sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal?


Natal
Ano-novo
De novo?
Correrias
Presentes
Consumismo
Hipocrisias
De novo?

O que há de novo, então?
O que há de novo, de fato?

E no seu coração?

"Eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria
que será para todo o povo
É que hoje vos nasceu o Salvador
que é Cristo
o Senhor"

"E o seu nome será Maravilhoso Conselheiro
Deus Forte
Pai da Eternidade
Príncipe da Paz"

São estas as boas-novas de salvação
Esta é a novidade

Quem crê nisso?

Você crê nisso?

Pense nisso!....

Experimente!....

E Feliz Natal
Feliz Ano-novo!
Todo dia!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ALEGRIA EM MEIO ÀS AFLIÇÕES

“Naquele dia, nada me perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome. Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.” - João 16.23,24 (leia todo o contexto: versos 16 a 33).

“Sorria, você está sendo filmado!” Quem já não ouviu essa frase ou já não leu em algum lugar de destaque? Ela aparece muito em ambientes fechados, mas de muita aglomeração pública, principalmente quando nos obrigam a ficar horas e horas esperando algum atendimento tipo repartição pública e outros locais semelhantes em que sofremos nas mãos daqueles que estão do outro lado do balcão e onde também se pode ler outra estranha e, no mínimo, irônica inquirição: “Você já sorriu hoje?”

Talvez todos esses dizeres tenham como objetivo imprimir-nos um sentido de que sorrir é ter alegria, é ser ou estar feliz, é ter muita paciência e aguentar firme ali, aconteça o que acontecer que, no final, tudo vai dar certo. Será? Isso não seria mais uma figura de retórica com o intuito de nos acalmar em momentos tão angustiantes que às vezes nos atormentam dias e dias? Será que temos essa capacidade de nos satisfazermos uns aos outros por meio de uma alegria perene ou de uma felicidade plena?

Dia 6 de novembro comemoramos o Dia Nacional do Riso. Em meio a importantes questionamentos, a mídia provoca-nos a refletir sobre estudos que tentam descobrir como um ato tão divertido afeta o corpo e a vida das pessoas, além de querer mostrar que os efeitos do riso vão muito além de uma sensação de bem-estar [1]. Mas qual é o efeito do riso em nossas vidas? Rir é mesmo o melhor remédio? Mas que espécie de riso é esse? O que expressa um sorriso sincero, mesmo em meio às nossas aflições? Quem é capaz de nos trazer a alegria verdadeira, a alegria que supera todas as nossas tribulações?

Quantas vezes nos enveredamos por caminhos adversos em busca de alguma alegria ou daquilo que pensamos ser a nossa felicidade em meio a uma vida, muitas vezes, estressante, turbulenta, solitária e falsa! Quantas vezes em meio a nossos desesperos ou precipitações, diante das nossas aflições e tribulações, desanimamo-nos, e nos perdemos no meio deste caminho porque fizemos escolhas erradas, e não encontramos a verdadeira paz, a alegria que supera as nossas aflições, e muito menos em quem nos apoiar, compartilhar ou desabafar.

A Palavra de Deus é atualíssima, e fala conosco todo dia. Ao tratar desses nossos conflitos, de um jeito ou de outro, mesmo lidando com os contrastes desta vida, assim como os conceitos opostos, conceitos estes que ainda influenciam nossos dias, tais como os conceitos de luz e trevas, de fé e incredulidade, de amor e ódio, de vida e morte, de bem e mal, de alegria e tristeza, o Evangelho de João toca-nos profundamente.

Escrito por volta dos anos 90-96 d.C., e tendo como destaque o ensino, seu público-alvo é a Igreja. Sua palavra-chave é “crer”. É tido como o coração das Escrituras, e seu principal objetivo é que creiamos que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e que, crendo, tenhamos vida em Seu nome [2]. No esboço deste Evangelho, desde o prólogo ao epílogo, passando pelo ministério público de Jesus, Sua paixão e ressurreição, isso é notado de maneira persuasiva e contundente.

O texto do capítulo 16, versos 4b a 33, fala-nos da alegria que supera a tribulação. Mas este assunto já começa a ser tratado bem antes, desde o capítulo 14 - quando Jesus conforta os discípulos, tendo em vista Sua morte e ressurreição, já que Ele precisava ir, mas voltaria, e os receberia para Ele mesmo porque na casa de Seu Pai há muitas moradas. Ele iria preparar o lugar deles - versos 1 a 4. “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim”, conforta Jesus, no verso 1. Já nos versos 16 e 17, em meio a esse misto de tristeza e alegria, Jesus promete-lhes outro Consolador, o Espírito da Verdade que o mundo não conhece, mas eles O conhecem porque Ele habita neles e estará neles.

No capítulo 15, Jesus dá uma pausa em Seu discurso para falar da metáfora da videira, como se nos dissesse que Ele vai, sim, e que Ele voltará, sim, mas ai de quem não estiver com Ele até o fim, enxertado nEle, dando frutos com Ele. “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” - verso 5.

Já, no capítulo 16, versos 16 a 22, Jesus explica a missão do Consolador, e responde as perguntas dos discípulos por meio de contraposições, de contrastes, como a alegria e a tristeza, além de uma parábola que fala das dores de parto - significando tristeza, e do prazer de ter nascido ao mundo um homem - expressando alegria.

Ou seja, sem Jesus - tristeza; com Jesus - alegria. E, por falar nisso, como está você hoje? Alegre ou triste? Como andam ou por onde andam a sua alegria ou a sua tristeza?

Diante de todos esses fatos, a gente se coloca no lugar daqueles discípulos, no lugar do próprio Jesus, como homem que também era. Naqueles anos todos de convivência mútua, de comum união, de tanto aprendizado, de amizade, de confiança, apesar das dificuldades e diferenças inerentes a cada um deles, agora, depois de três anos de um intenso trabalho juntos, o Mestre fala-lhes de despedidas, e que vai embora...

Se isso se passasse conosco, qual seria o nosso comportamento? Qual tem sido o nosso cuidado quando passamos informações delicadas e importantes em momentos difíceis? Como dizer a verdade sem deixar sequelas, tristezas, já que essa verdade teria que ser dita? Como não expressar nem deixar transparecer a tristeza nem o desânimo nessas horas? Como deixar um traço de alegria onde paira a tristeza?

Os versos 23 e 24 acentuam essa alegria com notáveis características que devem marcar um novo tempo em nossas vidas.

1. A origem da nossa alegria. Onde está e em que consiste essa origem da nossa alegria? Por que Jesus afirma isso? Por que “naquele dia”? Que dia é esse? “Naquele dia, nada me perguntareis” - verso 23a.

A origem da nossa alegria está em poder entender, e compreender, o que Jesus tem para nos dizer, para nos oferecer, e praticarmos, desfrutando tudo isso ao lado dEle, aqui e na eternidade.

Jesus explica aos discípulos que eles já não têm mais que perguntar-Lhe sobre as dúvidas deles, já que havia dissipado o tipo de confusão em que há pouco eles estavam envolvidos - versos 16 a 18, porque, mesmo que Sua presença física fosse retirada do meio deles, Sua presença espiritual permanece com eles por meio das obras do Espírito, começando com o Pentecostes, e continuando durante toda a vida da Igreja, e, finalmente, na eternidade.

Os discípulos pensavam que a expressão “um pouco” contradizia a declaração de Jesus sobre a ida dEle para o Pai - versos 17 e 18.

“Um pouco, e não mais me vereis; outra vez um pouco, e ver-me eis” - verso 16. A primeira expressão refere-se à crucificação, a morte de Jesus, que tiraria Jesus do meio de Seus discípulos - ou seja, uma situação de tristeza - “Um pouco, e não mais me vereis”. A segunda expressão pode referir-se imediatamente ao tempo da própria profecia, da ressurreição, da vinda do Espírito, e também, mais remotamente, da Segunda Vinda de Cristo - isto é, uma situação de alegria - “outra vez um pouco, e ver-me eis”.

