa cruz e seguir em frente, posto que é mais um tempo de pensarmos no que passou, no que erramos, no que acertamos, e no que vamos fazer daqui para diante, sendo que o mais correto é seguir a Jesus. Buscar primeiro o Reino de Deus, e a Sua justiça, que todas as outras coisas nos serão acrescentadas, e tudo irá bem em nossas vidas, e nenhuma ansiedade nos poderá interferir nesta nossa caminhada. “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir”, exorta o apóstolo Paulo a Timóteo, mas que nos cai muito bem hoje em dia. Segundo ele, não é a comida que nos faz agradáveis a Deus, “porque, se comemos, nada temos de mais e, se não comemos, nada nos falta”, já que “o Reino de Deus é justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”, ainda segundo o apóstolo quando combate os conceitos materialistas dos judeus com relação ao Reino Messiânico. Nestes tempos em que ainda nos beiramos dos resquícios natalinos, e de um novo ano, ainda trazemos dentro de nós uma predisposição para uma vida nova, talvez inspirados por todo este clima, apesar de toda uma tendência materialista, e hipócrita, nesta sociedade assumidamente consumista. Haja vista os dias seguintes, os estragos noticiados pela mídia depois das tão famigeradas festas, do consumo exagerado de bebidas alcoólicas, e outras drogas, das comilanças, e outros excessos fatais!Vida nova em quê? Onde é que ficaram as lições daquela manjedoura? Será que esquecemos que mais um ano significa mais vidas para serem cuidadas? Mais cuidados para com nós mesmos, e para com o nosso próximo? Mais cuidados para com as ovelhas do Reino, e mais almas para serem curadas neste mundo tão destrambelhado, e, portanto, mais responsabilidades? Agruras, maus humores e outros cataclismos à parte, mas que tudo nos sirva de reflexão para estes tempos de tantas adversidades para que possamos aprender em meio a tantas diversidades, em consideração a todas as nossas expectativas, às nossas esperanças de um mundo melhor contra as abastanças deste mundo enquanto tantos outros passam fome, não só espiritual, porquanto a prosperidade do perverso é temporária. O salmista diz que os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que esperam no SENHOR herdarão a terra. Que não nos invejemos dos néscios ao vermos a prosperidade dos ímpios, posto que verdadeiramente bom é somente o SENHOR nosso Deus para com os limpos de coração; e o próprio Senhor Jesus nos alerta que os mansos são bem-aventurados porque herdarão a terra.

E esta herança indica a nossa posição na família de Deus, e esta terra é a nova terra em que habita a justiça, segundo a Sua promessa, e Este Senhor é o mesmo Deus, ontem, hoje e sempre em Quem não há dúvidas nem especulações, e diante de Quem devemos manter a nossa reverência sempre em atitudes de altruísmo, humildade e submissão, porquanto o nosso modelo de mansidão é o próprio Senhor Jesus que Se submete à vontade de Seu Pai, portanto, em Quem devemos depositar toda a nossa esperança de salvação, desde já, e até mesmo para estes nossos dias aqui na terra onde o Seu Reino pronta e igualmente atua na medida da nossa fé e segundo a Sua própria vontade a que todos também devemos nos submeter imprescindivelmente. Se no campo espiritual nos é reservado tudo isso, e muito mais, no natural também Deus Se manifesta diuturna e sucessivamente em nossos dias, refletindo a Sua glória, poder e majestade na própria harmonia e rotina colocada por Ele no universo. Não é mais necessário reinventar a roda nem distribuir certos fenômenos a torto e a direito nesse mundo mágico e incrédulo em que o fantástico pulula escorrendo pelos dedos de nossas mãos, tendenciosamente apregoando que sem os quais Deus não Se manifesta e nem está no meio de nós. Balela pura! Literalmente, os estudiosos argumentam que o maior sinal e maravilha apresentados na Bíblia é o governo soberano do universo e a fidelidade de Deus para com o Seu povo, em razão do Seu pacto.

