domingo, 14 de junho de 2009

PODEROSA PEQUENA SEMENTE

“(...) mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo Qual agora alcançamos a reconciliação.” - Romanos 5:11b

MUITAS VEZES, e até mesmo pelo nosso jeito de ser, de pensar e agir, humanamente falando, atuamos acostumados com a nossa formação que herdamos e aprendemos a lidar desde cedo em meio a tanta competição e concorrência, e também a deformações de conceitos, mirando naqueles que obtêm os resultados que nós ainda não obtivemos; cobiçando e espelhando-nos em aparatos alheios e externamente visíveis. Muitas vezes nos frustramos ao vermos que os outros já alcançaram suas metas, e nós ainda continuamos capengando, como se não encontrássemos a trilha certa, achando que estamos perdidos, longe dos prazos e espaços que fixamos. Nós queremos que as coisas aconteçam do nosso jeito, assim, de imediato, ao nosso tempo, e exatamente como gostaríamos que acontecessem. Muitas vezes nem respeitamos o jeito de ser dos outros, e aí, de pronto, invadimos seus espaços e privacidades e começamos a exagerar em palavras e atitudes, perdendo a paciência, e, metendo os pés pelas mãos, como se fôssemos todo-poderosos, e, com as nossas todo-poderosas atuações, pomos tudo a perder. Muitas vezes nem sabemos por que, posto que não conseguimos enxergar ou ter a sensibilidade para entender que só caminharemos seguramente e a passos firmes depois que aprendermos a engatinhar e que só conseguiremos os nossos objetivos depois de darmos cada passo e, passo a passo, experimentarmos esse cada passo. E, paulatinamente, muitas vezes até caindo, mas nos levantando, nesta sequência, é que chegamos lá, colhendo os frutos daquilo que sonhamos, e que semeamos grão a grão, suando, e até mesmo chorando. Não importa quando e onde queremos chegar, tudo tem o seu tempo. Basta acreditar. Mas acreditar nAquele que é maior do que todos nós juntos; nAquele que pode fazer e acontecer de verdade, sem nenhuma falcatrua.O sábio Salomão, desafiando o nosso entendimento, e em defesa da fé em Deus, para quem esta fé é o único caminho para a realização humana, ensina que aquele que é verdadeiramente sábio busca e geralmente acha o tempo próprio para cada ação, posto que muitas vezes não conhecemos o nosso tempo determinado, já que é o próprio Deus Quem determina este nosso tempo. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”, declara, e, do fundo do seu coração, afirma que Deus julgará o justo e o ímpio porque “há um tempo para todo o propósito e para toda a obra”. É preciso, então, ter confiança em Deus, e colocar os nossos tempos nas mãos dEle para que Ele nos livre das mãos dos nossos inimigos, daqueles que não acreditam, que pensam que tudo na vida é muito fácil, e que nos perseguem, achincalhando-nos, e atrapalhando a concretização de nossos sonhos. Assim também é a dinâmica do Reino de Deus em nossas vidas. Falando por meio de parábolas, e utilizando-Se de temas do dia a dia daquelas pessoas para um melhor entendimento por parte delas, ninguém mais do que Jesus sabia atingir os Seus propósitos diante daquela gente tão arredia. Assim Jesus dizia: “O Reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra. E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe a foice, porque está chegada ceifa.” Conhecida como a parábola da semente que cresce misteriosamente, e que é a única que se encontra somente em Marcos, Jesus ensina que se a terra por si mesma frutifica, basta apenas que nela seja colocada a semente, assim também é a Palavra de Deus. Ela opera por si mesma, e no seu tempo, em nosso coração, basta apenas que nele haja uma disposição efetuada pelo Espírito para que produza frutos abundantes.