Se os discípulos estavam tristes diante de todo aquele ambiente de despedida, até então, de ansiedade e insegurança, eles só puderam estar seguros de sua alegria quando o próprio Jesus lhes explicou tudo direitinho, esclarecendo toda aquela situação, e dúvidas, prometendo-lhes que “ninguém poderá tirar” deles esta alegria - verso 22.

Mas que alegria é essa? A alegria da Sua volta após Sua morte. A alegria da ressurreição. A alegria da presença do Espírito. A alegria de estarem juntos com Ele na eternidade. A alegria da paz depois das suas inquietações. A alegria da resposta das suas petições. A alegria da resposta da oração eficaz em que o Pai ouve e atende as nossas súplicas “em nome de Jesus”, o Deus-Redentor, o Mediador entre Deus e os homens.

Ainda sobre essa mesma temática, utilizando-Se destes mesmos contrastes entre tristeza e alegria, o Senhor Jesus vai mais longe, destacando o nosso passado, o presente e o futuro, e a atuação de Deus no comando de tudo. A parábola da mulher grávida - verso 21, apesar de sua simplicidade e naturalidade, está repleta de ecos de profecias do Antigo Testamento, e tem a função importante de enfatizar a natureza escatológica dos eventos citados por Jesus. A figura das dores de parto é frequente no Antigo Testamento quando se trata de julgamento - cf. Isaías 21.3; Jeremias 13.21; Miqueias 4.9,10.

Isaías 66.7-14 é um exemplo desta imagem aplicada à figura da Nova Jerusalém, ao nascimento de uma nova comunidade. Ou seja, a obra da Igreja de Cristo e o seu nascimento no dia de Pentecostes em que três mil almas foram convertidas e as boas-novas de salvação se espalharam pelo mundo conhecido naquela época.

2. A razão da nossa alegria. Em que consiste essa razão da nossa alegria? Quem é essa razão da nossa alegria? Que poder tem esse nome? Realmente acreditamos nesse nome? “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome” - verso 23b.

Muitas vezes, nós também nos deparamos com encruzilhadas que nos confundem, e não temos a quem perguntar qual é a saída, ou melhor, por qual caminho deveríamos trilhar com vistas a um final feliz.

Muita vez, buscamos a nossa felicidade por nossas próprias mãos, e aqueles que pensávamos serem nossos verdadeiros amigos desaparecem. Não correspondem às nossas expectativas. Abandonam-nos. Decepcionam-nos.

Muita vez, mergulhamos pelos caminhos mais abjetos que só mesmo depois de experimentá-los, e sofrermos as consequências, é que percebemos a roubada em que entramos, pensando ser a saída.

Talvez tenhamos, sim, momentos de alegria, mas que são apenas momentos. São tão passageiros que temos que repeti-los, esforçando-nos em vão e dolorosamente, perseguindo aquela felicidade que nunca tivemos, numa tentativa de perpetuarmos esses momentos. Assim, eles nos escravizam, como o mundo das drogas, que nos viciam, ou da prostituição, que nos joga na lama, ou ainda de tantas outras atitudes e situações em que nos afundamos que só nos contradizem e desfiguram ainda mais a nossa imagem já muito longe da original quando se trata da semelhança ao Supremo Criador ou da coroa da criação.

Muita vez, buscamos a nossa própria felicidade, tentando encontrar a nossa própria alegria por nossos próprios meios, pelas nossas próprias mãos, e cavamos o nosso próprio precipício, esquecendo-nos de que Jesus é a única razão da nossa alegria. A nossa alegria está somente nEle, e vem somente dEle, porque o Pai nos concede todas as coisas por meio dEle. Ele é o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Ele.

3. Por que, então, não somos alegres? Por que, então, não somos felizes? A quem recorrermos nos momentos difíceis? Em quem depositarmos a nossa total confiança? “Até agora nada tendes pedido em meu nome” - verso 24a.

Não somos alegres, ou felizes, porque olhamos apenas para as nossas circunstâncias, valorizando-as demasiadamente. Olhando apenas para o nosso umbigo, não pedimos ao Pai como deveríamos pedir. Pedimos mal. Egoisticamente, pedimos para esbanjarmos em nossos próprios prazeres. Pedimos sem a devida fé. Pedimos como se jogássemos numa loteria. Pedimos não confiando plenamente em Deus [3].

Também devemos pedir em nome de Jesus porque Deus só nos aceita por meio dEle. O Pai somente nos aceita por meio do Filho.


4. O que fazer para sermos alegres, e, realmente, sermos felizes? Será que estamos fazendo as nossas escolhas corretamente? Em quem e como estamos depositando a nossa alegria, a nossa felicidade, os nossos questionamentos e petições? “Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa” - verso 24b.

Para que essa nossa alegria seja completa, basta colocarmos com total confiança as nossas alegrias em Jesus, não nas nossas circunstâncias. Paulo tem um belo exemplo disso, e é dele este alerta: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos” - Filipenses 4.4.

Juntamente com as epístolas aos Efésios, Colossenses e Filemom, a epístola de Paulo aos Filipenses está incluída no grupo das epístolas conhecidas como “as epístolas da prisão”.

Em Filipos foi fundada a primeira Igreja Cristã na Europa. Dizem que os filipenses foram um povo hospitaleiro que muito contribuiu para o auxílio de Paulo em suas viagens missionárias - Filipenses 4.15,16. Paulo esteve por três vezes na cidade de Filipos. A alegria é um dos temas dominantes em Filipenses, conhecida como a “epístola da alegria”

Mas o que nos intriga, e muito nos ensina, é que Paulo, quando escreveu esta epístola, estava preso em Roma. Como é que uma pessoa, mesmo estando presa, sofrendo tantas aflições, humilhações, pode falar, escrever, aconselhar, e até incentivar-nos a que devemos nos alegrar?

“Alegrai-vos sempre no Senhor”, e ele ainda insiste: “outra vez digo: alegrai-vos”. Estas palavras nos advertem que somente em Cristo é que nós devemos nos alegrar, não importa a situação que estamos passando. Alegremo-nos sempre.

Eu e você devemos alegrar continuamente. Nós é que devemos praticar esta ação. Nós é que devemos nos alegrar no Senhor. Nós é que temos que tomar uma atitude, porque Deus já fez tudo por nós. Deus já fez Sua parte nesse sentido. A ação depende agora de nós, porque Deus já nos enviou o Seu Espírito para habitar conosco.

A obediência a esse mandamento é sempre possível, mesmo em meio a conflitos, adversidades e privações, porque a alegria não repousa em circunstâncias favoráveis, mas “no Senhor”, e Paulo recorre à repetição para enfatizar essa verdade [4]. O Espírito do SENHOR está em mim. O Espírito do SENHOR está em você. Então, por que não agimos?

Se mirarmos somente em Jesus, todas as nossas dúvidas e incredulidades se dissiparão em meio a este mundo de contrastes e confusões, de mentiras e contradições, de incertezas e solidão. A nossa verdadeira alegria e o caminho que devemos seguir para alcançá-la estão somente em Jesus. Somente Ele é que nos consola em nossas aflições.

A plenitude e a perenidade da nossa alegria, e, consequentemente, da nossa felicidade, estão apenas e tão somente em Jesus. E se nós estivermos em plena comunhão com Ele e obedecermos a Seus mandamentos, tudo o que pedirmos no nome dEle, Ele nos concederá.

Entregue-se a Jesus! Entregue-se de corpo e alma. Entregue-se de verdade. Entregue-se plenamente, e Ele lhe trará tantas alegrias que você nem imagina, porque grandes coisas Ele faz por aqueles que nEle creem.Somente nEle você tem a verdadeira alegria. Somente nEle você é feliz de verdade. Experimente essa alegria! Experimente essa felicidade! Experimente esse desafio!

