segunda-feira, 6 de julho de 2009

PODEROSO É DEUS

“Porque quando estou fraco então sou forte” – 2Coríntios 12:10b.

VIVEMOS NA ERA de um superlativo estranho em que as pessoas se autoidentificam como super qualquer coisa, desde que seja super, senão, nada vale, mesmo diante de um enorme contrassenso. O mundo delas é supertudo, posto que tudo tem que ser super, do contrário, estão fora. Todos querem mandar, conduzir. Ninguém quer obedecer, ser conduzido. Todos se consideram supercapazes. Desde o mais simples mortal até certa casta de pessoas que se dizem não nascerem para ser cauda, mas, sim, cabeça, tal qual certa classe de políticos que se apodera do poder ou do dinheiro público com o discurso de arquitetar obras faraônicas nunca vistas, aqui, muita vez, literalmente, já que nunca se veem mesmo, posto que esta verba geralmente é desviada para outros fins nem tão bem esclarecidos, mas que foi intermediada para o direcionamento, entre aspas, de uma superobra para o povo a qual ninguém jamais viu e da qual ninguém jamais se esquecerá. E quando estas superobras são finalmente concretizadas, isto é, no caso delas real e definitivamente serem desfrutadas como um bem público pelo seu devido público – se é que elas já não se transformaram em fantasmas, assombrando o povo, seu maior e principal beneficiário de fato e de direito, mas que sempre paga tudo como a vítima da vez –, elas são inauguradas com grandes pompas e tudo o que uma superobra tem direito nesse sentido, até superfaturamento e tudo mais, e, daí por diante, naquelas datas propícias, sempre fazem o povo se lembrar delas: “Você se lembra de tal obra? Fui eu que fiz!” Muitas delas nem servem mais para nada, ou já estão ultrapassadas, enferrujadas, fora de uso, mas estão lá, nos discursos, no papel ou na memória de alguns. Pobres daqueles que não se alinham nesse time, que fazem o seu trabalho de formiguinha, dia após dia persistindo no seu sonho, e que, vindo do nada, aos poucos, vão crescendo, tentando chegar ao topo pelas bases, educando os seus simpatizantes, persuadindo os incrédulos, preventivamente, alertando-os contra estes tais superpoderosos, na esperança de também um dia realizar este seu grande sonho naquele grande dia. “Ah, coitado, este veio do nada, lá de baixo! Aonde quer chegar?” Dizem, e viram-lhe as costas, debochadamente. Outros até se lembram de quando esta personalidade vivia na sua humilde simplicidade junto a seus familiares lá bem longe destes superpoderes. No entanto, esta mesma personalidade também não deixa de ter o seu supersonho. “Como é que ele pôde chegar lá em cima?” Não acreditam! Escandalizam-se, e não aprovam. Por estes dias, e até hoje ainda faz grande alvoroço na mídia por meio de seus apaixonados admiradores, dados os seus milhares de fãs espalhados pelos quatro cantos deste planeta, morreu uma personalidade considerada um superstar do rock internacional, e as suspeitas caíram sobre o uso de uma superdose de remédios dos quais dizem que era superdependente, posto que não conseguia dormir sem o tal uso. Seus admiradores ainda choram a sua morte, para eles, uma superperda; e fazem vigília diante de seu túmulo, de sua casa; guardam lembranças, porções de suas peças pessoais, uma gota de seu suor ou sabe-se lá de que mais, obtido durante um show, sendo até capazes de morrerem por causa deste seu ídolo. É isso! Incrível, mas pode acontecer! O mundo é super. E por vias desta superlatividade vive superlativado por um consumismo superdesenfreado, tendendo-se ao supérfluo, confundindo quantidade com qualidade, exageradamente, ou melhor, superexageradamente. E, supervalorizado pelo que tem e não pelo que é, chafurda-se no mesquinho balaio da hipocrisia, do superficial, do preconceito, do fanatismo, da vulgaridade, do egocentrismo, da ignorância e das discriminações. Daí, as suas superconsequências. Veja o mundo em que vivemos, tantos absurdos, tantas necessidades por parte daqueles que não detêm os tais superpoderes, que não são super-homens, não desfrutam dos chiques supermercados ou shopping centers, superigrejas, ou não são supercrentes, superstars, supersupers, ou melhor, o super do super!... e por aí vai, não se sabe para onde nesta megalomania que já virou alienação, um delírio frustrante entre certos seres humanos, enquanto que ninguém se propõe a baixar a guarda considerando que o maior deve servir o menor ou valer-se de ações positivas no sentido de um edificante bem comum; um bem maior que ocasione o bem-estar entre os homens, longe das rebeldias, exaltações, e tantas barbaridades desde mundo frio e cruel.

