segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

NOSSA MISSÃO

“Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua pátria”Lucas 4:24

AINDA HOJE também não é fácil entender por que as pessoas, assim tão de repente, passam da admiração por alguém aos insultos e intolerâncias ou outros tipos de violência que culminam com mortes, sejam por emboscada, perseguições ou mesmo a queima roupa, assim, na cara dura, e limpa, sem nenhuma máscara nem constrangimento. Sem nos esquecermos de outros abomináveis e diversos tipos de horrores praticados pelos homens em suas trapaças neste mundo tão confuso, perdido e apóstata. Não são raras as vezes que já vimos pessoas sendo idolatradas ou mesmo badaladas, até mesmo pela mídia, e, de repente, estas mesmas pessoas são execradas, achincalhadas, e, perdendo a sua visibilidade, são esquecidas para espanto de muitos. Isso quando não lhes é ceifada a própria vida às vezes por quem sempre esteve ali do seu lado em plena tietagem posando como seu exímio e leal admirador. Também não são raras as vezes que estes tão decantados momentos de amor - entre aspas, é óbvio -, transformam-se, num piscar de olhos, em eternas situações de ódio, de terror, para nunca mais voltar atrás. Quantas vezes já vimos pessoas, depois dos seus parcos minutos de fama, chafurdarem-se num ostracismo tal que, sem poderem se livrar de tanta solidão, ansiedade ou depressão enveredam-se por um trajeto sem volta e fatal? Neste mundo de interesses escusos, nós agimos e reagimos à nossa maneira, a nosso bel-prazer, não importando o alvo, desde que nossas vantagens sejam salvaguardadas, doa a quem doer. Basta que alguém nos oponha nestas nossas regalias ou benesses. Basta que a verdade de algumas de nossas sujeiras venha à tona. Quantas vezes já vimos, ouvimos ou nos envolvemos em alguns destes itens ou em situações semelhantes? Se dizem que a verdade dói, pode-se inferir que a mentira é suave, não dói; é lucrativa, de um jeito ou de outro. Balelas à parte, posto que neste me engana que eu gosto, muitos fazem de tudo para tirar o pé da lama a seu modo, e se acham os tais, e ninguém tem nada com isso, ameaçam debochadamente, ludibriando a si mesmos, pensando que realmente estão longe deste lamaçal todo; que nada lhes atinge, e que os outros em derredor são lixo. E assim caminha a humanidade nesta sua perigosa trilha tão íngreme que ameaça até o mais tímido e precavido daqueles que tentam mudar o rumo desta prosa há séculos tão bem ensaiada. Nos tempos de Jesus, tais situações também não eram tão diferentes. Talvez tenha mudado apenas o jeitão da coisa, mas as intenções eram as mesmas. As pessoas faziam tudo o que era possível, e até o impossível, para poderem eliminar quem tentasse mudar os seus planos. O próprio Senhor Jesus também não esteve imune a estas ocasiões de insultos, perseguições, e até mesmo de tentativas de linchamento até atingir Sua morte na cruz. Como evangelista, Lucas insiste em mostrar que o conflito e a perseguição acompanham todos os instantes da vida pública de nosso Senhor que, para alguns especialistas, podem ser interpretados como o prelúdio que apresenta o destino do Mestre, já anunciando o drama da Sua morte quando foi humilhado, vergonhosamente chicoteado e chacoteado, sendo conduzido para fora da cidade para ser crucificado como um ente qualquer, porém, muito perigoso para seus algozes.