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1 GONÇALVES, Letícia. Rir faz mesmo bem à saúde? Disponível em www.minhavida.com.br. Acesso em 06/11/2011

2 João 20.30,31

3 Tiago 4.3

4 Biblia de Estudo de Genebra, 1999, notas, p. 1418 - cf. Romanos 12.12; Lucas 10.20

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A ESSÊNCIA DA VERDADEIRA ADORAÇÃO


Nestes tempos do vale tudo, inclusive nos cultos e púlpitos de nossas Igrejas, Samy Anderson vem a público compartilhar sua reflexão sobre como devemos adorar a Deus “em espírito” e “em verdade”, destacando a essência da verdadeira adoração, tendo em vista um fortalecimento espiritual da nossa vida cristã.

Além de cumprir um inestimável alerta contra os falsos profetas e falsos mestres, e também – por que não? – os falsos crentes, que vêm atraindo muitas pessoas também em nossos dias, este livro é importante, não somente a todos os que aspiram ser um verdadeiro adorador dAquele que requer a nossa adoração do jeito que Ele mesmo exige ser adorado, mas também devido ao seu conteúdo, que foi pesquisado e elaborado por meio de vocábulos buscados na fonte e apresentado em linguagem acessível. José Camilo dos Santos - Pastor e jornalista.

Que Deus provoque a reflexão devida sobre essas questões no meio do Seu povo através deste livro. É o nosso desejo e a nossa oração. Solano Portela - Presbítero.

Procura intensa.O assunto desperta grande interesse.








Onde encontrar
e-mail: samyanderson@ig.com.br - tel.(19) 3039-0707 - distribuidores autorizados - principais livrarias da sua cidade.

Quem é Samy Anderson

Casado com Kelly, e pai de Vitória, o Rev. Samy Anderson é graduado em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e cursou a disciplina de Sociologia da Religião para pós-graduação em Sociologia na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). É professor de línguas originais, exegese bíblica e Teologia Contemporânea no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil, em Limeira, SP. Hoje, com 32 anos de idade e 12 de ministério, o Rev. Samy Anderson atua como pastor na Igreja Presbiteriana Fundamentalista no Parque Novo Mundo, em Limeira, SP.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A CERTEZA DA SALVAÇÃO

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação,mas passou da morte para a vida.” - João 5:24

Quantos de nós temos certeza da nossa salvação? Você acredita que o verdadeiro crente pode perder a salvação? Uma vez salvo, salvo para sempre? Ou não? Quem é que nos garante a salvação - se é que ela realmente existe -, nós mesmos, por nossos próprios méritos, ou pelos méritos de quem? O que é essa salvação? O Senhor Jesus realmente tem poder para salvar?

Segundo O Novo Dicionário da Bíblia, o conceito de "salvação" está relacionado à “saúde”, “ajuda”, “cura”, “recuperação”, “redenção”, “remédio” ou “bem-estar”,e significa a ação ou o resultado de livramento ou preservação de algum perigo ou enfermidade, subtendendo segurança, saúde e prosperidade.

Nas Escrituras, isso parte dos aspectos mais físicos para o livramento moral e espiritual.

O Novo Dicionário da Bíblia ainda diz que o Novo Testamento indica a inclinação do homem para o pecado, seu perigo e potência, e também o livramento que pode ser encontrado exclusivamente em Cristo, e que a Bíblia nos fornece um relato que desdobra como Deus proveu a base da salvação, tendo-Se apresentado pessoalmente como a salvação do homem.

Isso posto, quem tem, então, o pleno poder para nos garantir a salvação e nos livrar de todo o mal, física e espiritualmente, senão o próprio SENHOR nosso Deus, em Seu Filho Jesus Cristo?

Além de outras manifestações encetadas pelos assumidamente não-regenerados, os hipócritas, que se deixam enganar com suas falsas esperanças lisonjeados pelo amor próprio e traídos pelo espírito de autojustiça e autoconfiança - nos dizeres de Hodge, comentando a Confissão de Fé de Westminster -, também existem pessoas que, paradoxalmente, se dizem cristãs, mas que não têm essa segurança da sua salvação.

Não é à toa que vivemos em tempos de relativismo, de especulações, de controvérsias. Ainda hoje nos deparamos com essa questão da certeza da salvação, da autoridade salvadora de Jesus e Sua divindade.Ainda hoje muitos acreditam que esse assunto depende exclusivamente de cada um de nós. Ou ainda que esse assunto de vida eterna, de salvação, é papo furado, e que Jesus não tem todo esse poder de salvar ninguém, já que Ele nem mesmo Filho de Deus é, e muito menos Deus.

Não é à toa que o texto de João 5:24 encontra-se bem no centro dos 47 versos do capítulo 5 desse Evangelho.Por se tratar de uma bela conclusão de uma exposição lógica feita por Jesus aos incrédulos judeus em que não existe meio termo. Em seu Evangelho, João estabelece as duas respostas possíveis à mensagem de Jesus sobre Sua Pessoa e Sua obra. Não há neutralidade com respeito a Jesus. Neste Evangelho nos defrontamos, desde o início, com a necessidade de escolher entre a fé e a incredulidade.

O capítulo 5 destaca a unidade do Ser e a atividade do Pai e do Filho, e a autoridade de Jesus (5:1-47), incluindo discursos em que Jesus explica Sua missão (5:19-47) e Sua filiação divina (5:19-29), além de Ele mesmo apresentar as testemunhas que falam da Sua autoridade e da Sua divindade - testificadas, segundo Ele mesmo diz, por João Batista, por Suas próprias obras, pelo Pai, pelas Escrituras e por Moisés (5:30-47).

Entretanto, a autoridade de Jesus procede do Pai que confiou a Ele os papéis de Doador da vida e Juiz (5:19-30), e os destaques destes discursos só foram possíveis devido a um conflito entre Jesus e os judeus que questionavam a autoridade de Jesus por causa da cura de um paralítico junto ao tanque de Betesda no dia de sábado (5:1-18).

Os versos 16 e 17 afirmam que os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lO, “porque fazia estas coisas no sábado”. Mas Jesus lhes dizia: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.”

Os especialistas afirmam que essa controvérsia a respeito do sábado foi o estopim de uma insistente polêmica sobre a tão discutida natureza da mensagem de Jesus como Messias e Deus. Isso provocou uma crescente reação de incredulidade entre a liderança religiosa de Israel (5:1-12:50).Parece que foi aí que começaram as incansáveis perseguições dos judeus contra Jesus - a primeira declaração aberta de hostilidade que culminou num padrão de comportamento contínuo contra o trabalho incansável de Jesus em conjunto com o Pai em favor da salvação de muitos. Os judeus não aceitavam a divindade de Jesus.

Tal comportamento parece estranho para os nossos dias? Olhando de longe, parece que sim. Mas, de perto, não é bem assim. Quantos ainda hoje também se esquivam de ajudar alguém nas suas deficiências, físicas ou espirituais, apenas por estarem intrínseca e egoisticamente apegados aos seus próprios negócios, conceitos, preconceitos, ou outras convicções e afazeres? Quantas vezes não despistamos as pessoas e fugimos de uma boa ocasião para falar-lhes de esperança, do amor de Jesus, ou de outra boa notícia, argumentando que estamos cansados por causa da nossa lida diária ou atrasados para o nosso compromisso? Ou mesmo por timidez?

Diferentemente, o Pai celeste, em harmonia com o Filho, jamais Se cansa de laborar por nós, posto que Jesus veio para salvar os perdidos, e resgatar os eleitos, trazendo-nos conforto, segurança e a certeza de que Deus está sempre presente nas horas mais difíceis em que pensamos que não vamos mais resistir. Mas quantos de nós cremos nesse Jesus Salvador, nesse Jesus Filho de Deus? Ainda hoje há muitos que apregoam assumidamente a não-divindade de Jesus. Ou mesmo que não creem em nenhuma outra divindade, senão em si mesmos.

Mas, em vez de dar ouvidos ao legalismo dos judeus, Jesus não se importa com as ameaças deles, e aproveita para explicar o Seu poder e a Sua missão, a Sua comum união com o Pai, a relação de intimidade e completa unidade de propósito e ação na Trindade; a Sua relação de identidade e harmonia entre a vontade do Pai e a do Filho; que Ele e o Pai são Um, e que, portanto, o Filho por Si mesmo nada pode fazer se também não o fizer o Pai. “Porque tudo quanto Ele faz, o Filho o faz igualmente”, diz o verso 19 - o que expressa humildade e obediência, não incapacidade pessoal de Jesus.