Mas nós também temos que fazer a nossa parte, sim. Como crentes em Jesus, nós também temos as nossas responsabilidades, todas elas dadas por Deus, e que devemos cumpri-las à risca conforme a medida dos dons de cada um de nós, se não seremos taxados de desobedientes, posto que o divino Criador não nos reconciliou com Ele pela morte de Seu Filho – justificando-nos pelo Seu sangue para sermos salvos da ira, sendo todos nós ainda pecadores – para retornarmos a posturas de mentirosos, de impostores, de parasitas, de arrogantes, de indóceis, de impacientes, intolerantes e invejosos, ou de opressores que espalham virulência por todos os lados, ainda enlameados por tantos outros pecados, mas de colaboradores dEle por obediência a Seus preceitos, devido o cumprimento da Sua aliança para com Seu povo, para que, enlevados por nossa fé e movidos pelo Seu Espírito, proclamemos as boas-novas deste Seu Reino que, mesmo ainda sem a sua atuação plena aqui na terra, já está em nós por meio deste mesmo Senhor Jesus – ou seja, as maravilhas da Sua salvação. “(...) como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim, agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo (...).” São instruções divinas dadas a Moisés para que este as transmita a Israel, incluindo aí um sumário da fidelidade de Deus à aliança, assim como as responsabilidades pactuais de Seu povo. Esta mesma fidelidade e responsabilidade que são termos de um relacionamento sério e sincero entre as partes também devem refletir em nossos compromissos diante de Deus como preceitos de uma nova realidade desta nova aliança para com os crentes em Cristo, assim como preceituava na antiga aliança abraâmica. É Deus sempre usando de Seu terno cuidado para com o Seu povo, livrando-o do inimigo; levando-o para bem longe das influências perversas desde aqueles tempos de escravidão egípcia até estes nossos dias de pecaminosidade deste mundo cruel. Assim como aos pés do monte Sinai os israelitas prometeram a Moisés cumprir tudo o que o SENHOR lhes havia anunciado ao serem preparados para a recepção da lei do concerto – os dez mandamentos –, num consentimento de todos, e sem nenhuma imposição, também nós devemos estar preparados, com o coração receptivo, como a terra que recebe a semente ministrada por meio da parábola, semente esta que é a Palavra de Deus que é semeada e cresce no nosso coração; e, por fim, realiza-se a colheita. Observa-se que este desenvolvimento acontece espontaneamente sem nenhuma participação do homem que pode até dormir, e se levantar de noite ou de dia, que a semente continua brotando e crescendo, “não sabendo ele como”. É o Espírito que põe em destaque a força irresistível da Palavra de Deus, que, uma vez lançada em nosso coração, cresce sozinha e opera por si mesma, dadas as condições favoráveis, exatamente da mesma maneira que por si mesma a terra dá os seus frutos.