Mesmo depois de percorrer várias regiões levando o Seu ensino a todas aquelas nações, mesmo desenvolvendo um intensivo ministério, e sendo admirado por onde passava, mesmo assim, o Senhor Jesus também tinha lá os Seus desafetos. Um fato que é relatado pelos quatro evangelistas mostra que até mesmo na Sua própria terra natal Jesus não era bem recebido. Jesus ensinava nas sinagogas, era louvado por onde quer que passava, menos pelos Seus próprios conterrâneos que O viram crescer junto deles até quando recebeu o batismo de João e saiu pelo mundo a pregar Sua Mensagem de salvação. Uma Mensagem que até hoje ainda muda toda uma situação de sofrimento, de angústia, de perdição, até então vigente. Uma Mensagem de cura, de quebrantamento, de restauração de vidas, e que põe em liberdade aqueles que se sentem oprimidos e escravizados pelos seus mais diversificados tipos de déspota, de pecado. Mesmo assim, os habitantes de Nazaré, e até mesmo os Seus próprios parentes, não acreditavam em Jesus. Assim como ainda hoje muitos também não acreditam, mesmo estando passando pelas mais diversas provas. Não se curvam. Priorizando Sua opção pelos pobres ou mais desvalidos, tanto natural quanto espiritual - mas jamais optando pela acepção das pessoas -, o Senhor Jesus, ao anunciar tais necessidades, também traça o perfil do Seu ministério, ou seja, Suas prioridades no Seu Reino, mas aquele povo só queria mesmo era continuar com suas mesmices ao sabor dos seus prodígios e fantasias, das suas crendices e tradições - e olha que o Senhor nem havia ainda falado sobre o dia da Sua vingança -, tal qual nos dias de hoje quando o Seu nome é anunciado. É difícil as pessoas acreditarem que o verdadeiro milagre é e está na Palavra de Deus que nos faz nascer de novo para uma verdadeira libertação em nossas vidas. Basta crermos nisso. É a Palavra que nos liberta das nossas preferências terrenas para voltarmos a enxergar a verdadeira riqueza que Deus tem reservado para cada um de nós por meio da nossa fé. Sim, o Senhor Jesus veio para pregar a liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos e dar liberdade aos oprimidos. Quem e o que é que tanto nos sufoca, que nos obscurece a nossa visão para não vermos nitidamente e não entendermos o verdadeiro conteúdo da Mensagem salvadora, ou seja, da própria Palavra de Deus revelada, conforme é anunciada, e que este mesmo Senhor nos ensina como ela deve ser apreendida dentro de nós? O que é que nos move a procurarmos esse Jesus? Ou será que apesar de tanto orarmos, se é que realmente oramos, e não alcançando os objetivos de nossas petições, aí, então, jogamos tudo para o alto, e, desesperadamente, corremos atrás de bruxos, astrólogos, benzedores, adivinhos, seitas religiosas e heresias que prometem mundos e fundos, e tudo o que desejamos, mas que, no fundo, tudo não passa de um barco furado que nos despeja num asqueroso lamaceiro cujos dirigentes só querem mesmo é encherem os bolsos de dinheiro por conta da nossa ignorância, inclusive pela falta de conhecimento da própria Palavra de Deus? O povo sofre por falta de conhecimento. E este conhecimento está nas Sagradas Escrituras. Será que também fazemos como os habitantes de Nazaré, que se revoltaram contra Jesus porque não conseguiram os seus objetivos, ou seja, não entenderam claramente o que o Senhor lhes havia dito a respeito do Seu chamado ministerial, ou seja, a Sua Mensagem salvadora? Mesmo assim, nosso Senhor não somente não fez o que eles pediram, mas ainda os levou a refletirem sobre o desprezo que as pessoas dão quando um mensageiro de Deus não é reconhecido como tal.