Assim, a missão de Jesus se solidifica com base na autoridade do amor do Pai ao Filho e, desse amor, provêm maiores obras do que a simples cura de um paralítico, para que nos maravilhemos (verso 20). “Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer.” (verso 21).

Quais são estas maiores obras? No verso 21 Jesus diz que os mortos espirituais serão vivificados. Esse poder só é possível a Deus, mas Jesus reivindica esse poder para Si mesmo (verso 25). A missão de Jesus se revela como vivificante, mas ao Filho foi dado também o poder de julgamento (verso 22). Com isso, unem-se a Jesus as funções de dar vida e de julgar (versos 22,27-29).

Diante de tais prerrogativas, o Filho é a máxima revelação do Pai que deseja que todos honrem ao Filho (verso 23). E somente quem tem tais poderes pode confiantemente assegurar: “Na verdade, na verdade, vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” (verso 24).

Confiantemente também nós podemos afirmar que está garantida a nossa salvação, não por qualquer mérito nosso, mas pelos méritos do Senhor Jesus outorgados pelo Pai depois de provar os caminhos da cruz, ser moído, provado e aprovado, morto e ressuscitado.

Mas a nossa salvação requer de nós um ato de fé, porque pela graça somos salvos por meio da fé; e isto não vem de nós, é dom de Deus (Efésios 2:8). Mesmo sendo um dom de Deus, que Ele dá a quem quer, esse ato de fé exige de nós uma nova atitude de vida, uma tomada de decisão aplicada pelo próprio Deus por meio do Seu Santo Espírito, porque Deus salva Seus eleitos.

E, como todos somos pecadores,falhos e finitos, nós dependemos desse dom gracioso de Deus para respondermos com fé a Cristo desde o momento da nossa conversão. Assim está assegurada a nossa salvação, pelos méritos do Senhor Jesus outorgados pelo Pai.É essa a jornada de fé em que Jesus nos mostra o caminho com vistas à vida eterna.

1. “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna” (João 5:24a).

Mas o que é essa Palavra? O Logos, o Verbo que Se fez carne e habitou entre nós, é a Palavra revelada. Ou seja, o próprio Jesus - o Cristo, o Messias, o Ungido de Deus. O mesmo que foi anunciado desde os tempos mais remotos como o novo Adão, e que estava desde o princípio com Deus.

E esse Jesus é o mesmo que, antes de iniciar o Seu ministério terrestre, foi batizado por João Batista e, como num ambiente de festa, veio-Lhe dos céus o testemunho confirmando a Sua identificação como o Servo do Senhor (Isaías 42:1; cf. Êxodo 4:22), relacionando-O com o reinado messiânico (Salmo 2:7). “E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”, relata Mateus 3:16,17.

Os analistas afirmam que o aparecimento do Espírito em forma de pomba lembra-nos a atividade criativa do Espírito em Gênesis 1:2, e pode apontar para o começo da nova criação através do ministério de Jesus.

Já no prólogo do seu Evangelho, João apresenta Jesus como esse Logos, a Palavra, o Verbo, o Deus de Deus e Luz de Luz, o Filho encarnado de Deus, vindo a terra para revelar o Pai e redimir o homem, doando-nos a graça e a verdade, onde se destaca a natureza dinâmica da fé (João 1:1-18).

Daí, ouvir a palavra de Jesus é o mesmo que ouvir o próprio Jesus - o Cristo, o Messias. Ou seja, a própria Palavra de Deus, posto que Ele mesmo é a própria Palavra encarnada, o Logos, o Verbo; o próprio Deus que O enviou. Crer nEle é crer nAquele que O enviou, ou vice-versa. Ou seja, é o mesmo que crer em Deus.

Termos distintos, mas importantes, são apresentados aqui, e que são interligados em meio às suas consequências lógicas, cujas ações representadas pelos verbos “ouvir”, “crer” e “ter”, estão no presente:

“ouve a minha palavra” - “Ouvir”, aqui, também tem o sentido de “conhecer”, “obedecer”, “fazer a vontade de Deus”. Mas, para obedecer, é preciso conhecer; conhecer para poder crer porque “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Romanos 10:17). Quem está disposto a pagar o preço?

“crê naquele que me enviou” - Crer no Pai, que enviou o Filho, é o mesmo que crer no Filho (cf. João 3:16; 6:29). "Ouvir" e "crer", aqui, implicam em ação na qual a fé faz uma grande diferença. Se você ouve, mas não crê, de nada vale o seu ouvir. Mais ainda, o "crer" aqui é nAquele que garantiu o Seu próprio Filho para nos redimir; para ser ouvido; para ser crido. Como já foi dito, o Pai e o Filho são Um. São um único Deus, não dois deuses, como os judeus pensavam, e queriam matar a Jesus por blasfêmia.

Até que ponto temos “ouvido” essa palavra de Deus? Até que ponto temos “obedecido” a esse Deus Triúno, e “crido” nEle, “cumprindo”, assim, corretamente, a Sua vontade? E, se realmente cremos, cumprimos a Sua vontade?

“tem a vida eterna” - É a conclusão lógica dos conceitos expostos acima. Quem “ouve” e “crê” “tem”. Tem o que? No caso, a vida eterna. E o que é vida eterna, senão estar com Deus, seja nesta ou na esfera espiritual?

Conforme se apresentam os verbos “ouvir”, “crer” e “ter”, significa que a realidade da nossa salvação está no tempo presente. A nossa salvação é hoje, agora, e urgente. A salvação está acessível a todos os que corretamente reconheçam a Jesus como Messias e Salvador (João 4:25,26,29,42).

A salvação é uma ação concluída que tem um efeito presente, não é apenas um objeto de esperança para o futuro, mas uma presente realidade para o crente, pois aquele que crê “passou da morte para a vida” (cf. 6:47). A vida eterna começa quando se ouve e se crê (cf. João 20:31). E a vida eterna é estar com Deus, aqui e no futuro, quando ressuscitarmos com Jesus.

Portanto, a salvação é uma realidade palpável em nossos dias. Você crê nisso? Você crê que hoje mesmo o Senhor já te livrou de algum mal? Pense bem. Somente Ele é o Autor da nossa salvação. Somente Ele pode nos livrar do mal. Você realmente crê nisso?

2. “não entrará em condenação” (outras versões: “não entra em juízo”; “não será condenada)(João 5:24b).

Se crermos, já é um grande passo para alcançarmos a vitória. Ou seja, para sermos salvos de qualquer mal, do pecado, da morte. Basta irmos em frente com a nossa fé, pois ela pode mover até montanhas.

Sem negar, escatologicamente, o juízo vindouro, para o crente, na palavra de Cristo não há mais tal juízo, pois as Suas ovelhas ouvem a Sua voz, e Ele as conhece, e elas O seguem (João 10:27). Os crentes já passaram pelo julgamento, e já têm a vida eterna, não morrerão, durante toda a eternidade (João 10:28). Serão levados às “moradas” da casa do Pai, pelo Filho na Sua volta (João 14:1-4,23).

3. “mas passou da morte para a vida” (outras versões: “mas já passou da morte para a vida”)(João 5:24c).

Mais uma vez, como é característico em João, são nos apresentados dois conceitos fundamentais, e antagônicos entre si, os quais toda criatura tem que enfrentar. A morte é certa, se estamos vivos. Uma depende da outra. Como falar de uma, desprezando a outra? Como seres finitos, um dia, todos morreremos. E depois disso? Morte eterna ou vida eterna? São dois caminhos que se nos apresentam, e que vamos nos deparar com um deles um dia. Será que estamos preparados? Qual dele nos é reservado?

O que é a morte, senão a cessação da vida; o fim? A morte significa a separação. Espiritualmente, se morrermos, separamo-nos de Deus. E esta ação está intimamente ligada aos pecados que cometermos. Se estivermos em pecado, estamos mortos para Deus. Estamos separados de Deus. Do contrário, já passamos da morte para a vida.

