segunda-feira, 22 de junho de 2009

POR UMA SÓ PALAVRA

“Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?” – Marcos 4:40

UM IMPORTANTE canal de televisão estatal veiculou nesta semana um programa que tinha como tema o tempo na visão religiosa e profana que foi apresentado em formato de palestra num auditório de uma outra empresa também estatal proferida por um intelectual a quem se conferiram os créditos de filósofo e professor. Focando mais no contexto judaísmo-cristianismo e, resvalando um pouco pelo budismo, disse que é até atraente ser budista nas rodas sociais hoje em dia, segundo ele, diferentemente de quando uma pessoa diz ser católica ou evangélica fora do seu rebanho, tendo em vista as características práticas de cada um destes segmentos. O filósofo-professor discorreu tudo na mais perfeita retórica, passando de uma religião a outra, às vezes, até digno de aplausos, além de mencionar, explicando resumidamente, as teorias sobre religião definidas segundo os conceitos de Freud (1856-1939), Marx (1818-1883), Nietszche (1844-1900) e Darwin (1809-1882) – os assim denominados quatro cavaleiros do ateísmo. Até aí, tudo muito bem; todo mundo concentrado, anotando tudo direitinho, imbuído na veemência e segurança com que o especialista explanava o assunto da pauta, incumbindo-se para que fosse bem apreendido, a não ser quando, já quase ao final do evento, talvez permitido a participações dos ouvintes, alguém da plateia lhe perguntou de microfone em punho qual era a sua opção ou opinião pessoal, ou coisa assim, em meio a tudo isso. Foi quando o filósofo-professor, meio ensimesmado, esbanjou uma sarcástica gargalhada, e devolvendo a pergunta a seu interlocutor, rapidamente atropelou: Você está me perguntando se eu tenho uma religião? E, de pronto, repetindo a mesma gargalhada zombeteira, sem responder objetiva e claramente a respeito do seu credo, afirmou que não existem provas sobre a existência de Deus. E, assim, sobem os créditos da produção do programa, a chamada para o intervalo, os comerciais, a outra vinheta, outro programa, e a vida, ou melhor, a programação, continua às mil maravilhas deste mundo como se tudo surgisse do nada e diante do nada tudo se sucumbisse, e mais nada; e a gente no meio disso tudo tendo que inventar qualquer coisa para sobreviver neste imbróglio todo até quando a morte chegar e tudo se acabar, assim, do nada, e para o nada, segundo este filósofo-professor apóstata que sai por aí defendendo incredulidades, assim como tantas outras pessoas formadoras de opinião que, apesar deste seu imenso potencial, andam de braços dados com a apostasia em plenas vias deste século. E nós, que andamos por aí identificando-nos como crentes, será que o somos realmente? O que temos apregoado neste mundo ridículo e incrédulo? Como e o que temos apregoado? Será que temos anunciado alguma coisa edificante? Será que não saímos por aí com a Bíblia debaixo do braço utilizando-a apenas e tão somente para proveito próprio descontextualizando os seus textos e, com isso, desvirtuando a divina Palavra, de uma maneira ou de outra, constrangendo as pessoas, gerando mais uma multidão de apóstatas? Por onde anda a nossa genuína fé? Por onde anda a convicção daquela fé nAquele a Quem em espírito e em verdade devemos adorar e louvar? Será que diante de tantas bordoadas também não estamos sendo desleixadamente desencorajados, tímidos, sem ânimo para defender esta nossa fé a todo custo? Ou será que nos abatemos, assim, com tanta facilidade, diante de qualquer novo embate? Quem foi que disse que era tão fácil carregar a nossa cruz, enfrentando todos os ventos contrários, e, ao mesmo tempo, ser fiel a Deus neste mundo tão sedutor e tão perdido? Por que, então, muitas vezes, somos tão tímidos? Por onde anda a nossa fé? Que estejamos atentos as nossas reais responsabilidades, não perdendo de vista o nosso chamado! Que tenhamos ânimo, posto que seguir a Jesus, carregar a nossa cruz com e como Ele carregou a Sua por nossa causa, é para quem realmente crê nEle como o único verdadeiro Senhor e Salvador; para quem foi chamado por Ele para segui-lO devidamente. Somos Seus discípulos ou não somos? Ou será que nos esquecemos de mirar nEle quando estamos fraquejados? Aliás, sem Ele, é que estaremos, de fato, sendo envolvidos pelos ventos de uma tempestade avassaladora que nos distanciam cada vez mais da verdadeira bonança; da segurança de nossa salvação, enfim, do nosso porto seguro que é a nossa eterna paz celestial, a menos que também andemos por aí somente na base da retórica sem condições de testificarmos aquilo que andamos apregoando, ou seja, a nossa fé eficazmente aplicada pelo Espírito de Deus.