Muitos de nós ainda hoje também somos motivos de chacota quando mudamos o rumo de qualquer prosa e nos direcionamos para as coisas de Deus, um assunto de mais conteúdo, um assunto que trata das coisas do alto, mas que chateia os incrédulos, deixando-os desconfortáveis diante de tão eficaz mensagem. E a missão daquele que tem esse chamado é ir a todas as nações, fazer discípulos, ensinando as pessoas a guardarem todas as coisas que Jesus ensinou. A estes nosso Senhor confirma que estará com eles até a consumação dos tempos. E estes são os Seus próprios discípulos; aqueles que, como o próprio Cristo, obedeceram ao chamado do Mestre, assim como também o Filho obedeceu a Seu Pai quanto ao resgate dos eleitos de Deus. Se somos chamados, só temos que obedecer, e nada mais, posto que as demais coisas o Senhor providencia, mesmo se nos defrontarmos com quem consideramos o nosso pior inimigo. O Senhor mandou, tem que cumprir. O Senhor chamou, tem que seguir; tem que obedecer. O Senhor tem autoridade para nos comissionar, tendo em vista a razão primária para o evangelismo e missões. Posto que o domínio de Cristo é universal, o Evangelho deve ir ao mundo inteiro, dizem os comentaristas. Ressaltam ainda que, ao ensinar a santidade prática, Jesus ensinou a Seus discípulos não simplesmente em que devem crer, mas também em como devem obedecer. Se ministério significa trabalho, ou melhor ainda, significa serviço prestado a Deus ou às pessoas que, na Igreja, tem como alvo a edificação das pessoas com vistas a maturidade coletiva em Cristo, esse trabalho não tem nada a ver com as mordomias deste mundo, com as facilidades dele, e suas mazelas; é trabalho duro que nos requer especiais dons que só mesmo o Senhor da obra pode nos orientar, qualificando-nos para prestarmos tais serviços. Foi seguindo esta obediência que o então jovem Jeremias recebeu de Deus o seu chamado para o seu ministério profético, que era o de anunciar o julgamento divino contra Judá, por causa da idolatria. A tarefa ministerial não é fácil. É sempre uma missão difícil e arriscada a nossos olhos. Jeremias sabia disso, ele tinha que anunciar a Palavra aos reis, aos governadores, aos sacerdotes e a todo o povo em meio a todo aquele ambiente adverso de idolatria, de alguns fracassos, e de intolerância, como acontece a todos quando iniciam esta missão de profeta por mais simpáticas que estas pessoas sejam até então. Estes mensageiros são marginalizados, criticados, tanto é que Jeremias até fez algumas objeções diante de Deus quanto à sua convocação, dizendo que não sabia falar, que era ainda muito jovem. Mas o SENHOR lhe disse: “Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem Eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás.” Antes, porém, o SENHOR já lhe havia esclarecido tudo sobre a sua criação e eleição, no sentido de conhecê-lo desde muito antes de ele ter sido gerado no ventre de sua mãe. Assim como aconteceu com Moisés, e o apóstolo Paulo, Deus também havia separado Jeremias para o ministério antes mesmo do seu nascimento. Assim, os especialistas consideram que o chamado de Jeremias baseou-se num profundo sentido da iniciativa de Deus, como se Jeremias tivesse sido predestinado para o cargo desde que nasceu, antes, até, de ser concebido - como um caso de determinismo espiritual. Consideram ainda que o caráter dramático do chamado de Jeremias realça o princípio de que quando Deus chama alguém para uma missão, Ele o prepara para isso, apesar de uma extensa lista das nossas fraquezas e limitações, e também de estarmos expostos a derrotas e de sermos vítimas de ódio dos nossos inimigos, além de nos tornarmos objetos de disputa e de discórdia. No entanto, Deus nos garante Sua presença em meio a tudo isso, habilitando-nos. Como Jeremias, nós também antevemos dificuldades, mas Deus promete nos libertar, posto que Ele não nos chama para uma missão sem pretensões de nos ajudar a executá-la conforme Suas próprias metas. Deus não brinca em serviço nem pretende nos colocar em vexames. Entretanto, Deus exorta o profeta a não desanimar nem atemorizar diante do conteúdo de tão árdua tarefa para que também ele não seja envergonhado pelo próprio Deus diante daqueles a quem a Mensagem deve ser anunciada. “E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque Eu sou contigo, diz o SENHOR, para te livrar.” É isso, com Deus, seremos invencíveis diante de nossos inimigos, posto que a nossa esperança, o nosso conforto, estão somente nEle que nos conhece desde antes da fundação do mundo e de cuja vontade é a causa final de todas as coisas. Sem a vontade de Deus - que é soberano absoluto sobre todas as coisas - as coisas não se movem. Ou seja, sem o mover de Deus nada acontece. Se Deus quiser, tudo acontece, e de uma maneira bem venturosa. Nas mãos dEle é que está a verdadeira e plena vitória. Como quem confirma este livramento quando nos encontramos em dificuldades, Lucas cita que ao ser ameaçado de linchamento e morte por certa turba cheia de ira, o Senhor Jesus, “porém, passando pelo meio deles, retirou-Se” tranquilamente. É isso. É mais um motivo de conforto e alegria seguirmos ao SENHOR que, como Cristo, também somos chamados para anunciar uma Mensagem de libertação, de esperança, de um mundo melhor e livre dos males que tanto afetam a sociedade em nossos dias. É certo que encontraremos oposição, que estaremos sujeitos a calúnias, a perseguições, mas uma coisa também é certa: somos protegidos por Deus, que nos chamou e nos comissionou para levar em frente a Sua obra, a Sua Mensagem salvadora. Com o SENHOR nosso Deus à nossa frente, autorizando-nos a prosseguir, passaremos em meio a nossos inimigos e agressores, e iremos em frente, como assim o fez o Senhor Jesus que, com segurança, venceu o mundo levando a Sua Mensagem de paz e amor fraternal, sem nenhum plágio. Jesus e Jeremias, dois belos exemplares de pessoas fiéis à própria missão que lhes fora incumbida por Deus, e que levaram até o fim com ousadia e autoridade dadas pelo próprio Deus. Anunciando coisas desagradáveis a este mundo cruel, eles não titubearam; foram em frente, seguindo Aquele que lhes autorizava ir e anunciar a Sua Palavra de salvação. Com ou sem rejeição, eles foram em frente, e venceram. Qual é a nossa posição quando ainda hoje também somos chamados a levar uma tão importante Mensagem? Qual é a nossa postura diante de Deus quando somos chamados a desempenhar a nossa missão? Somos zelosos e levamos a sério esta responsabilidade? Titubeamos covardemente ou obedecemos ao Soberano Senhor da obra que nos garante a vitória? Que miremos nestes exemplos assim como em tantos outros que a Palavra nos revela para o nosso próprio bem. Que o Dono da obra nos guie, e nos abençoe, nessa nossa caminhada!