Entretanto, a morte física não deve ser um problema para o crente. Todos nós devemos morrer por causa dos nossos pecados, para, então, acharmos a graça no juízo final. “Se já morremos com Ele, também viveremos com Ele.” (2Timóteo 2:11).A morte não separa o crente de Deus. Pelo contrário, leva-o à comunhão com o Cristo que sofreu, e, portanto, à fonte e origem da totalidade da vida.

O crente, se for um cristão verdadeiro, aprende a considerar, através de um ato de fé, que seus sofrimentos e morte são o sofrer e morte de Cristo, e, assim, a certeza da salvação e da vida eterna (2Coríntios 4:11,12; Filipenses 1;20,21; Romanos 8:36ss).

E a vida, o que é, senão o período ou o espaço de tempo de uma existência concreta que começa com o nascimento? Se para o crente a morte, como significado de pecado, já foi derrotada através de Jesus, conforme enfatiza o ensino do Novo Testamento, a vida significa a vitória sobre a morte.

Espiritualmente, nesse caso, o crente nasce de novo. É a promessa correspondente da vida que já está presente. O crente ficará firmemente de pé no julgamento, e, assim, permanecerá na vida eterna, que é dádiva de Deus, pois é Ele que ressuscita os mortos.

Se viver longe de Deus descreve-se como morte, a vida verdadeira depende da Palavra de Deus (Lucas 15:24, 32; Mateus 4:4), de um Deus que pode matar e vivificar (Mateus 10:28; Romanos 4:17), de um Deus vivo (Mateus 16:16; 26:63); o Deus dos vivos (Mateus 22:32; Marcos 12:27: Lucas 20:38), conforme descreve o Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, para quem só há uma vida verdadeira - a de Deus - e só os que recebem a Cristo têm a vida porque “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10), assim como a missão do Logos, em João, é apresentada como o outorgar da vida (João 6:51). Só em Jesus é que se encontra a vida (João 3:16; 5:26,40; 6:53ss; 10:28: 1João 4:9; cf. 11:25; 14:6).

Sem essa vida verdadeira, espiritualmente falando, somos como aqueles cegos, coxos e paralíticos de Betesda à mercê da misericórdia de Deus, e da ação do Seu Espírito, para sermos movidos num ato de fé a fim de ouvirmos a Palavra revelada e crermos nAquele que a enviou a nós para nossa salvação,porquanto do SENHOR é que vem a nossa salvação (Salmo 3:8; 27:1; 37:39, Lucas 19:9, etc.) “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” (Atos 4:12).

Paulo diz em 1Coríntios 15:19 que se esperamos em Cristo somente nesta vida, somos os mais miseráveis, ou os mais infelizes, de todos os homens. Mas, em Romanos 10:14, ele mesmo questiona: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão aquele de quem não ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue?”

Eis o nosso desafio, ou seja, o papel de cada um de nós cristãos: Proclamar esta salvação a todos, indistintamente - se é que realmente cremos -, porque no meio destes estão os eleitos, como aquele paralítico que foi curado naquele tanque de Betesda, e deixar que Deus por meio do Seu Espírito conclua a obra.

Esse desafio depende de uma atitude nossa para dizer a cada um desses necessitados, perdidos e paralíticos espirituais, que se levantem, que tomem e joguem fora o seu leito, a sua muleta, a sua cegueira, o seu pecado, e andem, e que esse Espírito de Deus lhes mova, e que eles andem até Jesus, ao encontro dEle.

Esse é o nosso desafio, hoje, e urgente.Será que estamos dispostos a expor-nos a isso, a cumprir a nossa missão como verdadeiros cristãos? Será que estamos dispostos a seguir o nosso chamado?

Bibliografia

Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p.1237-1238, 1402, 1104

BROWN, Colin; COENEN, Lothar (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. 2ª ed. v. 1 e 2. Trad. por Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 2000. p. 1323-1325, 2648, 2650

EARLE Ralph, MAYFIELD Joseph H. Comentário Bíblico Beacon. João a Atos. v. 7. 1ª ed. Trad. por Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2006. p. 63-68

HODGE, A. A. Confissão de Fé Westminster Comentada. 2ª ed. Trad. por Rev. Valter Graciano Martins. São Paulo: Os Puritanos, 2008. p.323-335

MACLEOD, A. J. O Evangelho Segundo São João: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1072-1075. Reimpressão

O Novo Dicionário da Bíblia. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1962, 1990. v.2. p. 1464-1469. Reimpressão

PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. O Argumento de João. In: Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Hagnos, 2008. p. 158-160, 170-171

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A CERTEZA DA VITÓRIA EM MEIO ÀS TENTAÇÕES

“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” - 1Coríntios 10:13

Dizem que os crentes estão imunes às tentações deste mundo. Que aqueles que sofrem tentações ou provações não estão sendo abençoados, e que Deus não está com eles. Será? O que dizer, então, do próprio Senhor Jesus que disse que neste mundo sofreremos aflições, mas que nEle mesmo encontraremos paz?

O que dizer ainda de que Ele mesmo foi tentado pelo diabo no deserto num dos momentos cruciais de Sua vida terrestre? Jesus estava muito vulnerável fisicamente, mas não espiritualmente. Ali, Jesus estava jejuando há 40 dias e 40 noites em preparação para o Seu ministério. Mesmo assim, o Senhor Jesus vence a Satanás, ordenando-lhe que se retire, dizendo-lhe que somente ao Senhor nosso Deus devemos adorar e prestar culto.

Assim, conforme Mateus 4:1-11, mais uma vez, o Senhor Jesus vence a Satanás pela Palavra de Deus.Apesar das tentações, das nossas provações diárias e de tantas outras provocações, é a Palavra de Deus que nos dá força nesta vida para seguirmos em frente na busca do nosso alvo, da nossa vitória. A Palavra de Deus é a nossa segurança; a certeza da vitória para os crentes cristãos – os eleitos de Deus. É como diz a letra de uma música de Kleber Lucas espalhada pela internet:

“Deus cuida de mim na sombra das suas asas
E não ando sozinho
Não estou sozinho
Pois sei: Deus cuida de mim
Se na vida não tem direção
É preciso tomar decisão
Eu sei que existe alguém que me ama
Ele quer me dar a mão
Se uma porta se fecha aqui
Outras se abrem ali
Eu preciso aprender mais de Deus
Porque ele é quem cuida de mim
Deus cuida de mim”


Sim, Deus cuida de nós. Mas muitos de nós crentes, diante de situação semelhante, às vezes nos desesperamos, esquecendo-nos de quem realmente é o nosso Deus, de Sua fidelidade para conosco, da Sua Verdade, da Sua Palavra, e caímos nas ciladas do diabo, esquecendo-nos dos privilégios da nossa comunhão com Deus, de sermos filhos dEle, de que Ele não Se alegra em nos ver sofrendo, e até mesmo de um ditado popular que diz que Deus nos dá o frio conforme o nosso cobertor. Então, mergulhamos em incertezas, ansiedades e murmurações, ou seja, pecamos mais e mais, chafurdando-nos num vale de lama sem fim.

Em todo o texto de 1Coríntios 10:1-13 Paulo mostra os exemplos da história de Israel que nos podem despertar, e fazer-nos refletir sobre a nossa própria vida nos dias de hoje, e até ajudar-nos a prevenir das tentações, mesmo na certeza de que Deus pode nos livrar na hora exata, já que Ele sempre providencia um escape, mesmo diante das nossas imensas fraquezas.

Nós, muita vez, dificultamos o acesso a esses privilégios, colocando empecilho pelo caminho, complicando o acesso à nossa plena felicidade, valorizando coisas periféricas, fortalecendo os nossos erros e pagando um alto preço pelas nossas atitudes que, em regra, o SENHOR nosso Deus não Se agrada. Nossas atitudes erradas podem nos custar muito caro.