Hoje, assim como noutros tempos, vivemos de expectativas, ou melhor, de vãs expectativas, correndo atrás de estranhos sinais, e, longe das prioridades espirituais, desviamos o foco da nossa fé cristã para as riquezas deste mundo, para as coisas materiais, paras as coisas palpáveis, oportunistas, fenomenais. E, de braços dados com estranhas teorias, como as facilidades e prosperidades terrenas, baixamos o nível da nossa crença até o rés do chão ou bem mais abaixo ainda num claro desrespeito a um Deus absolutamente Soberano que é Santo e Forte, Maravilhoso e Conselheiro, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz que nos deixou o Seu Santo Espírito para que fôssemos templo dEle, e propriedade de Cristo, para nos levar com Ele, elevando-nos a um outro patamar, espiritual, de santidade como o dEle. Os especialistas afirmam que, como crentes cristãos, estamos sob o governo de Cristo, já que o Espírito que veio habitar nele é o Espírito de Cristo. No momento do nosso novo nascimento, nós, como crentes em Cristo, recebemos o Espírito, e todos os dons para a vida de serviço que aparecem consequentemente na nossa vida fluem desse batismo inicial no Espírito, porque, por meio desse batismo, mesmo como pecadores que somos, estamos unidos ao Cristo ressurreto. E mesmo que o nosso corpo físico esteja sujeito à morte e outras sequelas, a vida prevalece em nós, porque, se estamos unidos com Cristo, vivemos para Deus na esfera do Espírito. Isso não é uma simples distinção entre o físico e o espiritual em nossa vida como crentes, mas entre duas esferas de existência - insistem os comentadores -, ou seja, a vida física em um mundo caído, com sua morte física sempre presente; e a vida no Espírito, a participação na ressurreição de Cristo. E esta esperança não nos confunde “porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”, se não estivermos na carne, e se é que o Espírito de Deus habita em nós. “Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle.” Será que diante disso realmente temos necessidade de outros deuses ou ídolos e de outros similares que só nos envergonham, confundindo-nos perante este nosso Deus historicamente vivo e verdadeiro? Será que ainda podemos duvidar dessa majestade, desse poder e domínio de um Deus que firmou o mundo, que criou e sustém todas as coisas, e que as forças do mal, da desordem e do caos não nos subjugarão - por mais investidas que possam despender? O SENHOR nosso Deus é bem maior do que todas estas coisas, e merece todas as honras e glória. Na Sua Palavra revelada está insistentemente confirmado que este Deus reina, e que toda a terra e povos devem se alegrar por isso. O Seu poder não se altera de acordo com as variáveis políticas deste mundo nem com a nossa própria vontade, a vontade dos homens. Seu reinado é eterno. O salmista nos convida, e também a todas as nações, a louvar este Deus por isso, chamamento este que teve seu significado esclarecido depois da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Sim, devemos louvar este nosso Deus pelas Suas muitas bênçãos derramadas sobre nós todos os dias. Ou será que nem percebemos isso? Será que somos tão insensíveis, cegos e ingratos que nem percebemos que nEle estão depositadas todas as nossas esperanças de uma vida nova, todas as nossas expectativas de uma vida bem melhor que este modelito injusto, pervertido e pecaminoso? Deus só não oferece perspectivas muito alentadoras aos contumazes e inveterados pecadores. “Ele tem a pá na Sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga.” Ou seja, Deus separará os bons dos maus. Estes serão queimados, sem comiseração, num fogo que nunca se extinguirá. No entanto, não deixa de ser um Deus eternamente misericordiosíssimo, pleno de paciência, de amor e de ternura, e que está sempre pronto para nos perdoar. Se formos tocados pelo Seu Espírito, e nos arrependermos das nossas faltas, Ele está sempre de braços abertos para nos resgatar, trazendo-nos de volta para Si como aquele pastor que cuida de sua ovelha ferida, e que sempre acolhe a que está perdida. De nossa parte, como crentes em Cristo – ou quando batemos no peito diante dos outros, convictos, principalmente diante daqueles que não professam a nossa mesma fé ou mesmo diante de pessoas de outras denominações religiosas -, será que também utilizamos destes exemplos e verdadeiramente os praticamos? Na nossa comunidade, será que sabemos entender os erros ou as diferenças dos outros? Somos compreensivos com as fraquezas do nosso próximo? Será que temos paciência para com eles, estimulando-os para que voltem para o bem, colaborando de um jeito ou de outro para que eles possam ser recuperados, mesmo à custa de sacrifícios de nossa parte? Até que ponto somos tolerantes para com os nossos opostos ou mesmo para com aqueles que são diferentes de nós em nível religioso, de comportamento ou mesmo de compleição física ou intelectual? Ou será que nos limitamos somente a criticar, a fofocar, constrangendo as pessoas? Em Jesus, como o Messias anunciado, é que esta figura se nos apresenta mais largamente como o Servo do Senhor, fiel e amado pelo Pai, enviado para o resgate de muitos pecadores. Até que ponto miramos nEle como exemplo em nossa vida, e O seguimos fielmente? Assim como na instituição da vida pública do Senhor Jesus os céus se abrem, e o Espírito de Deus aparece como uma suave figura de uma pomba, e igualmente se ouve uma voz que vem dos céus com que o Pai comprova com alegria a missão do Seu Filho predileto pela fidelidade que Lhe dedicou, também nós somos convidados pela Palavra deste mesmo Deus a identificarmo-nos com este Seu Filho, e, olhando a face dEle, tocarmos em frente a nossa caminhada e segui-lO sem reservas, assim como fez o próprio Cristo, e foi conduzido para a morte seguida de Sua ressurreição. Assim devemos levar a nossa cruz do jeito que somos, e nos considerarmos mortos para o pecado, posto que também seremos resgatados; seremos igualmente ressuscitados. “Vós, que amais ao SENHOR, odiai o mal. Ele guarda as almas dos Seus santos; Ele os livra das mãos dos ímpios. A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os retos de coração.” Estas são as nossas expectativas de vida, aqui e na eternidade, a nossa eterna e única esperança.