Como crentes em Jesus, como cristãos, ou seja, como fiéis seguidores dos ensinamentos de Cristo, temos que ser coerentes entre o nosso discurso e a nossa prática, assim como fez o próprio Mestre que, além de ser um exemplo de vida a ser seguido por todos nós, em todos os aspectos, quando Ele fala, as coisas acontecem. Os discursos não ficam apenas em palavras ocas, jorradas somente da boca para fora em púlpitos, palanques ou no corpo a corpo com o intuito de agradar a uns e a outros, apenas, conforme a medida de nossos interesses. As palavras de Jesus, mesmo em forma de parábolas ou outras alegorias e similares, não são frases sem sentido, sem provas, sem respaldo, posto que são a Palavra de Deus nEle encarnada, e que se manifesta em atos, concretamente falando, por ela ser a Verdade. Por isso, Jesus tem autoridade nas Suas palavras. Ele fala com a autoridade do Pai, já que, juntos, Eles são um; um único Deus, juntamente com o Espírito Santo que dEles procede, sendo estas três pessoas desta Divindade um único Deus da mesma substância, iguais em poder e glória. Então, Ele é a própria Palavra, e a Sua Palavra tem poder. Poder de transformar pessoas, não só espiritualmente, mas também no mundo natural, já que o novo nascimento não é uma ação parcial, mas, sim, uma mudança de vida total, dos nossos pés a nossa cabeça, passando principalmente por nosso coração, ou seja, pelo mais íntimo do nosso ser interior, do nosso espírito, com quem o Espírito de Deus testifica que somos filhos de Deus, intercedendo por nós, ajudando-nos nas nossas fraquezas quando não sabemos fazer aquilo que Deus quer que façamos. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” É o Espírito de Deus intercedendo pelos santos. É a Palavra de Deus trabalhando dentro de nós por meio da fé; ações estas operadas por este mesmo Espírito Santo.

Sendo a Bíblia a revelação desta Palavra escrita, ou seja, o caminho por onde Deus pode ser conhecido, ela prescreve a fé e a prática cristãs nela contidas refletindo as razões precípuas de uma vida voltada para o bem, para a salvação do homem miseravelmente caído por causa da sua desobediência, por causa do seu pecado, trazendo ainda em seus ensinos uma inestimável influência espiritual para nossas vidas – cujas bênçãos de Deus são usufruídas já neste mundo. De inspiração divina, portanto, inerrante e infalível naquilo que ela ensina, a Bíblia nos mostra o agir de Deus em toda a história, conforme Suas promessas desde os tempos mais remotos. São as maravilhas do poder de Deus manifestando-se por meio da Sua Palavra, derrotando o poder do mal em quaisquer circunstâncias. Suas ações justificam a Sua Palavra, não que Ele precisa de provas, de justificativas, para avaliar ou garantir a Sua própria existência ou ações, posto que Ele é, e age, absolutamente soberano por meio de Suas poderosas obras em todos os tempos; ontem, hoje e sempre. E também porque Ele é Deus, o SENHOR forte e poderoso, o Senhor de todas as coisas que existem no céu e na terra, posto que dEle é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Deus fala e tudo é criado; ordena e tudo começa a existir. Emudece a fúria do mar, acalma todos os tipos de tempestade, seja no sentido literal ou espiritual, assim como coloca Satanás no seu devido lugar, ou seja, debaixo dos Seus pés, e ainda nos conclama a sermos corajosos, e não tímidos, e que tenhamos fé. Tudo acontece por uma só Palavra Sua, e todos Lhe obedecem! Somente Ele nos traz paz porque nEle está a verdadeira paz. É esta força da Sua autoridade divina que Jesus demonstrou, e vem demonstrando, muito bem no meio de nós. O pior cego é aquele que não quer ou não pode ver nem entender que “se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Mas tudo isto provém de Deus – na opinião do apóstolo Paulo –, “que nos reconciliou Consigo mesmo por Jesus Cristo (...)”, abrindo-nos um novo estilo de vida, para a Sua glória, já que o nosso fim principal é glorificar a Deus, e gozá-lO para sempre, “porque dEle, e por meio dEle, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém.”