Todo o texto também mostra os tristes resultados do mau uso dos privilégios por Israel que servem de alerta para os coríntios - E por que não para todos nós desta geração, diante da nossa arrogância e cegueira do nosso dia a dia? Quando e como é que poderemos resistir a tantas provocações, senão quando abrirmos os nossos olhos espirituais, descansando-nos e nos espelhando no Senhor?

Quando é que poderemos perceber, diante de nossas tentações, o quanto Deus está nos provando, e provendo-nos de resistências, capacidade e sabedoria para que possamos descansar na Sua paz, independentemente do que vier contra nós, já que o Seu fardo é leve?

Se o texto de 10:12 mostra que a queda é sempre uma possibilidade, o verso 13, mostra que a ajuda de Deus é sempre uma certeza. E, ainda, por sua vez, o verso 13 ratifica um grande encorajamento aos crentes que estão enfrentando tentações e outros tipos de provações. Entretanto, se Deus nos guarda de tentações maiores do que as que podemos resistir, nós não podemos valer-nos de nossas tentações como uma desculpa para pecarmos.

O pecado jamais deve ser uma necessidade para o crente. Este, sim, é que deve sentir na pele o privilégio da certeza da vitória garantida por um Deus que cuida de nós para não cairmos em tentação, apesar dos nossos erros, perdas, peripécias, punições e mau uso destes privilégios.

Que os exemplos de Israel sirvam para nossa reflexão nos dias de hoje, conforme já foi dito, assim como também alerta o apóstolo Paulo:

1 – Conforme o verso 13a, “Não vem sobre nós tentação, senão humana”, mesmo que a tentação sempre nos force a afastar-nos do modo correto de vida. Exemplos citados nos versos 1-5 mostram os privilégios que partilharam os israelitas, e que, por causa do seu pecado, Deus não Se agradou do comportamento da maioria deles, “razão por que ficaram prostrados no deserto” (verso 5).

Os altos privilégios nacionais de Israel não garantiram a bênção individual para todos (10:1-5). Eles partilharam da libertação (verso 1). Eles partilharam na identificação com o Libertador (verso 2). Eles partilharam da provisão (versos 3 e 4). Mas a maioria não partilhou da recompensa da Terra Prometida (verso 5).

“Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram”, alerta o apóstolo Paulo no verso 6. Israel entregou-se à cobiça (verso 6); à idolatria (verso 7); à imoralidade (verso 8); à obstinação (verso 9); e à murmuração (verso 10).

Os versos 6 a 13, ao mostrar o mau uso dos privilégios pelos israelitas, e a punição que se seguiu, alertam os coríntios contra sua arrogância espiritual em meio à tentação. O mau uso dos privilégios que levou Israel a se entregar a pecados grosseiros e a sofrer a punição divina serve como alerta para a Igreja (versos 6 a 11). Os erros do passado servem como exemplo para aqueles que vivem no final dos tempos (verso 11).

Falando por metáfora, Paulo diz ainda, em Romanos 9:24, que devemos correr de tal modo que alcancemos o nosso objetivo assim como um atleta corre para ganhar o seu prêmio. Assim como estes atletas que lutam disciplinando o seu próprio corpo até chegarem ao seu objetivo final, que é vencer a sua luta, os crentes também devem estar dispostos a pôr de lado os seus interesses egoístas na busca de seu alvo principal.

Mas qual deve ser alvo principal de um crente? Reflita, e responda você mesmo para você mesmo. Qual é o seu alvo principal nesta vida? O que você tem em mente nesta sua passagem aqui na terra, como um crente cristão? Você está mesmo sendo vigilante para não cair?

Por isso é que o verso 12 diz que “aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.” As consequências de uma queda são terríveis. Trazem-nos sequelas, que se não curarmos delas, tornar-se-ão em incurável doença. Entretanto, o Senhor não nos quer ver doentes, pecando, como um ser errante por aí, já que Ele nos criou para desfrutarmos com Ele das Suas bênçãos, do Seu Paraíso eterno, mas que já estejamos desfrutando disso aqui, desde já, mesmo neste mundo tão controverso.

Por isso é que o Senhor Jesus pede ao Pai que não nos tire deste mundo, mas que nos livre do mal. E Ele tem poder para isso. Diante de todas as nossas aflições, tentações, e provocações outras, é o Senhor que nos livra. E se porventura estivermos sendo tentados é Ele mesmo que nos quer ver sendo provados, desbastados, para sermos cada vez mais fortalecidos, aguardando tranquilamente até o dia da vitória, e podermos dar o nosso testemunho àqueles que também possam ser testados para os mesmos objetivos.

2 – O verso 13b diz que “Deus é fiel, e não permitirá que sejamos tentados além das nossas forças”. Se a tentação sempre nos força a afastar-nos do modo correto de vida, Deus, porém, guarda o crente neste particular. Essa é a nossa segurança, que, por pior que estejamos sendo tentados, Deus é que nos garante a vitória final, já que Ele é fiel, e não permite que sejamos tentados além das nossas próprias forças.

Deus é fiel em Sua Palavra. Ele não é como o homem que vive mentindo, pensando que, assim, possa livrar sua pele do mal, e pratica outro mal. Em Tiago 1:11 está escrito que bem-aventurado é o homem que suporta, com perseverança, a provação, porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam. E mais: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e Ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.”(versos 13 e 14).

A Bíblia diz que é o Espírito Santo que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8). E se Deus é fiel, é Ele mesmo, conforme a Sua própria Palavra, que cuida de nós, não permitindo que venha sobre nós tentação, senão humana. E, por Ele ser fiel, também nos permite suportar essas tentações, assim como as provações e provocações.

Será que realmente temos esta certeza, esta percepção, e estamos dispostos, e até mesmo preparados, para que roguemos ao Espírito de Deus que nos ajude neste sentido, prevenindo-nos contra o pecado?

3 – Já o verso 13c diz que, “antes, com a tentação, Deus nos dará também o escape, para que possamos suportar”, alertando-nos que se esse crente se apoiar em Deus, achará meio de escapar, pois o Senhor sempre mostra o caminho desse escape. E, juntamente com esta tentação, Deus nos proverá livramento, de sorte que possamos suportar, encontrando uma saída para tal e fortalecimento, entendendo que estas provações foram para o nosso bem por causa do imenso amor desse mesmo Deus a Seus filhos como um pai que os corrige.

As nossas tentações, provações, e demais provocações neste sentido, só nos servem para o fortalecimento da nossa própria fé, e do grande amor de Deus para conosco, pois quem nos separará deste amor de Deus em Cristo Jesus?

Mais uma vez, em Tiago 1:2,3 está escrito que devemos estar felizes quando cairmos em várias tentações, posto que elas são a prova da nossa fé, prova esta que opera a nossa paciência, porque nos gloriamos na esperança da glória de Deus, conforme está em Romanos 5:2b-5.

Já em 1Coríntios 10:12,13 mostra-nos como o exemplo assustador de Israel pode motivar os próprios coríntios a desistir de sua arrogância e a buscar ajuda divina. E, quanto a nós, em que outros exemplos podemos ainda nos espelhar para encontrarmos a nossa verdadeira paz espiritual?

Por isso é que a nossa segurança deve estar em Deus, porque temos paz com Ele por meio de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por isso é que devemos gloriar-nos nas nossas próprias tribulações, posto que elas produzem a paciência e a paciência produz a experiência e a experiência produz a esperança, conforme aponta o apóstolo Paulo em Romanos 5:2b-5, como que ilustrando tudo o que dissemos até aqui. Ou seja, quem tem paciência, tem esperança. Portanto, sabe suportar as tribulações.

Mas o que significa ter essa paciência? O pastor Samy Anderson, numa de suas exposições sobre Tiago 5:7-11, explicou que a paciência é a capacidade de suportarmos todo tipo de provação, e até de provocação, com vistas ao bem, sobretudo instigado por quem estiver ao nosso lado. Não é acomodação, mas ação. Isso só nos faz concluir que quem tem paciência, tem esperança, e quem tem esperança sabe suportar as tribulações ou provações, e provocações outras. Ou seja, sabe esperar, porque tem fé, mas vai à luta na certeza de alcançar o seu alvo; a sua vitória.