REFLEXÃO DE HOJE
“O SENHOR reina; regozije-se a terra; alegrem-se as muitas ilhas. Nuvens e escuridão estão ao redor dEle; justiça e juízo são a base do Seu trono. Um fogo vai adiante dEle, e abrasa os Seus inimigos em redor. Os Seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra viu e tremeu. Os montes derretem como cera na presença do SENHOR, na presença do Senhor de toda a terra. Os céus anunciam a Sua justiça, e todos os povos veem a Sua glória. Confundidos sejam todos os que servem imagens de escultura, que se gloriam de ídolos; prostrai-vos diante dEle todos os deuses. Sião ouviu e se alegrou; e os filhos de Judá se alegraram por causa da Tua justiça, ó SENHOR. Pois Tu, SENHOR, és o mais exaltado do que todos os deuses. Vós, que amais ao SENHOR, odiai o mal. Ele guarda as almas dos Seus santos; Ele os livra das mãos dos ímpios. A luz semeia-se para o justo, e a alegria para os retos de coração. Alegrai-vos, ó justos, no SENHOR, e daí louvores à memória da Sua santidade.” – Salmo 97:1-12

LEITURAS DE HOJE
Salmo 97; Isaías 49:1-7
Atos 8:14-17; Lucas 3:15-22

NOTAS
[1]Mateus 6:33;1Timóteo 4:8;1Coríntios 8:8; Romanos 14:17; Salmo 25:13; 37:9,11; 73:1,3; Provérbios 2:21; Isaías 57:13; 60:21; Mateus 5:5; Romanos 4:13
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p.1109
THOMSON, G. T., DAVIDSON, F. A Epístola aos Romanos: Introdução e Comentário.In:O Novo Comentário da Bíblia,vol. 2.(editor em português R. P. Shedd).São Paulo:Vida Nova,1963,1990.p.1181.Reimpressão
[2]2Pedro 3:13;Hebreus 11:16; 13:8;Salmo 19;Isaías 8:5-13,16-20; Mateus 12:39
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri:Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil,1999.notas. p.1106
SOLANO PORTELA NETO, F. Avaliando as Manifestações Sobrenaturais.In:Fé Cristã e Misticismo.São Paulo:Cultura Cristã,2000.1ª ed. cap. 2. p.23 e 24
[3]Isaías 9:6;Romanos 5:5;8:9;1:4;1Coríntios 12:13;João 14:26;Atos 2:28;Salmo 96:1-13;97:1-12;98:1-9;99:1-9;18:1-50;Lucas 3:17;7:36-50;15:1-10,11;Salmo 97:10,11
Bíblia de Estudo de Genebra.Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri:Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil,1999.notas.p.1256,1330,682, 684
ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra. Ano C. Trad. por Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: AM Edições,1996. p.80-84
KEVAN, E. F. O Evangelho Segundo São Lucas: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova,1963,1990. p.1033.Reimpressão
M´CAW, Leslie S. Os Salmos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia,vol. 1.(editor em português R. P. Shedd).São Paulo:Vida Nova,1963,1990. p. 585.Reimpressão