REFLEXÃO DE HOJE
“Louvai ao SENHOR, porque Ele é bom, porque a Sua benignidade dura para sempre. Digam-no os remidos do SENHOR, os que remiu da mão do inimigo, e os que congregou das terras do oriente e do ocidente, do norte e do sul. Os que descem ao mar em navios, mercando nas grandes águas. Esses veem as obras do SENHOR, e as Suas maravilhas no profundo. Pois Ele manda, e se levanta o vento tempestuoso que eleva as suas ondas. Sobem aos céus; descem aos abismos, e a sua alma se derrete em angústia. Andam e cambaleiam como ébrios, e perderam todo o tino. Então clamam ao SENHOR na sua angústia; e Ele os livra das suas dificuldades. Faz cessar a tormenta, e acalmam-se as suas ondas. Então se alegram, porque se aquietam; assim os leva ao seu porto desejado. Louvem ao SENHOR pela Sua bondade, e pelas Suas maravilhas para com os filhos dos homens. Exaltem-nO na congregação do povo, e glorifiquem-nO na assembléia dos anciãos.” – Salmo 107:1-3,23-32

LEITURAS DE HOJE
Salmo 107:1-3,23-32; Jó 38:1-11
2Coríntios 5:14-21; Marcos 4:35-41

NOTAS
[1]Êxodo 3:14; 34:6,7; Gênesis 17:1; Salmo 90:2; 145:3; Malaquias 3:6;Romanos 11:3; Tiago 1:17; Apocalipse 4:8; Gênesis 1:1-31; Salmo 8:6-8; 33:6,9; 104:1-35; 148:1-14; João 1:1-3; Atos 17:25-28; Colossenses 1:15-17; Hebreus 1:2; 11:1,3; 2Pedro 3:5; Romanos 8:13-18; 1Coríntios 15:12-15,19-25; 50-54; 2Coríntios 5:1-5; Filipenses 3:20,21; 1João 3:1-5; 4:1-6; Deuteronômio 4:2; 12:8,32; Apocalipse 22:18,19; João 4:24; Mateus 16:24-27; 20:28; 2Coríntios 5:21; 1Timóteo 2:5; Filipenses 2:6-8; Gálatas 3:13; Isaías 53:3; 1Coríntios 15:3,4; João 1:12,13; 3:5,6; 1Coríntios 12:12,13; Gálatas 2:20; Efésios 2:8; Tito 3:5,6
[2]Mateus 3:16,17; 28:19; João 1:1; 3:18; Atos 5:3,4; 2Coríntios 13:13; Hebreus 1:3; Romanos 8:16,26,27,31b
O Breve Catecismo de Westminster. 2.ª ed. Trad. por Igreja Presbiteriana do Brasil. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 7, 10-12, 26. Reimpressão
[3]João 14:26; 16:13; 1Pedro 1:12; 1Coríntios 2:12,13; 1Tessalonicenses 4:2,14;
2Tessalonicenses 3:6,12; 1Coríntios 14:37; Mateus 4:1-11; Salmo 24:1,8b; 33:9; Marcos 4:39; 2Coríntios 5:17,18a; Romanos 11:36; 14:7,8; 1Coríntios 10:31; Salmo 73:24-26; Isaías 43:7; 61:3; Efésios 1:5,6; João 17:22,24
SWIFT GRAHAM, C. E. O Evangelho Segundo São Marcos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 996, 997. Reimpressão