Que o Senhor nos instigue, para que continuemos nessa luta com vistas ao alto, que é o nosso alvo.
___________________

Bibliografia

Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p.1357

PROCTOR, W. C. G. As Epístolas aos Coríntios. 1Coríntios: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1206. Reimpressão

PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. O Argumento de 1Coríntios. In: Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Hagnos, 2008. p. 280-281

sábado, 23 de abril de 2011

QUAL É O SEU CHAMADO?

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pedro 2:9)

NO MUNDO moderno, profissional e secularmente falando, todos têm que procurar uma formação que esteja conforme os padrões e aptidões de cada um, mas principalmente que cada um se encaixe naquela profissão que melhor lhe satisfaça; que melhor condiz com seu desempenho, desejos e realizações para que, além de um rendimento salarial compatível, também possa render-lhe satisfações pessoais.

Ninguém vive feliz fazendo aquilo que não gosta, que não tem nada a ver consigo, que não lhe dá prazer. Tampouco os que estão ao seu derredor. Temos que estar encaixados naquilo a que fomos chamados; para o serviço a que fomos vocacionados. Todos têm um chamado específico para desenvolver uma função específica nesta engrenagem social em que todos precisam estar bem para que tudo corra bem para o bem de todos, mesmo diante de um sistema capitalista selvagem, exigente e competitivo destes nossos tempos.

O mesmo acontece quando se trata dos serviços do Reino. Todos têm um chamado, até mesmo “os que tropeçam na Palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos” (1Pedro 2:8). Diferentemente dos eleitos, estes “que tropeçam” são condenados porque são desobedientes, incrédulos, e essa desobediência não ocorre à parte da vontade soberana de Deus.

Todos fomos chamados para desempenhar um papel importante no contexto do plano de Deus. Deus tem um plano para cada um de nós. Você também foi chamado para se engajar nesse plano. Você tem um chamado. Você tem ciência dele ou você é mais um daqueles que vêm à Igreja somente porque encontra a porta aberta? Somente para cumprir tabela, para não perder o costume? Você é um daqueles que vêm à igreja, e senta,e chora, e ouve tudo, e depois vai embora, e, assim, sucessivamente, em todos os domingos? É esse o seu chamado?

Quem não se lembra de como os discípulos de Jesus foram chamados? Você se lembra de como Jesus chamou e vocacionou cada um deles? “Eu vos farei pescadores de homens”, prometeu-lhes Jesus. Essa promessa é ligada à primeira de todas as chamadas do Evangelho, o que sugere que a tarefa principal do cristão, neste mundo, é ganhar outros para Cristo.

E Pedro estava lá entre os quatro primeiros discípulos que foram chamados por Jesus, e que, assim que foram chamados, deixaram tudo o que estavam fazendo e seguiram a Jesus (Mateus 4:18-25; Marcos 1:16-20; cf. Lucas 5:1-11).

Todos obedeceram ao chamado. Todos seguiram a missão. Todos tornaram-se apóstolos, e hoje são os pilares da Igreja de Cristo. Mas, com exceção de João, todos foram martirizados; morreram e foram sacrificados por causa do seu chamado. Você seria capaz de passar por tais experiências nos dias de hoje em defesa de sua fé? Hoje, literalmente,você seria capaz de morrer por sua fé como aqueles discípulos e tantos outros mártires cristãos? Quais são os nossos argumentos em favor daquilo que cremos? – se é que cremos.

Os apóstolos eram homens simples, tidos até como iletrados,e ignorantes, mas que foram transformados, e Jesus conseguiu fazer deles o alicerce da Sua Igreja. Muitos ímpios hoje em dia utilizam-se do exemplo de liderança de Jesus diante dos Seus discípulos para motivar as pessoas nas suas empresas como exemplo de rendimento no cumprimento de suas metas. Entretanto, a Igreja está construída sobre o alicerce dos profetas e daqueles apóstolos, e até hoje conserva-se unida pela principal pedra – o próprio Jesus Cristo (Efésios 2:20).

E Pedro era um deles. Judeu, profundamente religioso, cuja fé oscilava de quando em quando. Gostava do Antigo Testamento. Sempre tinha que recordar da vida de Abraão e de outros servos de Deus, da antiga dispensação. Suas mensagens são simples, e todas baseiam-se em testemunhos; em fatos da vida de Jesus e do ministério apostólico.

Suas duas epístolas, juntamente com as de Tiago e Judas, são conhecidas como as epístolas gerais, católicas ou universais.Elas servem de aplicação para quaisquer épocas. Escrita no final de sua vida aqui na terra, a primeira epístola de Pedro coloca-se entre os anos 64 a.C. e 68 a.C., e tem o propósito de encorajar e fortalecer os crentes com as consolações do Evangelho numa época de provação e crise aguda.

A estes Pedro chama de eleitos, peregrinos, forasteiros, estrangeiros dispersos. É a epístola da esperança viva, fundada na ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Assim, ela se aplica a nossos dias, dada a sua insistência na firmeza em tempos de sofrimentos à luz da esperança no Redentor ressurreto.

Em 1Pedro 2:9,10, o autor muda de assunto e, aplicando à Igreja os termos do Antigo Testamento referentes à Israel, afirma a continuidade entre o Israel do Antigo Testamento e a Igreja do Novo Testamento. Israel e a Igreja são representados como o único povo de Deus.

Nos versos 8 e 9, Pedro assinala um nítido contraste entre o destino dos incrédulos (v. 8) e a posição dos eleitos; os crentes em Cristo. “Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos. Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”

Mas quem são esses eleitos? Quais são suas principais características?

1. São os crentes; a Igreja de Cristo – a “geração eleita”; a “nação santa”; o “povo adquirido” – um povo especial com um chamado especial.

Isto é a Igreja, que é constituída por todos os crentes. A Igreja é a casa espiritual escolhida por Deus edificada em Cristo. São títulos dados aos cristãos, tomados diretamente como se descreve o povo de Deus do Antigo Testamento (Êxodo 19:5; Isaías 43:21).

Somente os crentes são eleitos. Os crentes assumem tais títulos como o novo Israel, raça eleita, com direito a todos os privilégios, chamados para aceitar as responsabilidades de povo escolhido de Deus.

2. São o “sacerdócio real” – Este é um dos privilégios dos crentes: ter acesso direto a Deus por meio de Cristo.

Os santos desfrutam do governo de Deus e, como sacerdotes, possuem íntimo acesso a Ele (Hebreus 10:19-22 1Pedro 2:5-9).

Cumpre aos crentes ser um sacerdócio real (Êxodo 19:6; Apocalipse 1:5,6). Eles formam um novo Templo, edificado em Cristo, no qual, como novo sacerdócio, oferecem sacrifícios de adoração espirituais e aceitáveis (1Pedro 2:4-8).

Os dois ofícios de rei e sacerdote eram zelosamente conservados um separado do outro em Israel (cf. 2Crônicas 26:16-21), mas, em Cristo, estes dois ofícios se combinam. Cristo é sacerdote entronizado rei (Zacarias 6:12,13), e todos quantos O seguem são reis e sacerdotes para Deus.

Tudo quanto o sacerdote era nos tempos do Antigo Testamento, em relação com Deus e os homens, o cristão deve ser na sua coletividade e na sua vida individual.

3. São os arautos e testemunhos dos atos poderosos e nobres de Deus – “para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”

A eleição e o chamado do povo de Deus não são somente para a salvação, mas também para o serviço.Todos os crentes são chamados para dar alegre testemunho dos atos salvíficos de Deus.

Os crentes devem perceber seu novo papel na sociedade como comunidade espiritual escolhida por Deus (1Pedro 2:4-10). Eles desfrutam novos relacionamentos para com Deus de forma a torná-lO conhecido como Deus Salvador, e misericordioso, por meio do testemunho (1Pedro 2:9,10).