Ainda sobre um tema hoje em dia pouco respeitado, dada a nossa característica correria, e a nossa capacidade de não sabermos esperar, mantendo a calma, acompanhando com paciência e admiração este desenvolvimento da semente que germina, cresce e produz frutos abundantes, o Senhor Jesus também compara o Reino de Deus como um grão de mostarda que, quando é semeado na terra, mesmo sendo a menor de todas as sementes, mas, que tendo sido semeado, cresce, e faz-se a maior de todas as hortaliças com seus grandes ramos. Dizem que o apressado come cru. Pode ser verdade. Há certos momentos na nossa vida que não adianta precipitarmo-nos, desesperadamente por nós mesmos, ou seja, por nossas próprias mãos, já que o que tiver que ser, assim o será. Nós temos, sim, é que fazermos a nossa parte. Ainda mais como cristãos. Isto é imprescindível. Não podemos esperar as coisas de braços cruzados. Nós temos uma missão. Não estamos neste mundo em vão nem por mera casualidade. Depois disso, só mesmo a providência divina para a concretização dos fatos, ou seja, nem sempre o nosso tempo funciona, já que é Deus o dono do tempo. E o tempo de Deus é só Ele mesmo Quem sabe. Nós só temos mesmo é que saber esperar, com fé e na segurança de que Ele não vai nos abandonar principalmente nas metas que com Ele compartilharmos. Se o grão de mostarda nos tempos de Jesus simbolizava a explosão da vida, também nós não devemos menosprezar o que a nossos olhos parece tão pequeno e sem nenhum valor em nosso dia a dia, posto que tudo tem o seu valor e significado, já que um grande incêndio sempre toma corpo por meio de uma pequena chama. Uma simples fagulha poderá se transformar num grande acendimento, este ardor espiritual de que tanto precisamos para tocar a obra de Deus com todo o amor necessário por meio do Espírito Santo que nos incentiva em nosso testemunho de vida. Mas cada coisa a seu tempo, que muitas vezes até pensamos que estamos longe ou até mesmo fora dos tempos os quais o Senhor nos chamou para semear. Na verdade, temos é que ir em frente, posto que “quão grandes são, SENHOR, as Tuas obras! Mui profundos são os Teus pensamentos. O homem brutal não conhece, nem o louco entende isto”. São as maravilhas deste Reino de Deus que nós nem podemos imaginar tamanha a dimensão e poder diante de tanta pequenez de nossa parte se esta for comparada com a magnificência deste Soberano Senhor em nossas vidas que é capaz de fazer coisas inacreditáveis aos olhos dos ímpios que, mesmo podendo crescer como a erva, “quando florescerem todos os que praticam a iniquidade, é que serão destruídos perpetuamente”, lembra o salmista. E “o justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano”. E ainda: “Os que estão plantados na casa do SENHOR florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos para anunciar que o SENHOR é reto (...).” Se verdadeiramente acreditamos nesta dimensão da Palavra de Deus, da sua simplicidade, mas de um aprendizado, grandiosidade e eficácia que podem transformar vidas – e esta transformação é para valer; é real e para sempre –, possibilitando-nos dar frutos em abundância, inclusive espalhando-se pelos confins de toda a terra, devemos insistir, aprendendo com a parábola, e continuar semeando, plantando a Palavra, posto que ela faz milagres; o milagre da salvação ainda aqui neste mundo. Que o Espírito de Deus, e em nome do Senhor da messe, possa nos capacitar para podermos entender tudo isso, e continuarmos nesta semeadura, trabalhando humildemente, mas com todo ânimo e esperança na segurança de uma boa colheita, já que os frutos são dEle, para o engrandecimento do Seu Reino, tendo em vista o Seu poderoso nome.

REFLEXÃO DE HOJE
“Quão grandes são, SENHOR, as Tuas obras! Mui profundos são os Teus pensamentos. O homem brutal não conhece nem o louco entende isto. Quando o ímpio crescer como a erva, e quando florescerem todos os que praticam a iniqüidade, é que serão destruídos perpetuamente. O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do SENHOR florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos, e vigorosos, para anunciar que o SENHOR é reto. Ele é a minha rocha e nEle não há injustiça.” – Salmo 92:5-7,12-15

LEITURAS DE HOJE
Salmo 92; Êxodo 19:1-8
Romanos 5:6-11; Marcos 4:26-34

NOTAS
[1] Eclesiastes 3:1-8,17; 8:5,6; Salmo 31:15; Marcos 4:26-29
HENDRY, G. S. Eclesiastes ou Pregador: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 1. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 657 . Reimpressão
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 768, 774
HENDRY, G. S. Eclesiastes ou Pregador: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 1. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 657 . Reimpressão
SWIFT GRAHAM, C. E. O Evangelho Segundo São Marcos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 996. Reimpressão
[2] Romanos 5:8-11; Êxodo 19:4-6a; Gênesis 12:1-3; 1Pedro 2:9,10; Apocalipse 1:6; 5:10; 20:6; Êxodo 19:7,8; Mateus 13:24
CONNELL, J. C. Êxodo: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 1. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 135, 136. Reimpressão
[3] Marcos 4:30-32; Mateus 24:30; Salmo 92:5-7,12-15a
ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra. Ano B. Trad. por Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: AM Edições, 1996