A Bíblia diz que Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes, ou seja, Deus cuida dos mansos de espírito. “A soberba do homem o abaterá, mas a honra sustentará o humilde de espírito”, pois, segundo os comentaristas, o pecado da soberba não permite que o insensato se beneficie da sabedoria de outrem, posto que o arrogante coloca-se acima de todos e de tudo, sem o devido temor, muito menos o temor de Deus que é o princípio do conhecimento, e, agindo tresloucadamente, despreza a sabedoria e a instrução. Convém anotar que este temor não significa um temor desconfiado de Deus, medo, terror, ou algo assim, mas, antes de qualquer coisa, consiste na admiração reverente e a resposta da fé em adoração a um Deus que Se revela como Criador, Salvador e Juiz. Os especialistas analisam que, enquanto em Sua graça comum, Deus capacita os indivíduos a saberem muito sobre o mundo, por outro lado, somente o temor do Senhor capacita a pessoa a saber o que alguma coisa significa em última análise. E, dependendo desse entendimento, a sabedoria persegue a tarefa de refletir sobre a experiência humana. “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência.” A sabedoria tem o seu princípio com o temor de Deus, coisa que o cínico escarnecedor jamais poderá compreender.

De superperseguidor de cristãos nos tempos da sua soberba, e da falta do temor de Deus, e apesar de toda a sua empáfia, o apóstolo Paulo foi transformado, e, como personalidade que traz um belo exemplo de um testemunho de conversão através de todos os tempos até os dias de hoje, ele foi alçado pela graça deste mesmo Deus a Quem pensava que poderia afrontar atacando Seus seguidores a ponto de, passado para o outro lado, ser ele mesmo, desta vez, o próprio perseguido, preso e martirizado pelos superpoderosos que antes o apoiavam, invertendo-se aí os papéis tendo em vista a sua nova fé, para a glória de Deus. Assim, revestido deste novo homem criado por Deus em justiça e santidade, Paulo iniciou o seu ministério, pregando nas sinagogas, afirmando que Jesus é o Filho de Deus, diferentemente dos tempos da sua arrogância, confundindo os judeus que, atônitos, quando o ouviam, perguntavam-se: “Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome, e para isso veio aqui para levá-los presos aos principais dos sacerdotes?” Mas Paulo continuou falando ousadamente no nome do Senhor Jesus. A Bíblia diz que, assim, as Igrejas tinham paz, e eram edificadas, e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo. Esse mesmo Jesus que Paulo afirmava que era o Filho de Deus também foi rejeitado até pelos Seus, tamanha era a incredulidade de um povo que não aceitava que Jesus havia deixado Nazaré como uma pessoa comum e voltasse como um rabino rodeado por Seus discípulos. As pessoas não acreditaram que um dos seus patrícios havia recebido uma missão dos céus. Recusaram persistentemente as evidências da presença e do poder de Deus, inibindo, com isso, a operação divina através da incredulidade. E Jesus não pôde fazer ali nenhum milagre. Quanto este fato, os comentaristas afirmam que, embora onipotente, Deus, na Sua soberania, não agirá em prol de bênção, em face da rebeldia humana, e que os milagres de Jesus não são magia, eles são relacionados positivamente à condição moral e à fé das pessoas. E esta fé operada por obra do Espírito de Deus é que nos faz proclamar que todo poder emana somente deste mesmo Deus que é e sempre será absolutamente Soberano e Todo-poderoso nos céus e na terra e de Quem todos os demais poderes somente dEle procedem, para Sua glória, mesmo que tivermos que enfrentar espinhos de quaisquer espécies ou jactâncias por parte daqueles que se autodefinem como super qualquer coisa nesta vida tal qual os superapóstolos dos tempos paulinos que agiam, e agem ainda hoje, não como servos de Deus, mas de Satanás, até mesmo dentro da própria Igreja, tentando impedir aqueles que são predestinados por Deus para denunciar a rebeldia entre os homens. Tentam, mas não conseguem. Nunca conseguiram e jamais conseguirão derrubar a Igreja de Deus, posto que quando pensam que ela está fraca, aí é que ela está forte e inabalavelmente firme na sua Rocha. Vivemos somente pela graça, não por qualquer outro superpoder imposto por homens. Poderoso é Deus que nos aperfeiçoa na nossa fraqueza e humildade para que em nós habite o poder de Cristo. “Por isso, sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo”, proclama o apóstolo Paulo, e, consequentemente, anuncia: “Porque quando estou fraco então sou forte.” Que Deus nos abençoe e nos aperfeiçoe na graça deste Cristo Jesus por meio do Seu Espírito Santo. Amém!

REFLEXÃO DE HOJE
“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte” – 2Coríntios 12:7-10.

LEITURAS DE HOJE
Salmo 119:137-144; Ezequiel 2:1-5
2Coríntios 12:7-10; Marcos 6:1-6

NOTAS
[1] Mateus 20:26-28; 23:11,12; Lucas 22:24-27; 14:11; 18:14; Jó 22:29; Salmo 18:27; Provérbios 15:33; 16:18,19; 18:12; 29:23; Tiago 4:6; 1Pedro 5:5,6; Isaías 66:2 Provérbios 1:7
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p 764
[2] Provérbios 1:7; 9:10; Jó 28:28; Salmo 111:10
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p 726
JONES REES, W. A., WALLS, ANDREW F. Os Provérbios: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 640, 641. Reimpressão
[3] Atos 9:1-31; Efésios 4:22-27; 2Coríntios 11:5,13; 12:7-10; Ezequiel 2:3-5; Deuteronômio 32:4; 2Coríntios 12:9,10
SWIFT GRAHAM, C. E. O Evangelho Segundo São Marcos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 999. Reimpressão