REFLEXÃO DE HOJE
“Assim veio a mim a Palavra do SENHOR, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino. Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem Eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o SENHOR. E estendeu o SENHOR a Sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca; olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e para derrubares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares. Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto Eu te mandar; não te espantes diante deles, para que Eu não te envergonhe diante deles. Porque, eis que hoje te ponho por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra, contra os reis e Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra. E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque Eu sou contigo, diz o SENHOR, para te livrar.” – Jeremias 1:4-10,17-19

LEITURAS DE HOJE
Salmo 111; Jeremias 1:4-10
1Coríntios 14:12-20; Lucas 4:21-32

NOTAS
[1] Marcos 3:20,21; João 7:5; Marcos 6:1-6; Mateus 13:53-58; Lucas 4:21-29
ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra. Ano C. Trad. por Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: AM Edições, 1996. p. 240-244
[2] Lucas 4:18,19, 21; Mateus 22:29; João 20:9; Lucas 4:25-27
MACLEOD, A. J. O Evangelho Segundo São Lucas: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1034. Reimpressão
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1188
[3] Mateus 28:18-20; Gênesis 12:3; Efésios 4:7-16;Atos 13:2; Romanos 15:16;Atos 6:3; 1Timóteo 3:1-13; Tito 1:6-9; Jeremias 1:4-10,17-19;Gênesis 18:19; Amós 3:2; Êxodo 2; Gálatas 1:15; Salmo 135:6; Provérbios 21:1; Mateus 10:29; Isaías 46:10; Lucas 4:30
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1143, 1144, 861
ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra. Ano C. Trad. por Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: AM Edições, 1996. p. 237, 238
CAWLEY, F. Jeremias: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 744. Reimpressão