Se somos eleitos, somos verdadeiramente crentes. Se somos verdadeiramente crentes, temos um chamado que não pode ser descartado, e o dever de estarmos na linha de frente quando formos convocados. Que não deixemos ser levados pelas intrigas, fofocas, ciúmes, melindres ou demais chorumelas de ninguém, nem mesmo de nós próprios. Também é bom lembrar que, num sentido amplo, todos os crentes são ministros, o que significa ser “servidor”; “criado”; um “ajudante”.

Dentro do ministério cristão há grande diversidade. Nem todos são chamados para servir com a mesma capacidade e dom (1Coríntios 12:4-11). Mas todos são chamados e eleitos para um tipo de serviço. Assim, todos os eleitos foram chamados para servir, ou seja, para dar fruto (João 15:16; 1Pedro 2:9). Qual é o seu chamado? Qual é o seu dom? Seu chamado é reconhecido pelos outros?

Bibliografia

ATKINSON, F. C. Basil. O Evangelho Segundo São Mateus: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 952. Reimpressão

Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1497

MCNAB, Andrew. As Epístolas Gerais de Pedro. 1Pedro: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 1401-1418. Reimpressão

O Sermão Eficaz - Curso de Homilética. Apostila adaptada do livro homônimo de James Cranc “El Sermón Eficaz” pelo Prof. Rev. Osvaldo Chamorro. El Paso, Texas, Casa Bautista de Publicaciones, 1971. p. 4

PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. O Argumento de 1Pedro. In: Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Hagnos, 2008. p. 525-538

PENSE EM JESUS CRISTO

A Sexta-Feira Santa, ou da Paixão, é a data que a cristandade usa para comemorar a crucificação e morte de Jesus Cristo.
É importante pensar no que Ele fez. Todos os dias.
Antes de Jesus vir, o mundo estava perdido. E agora? Continua perdido.
É nesse ponto que Sua crucificação e morte fazem toda a diferença. Sem Ele, não há esperança. Só há perdição.
O mundo está cheio de pecado, maldição e escuridão.
Quem nos resgatará?
Jesus.
Até as Igrejas institucionais estão cheias de pecado, maldição e escuridão.
Quem nos resgatará?
Jesus.
Nós mesmos nascemos cheios de pecado, maldição e escuridão.
Quem nos resgatará?
Jesus.
Ele não veio a este mundo fazer uma visitinha nem tirar férias. Ele veio resgatar.
Nesta data e nos dias seguintes, desafio você a ler o Evangelho de Mateus, Marcos, Lucas e João e deixar o Espírito Santo tocar sua vida com a história, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

(Fonte: www.juliosevero.com)

sábado, 9 de abril de 2011

DEUS É AMOR, E ESSA É A NOSSA VITÓRIA

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”- João 3:16


ASSIM como no passado, ainda hoje, nós também nos defrontamos com grandes catástrofes, dentro e fora de nossas casas; dentro e fora de nós mesmos. Catástrofes materiais, financeiras, ecológicas, ambientais, pessoais. Mas a pior de todas as catástrofes é a catástrofe espiritual, a apostasia - quando não acreditamos mais em nada, a não ser em nossos bens materiais. Muitos destes flagelos são frutos de nossas próprias mãos por causa do nosso pecado.

São atitudes, em geral, inconsequentes tomadas por conta própria, sem pensarmos nas suas dimensões, ou mesmo em quem e de que maneira elas possam repercutir. Muitas vezes somos egoístas, irresponsáveis, arrogantes e rebeldes sem causa - se é que existe alguma causa para a rebeldia. Assim, sobrevivemos. E, guiados pelas nossas próprias deficiências, tornamo-nos vulneráveis e não vivemos plenamente.

Falamos, murmuramos, reclamamos, isso quando não tomamos atitudes ainda mais drásticas, que ceifam vidas, deixando sequelas que jamais se apagam, que, quando nos despertamos é que detectamos o tamanho do estrago. E tudo acontece como se fosse parte de um pesadelo, como se estivéssemos fora de nosso controle, dos nossos padrões normais - se é que ainda existem normalidades neste mundo tão cruel, pleno de incredulidade e incertezas, mesmo no meio daqueles que se dizem cristãos.

Sem querer ser pessimista, intolerante ou desalentador, mas, abra as páginas dos jornais, veja a televisão, acesse a internet, ouça o rádio, saia às ruas, escute as pessoas... Só ouvimos conversa fiada, balelas, violências, decepções, lamentações, sofrimento, confrontos e contendas, de um jeito ou de outro, e por qualquer motivo, mesmo perante tudo aquilo que o Supremo Criador colocou diante de nós, de uma maneira geral, para o nosso próprio bem, para o nosso conforto e comum união entre Ele e todos em nosso derredor. Só que não temos olhos para ver as maravilhas deste Criador que tudo faz e fará por nós, há muito e fielmente prometido. Nem temos ouvidos para ouvir a Sua voz, muito menos para perscrutar os Seus juízos.

Será que perdemos a razão, nossos valores, nossas referências? E, se eles ainda existem, quais são e onde estão? Ou somos os mesmos de sempre, crentes em nós mesmos, apegados aos nossos próprios afazeres e confiantes em nossas próprias audácias apenas e tão somente? No que realmente cremos? - se é que ainda cremos em alguma coisa, além do nosso próprio umbigo. Ou será que estamos mesmo loucos? Será que ainda temos jeito? E quem pode dar esse jeito? Ou será que já estamos mortos e nem sabemos?

Obviamente que estamos falando aqui de morte espiritual. Mas, quem crê nisso? Quem vai dar ouvido a isso? Quem vai perder tempo com isso nesta vida agitada destes nossos tempos?

O texto citado (João 3:16), tem como pano de fundo o conhecido diálogo entre Jesus e Nicodemos, que trata do novo nascimento. “Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus”, diz Jesus a Nicodemos, que se maravilhou pelo fato de alguém poder experimentar todo o processo de desenvolvimento desta vida e poder, depois, renascer (João 3:3,4). Mas isso não é nada fácil, pois requer e exige de nós um total desprendimento daquilo que somos ou do que éramos antes. Exige de nós uma mudança radical vinda de dentro de nós que por nós mesmos é impossível praticá-la, a não ser que esta mudança venha do alto.

Somente a nossa renovação interior permite-nos a nossa participação no Reino de Deus. A isso chamamos de regeneração. Isso também não vem de nós. É ação exclusiva de Deus, que nos faz reviver depois de estarmos mortos. É dom da graça de Deus, obra imediata, sobrenatural, do Seu imenso amor, realizada em nós por meio do Espírito Santo. Seu efeito é fazer com que nós, da morte espiritual, passemos à vida espiritual. A regeneração muda a disposição de nossa alma, inclinando nosso coração para Deus. Seu fruto é a fé.

Portanto, a regeneração antecede a fé “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:15). E esta não é uma fé cega, traiçoeira, aleatória. Também não é nenhum “show da fé”, posto que não é fácil praticar esta fé por ser coisa séria. Ela é oriunda [1] de uma referência que nos identifica; [2] de um objetivo, uma finalidade, que é o nosso alvo, que nos preserva contra a morte eterna; e [3] de uma razão de ser, que, antes de nos preservar naquele nosso objetivo, também nos privilegia graciosa e imerecidamente.

1.Nossa referência é Cristo

Para melhor identificarmos o texto (João 3:16) no seu contexto ainda mais restrito, vejamos os seus dois versos anteriores: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”- João 3:14-16.

Mas, antes de prosseguirmos, devemos perceber que o texto do verso 15 tem uma correlação, não somente com o texto que lhe é imediatamente anterior (verso 14), mas também com o texto remoto, imediatamente posterior, o texto logo abaixo (verso 16) como se dependessem um do outro. Um é consequência do outro, como elos de uma corrente que se interligam, uma condicional, citando situações históricas do passado do povo de Deus, e, comparativamente, sugerindo, em situação diferente, que o mesmo deva acontecer com Jesus Cristo para que o plano de redenção divino seja consumado.

“E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado.” (verso 14). O fato aqui mencionado está registrado em Números 21:4-9, quando os israelitas rebeldes murmuravam e queixavam-se contra Deus e Moisés. Então, Deus enviou serpentes abrasadoras para o meio deles, para puni-los. Mas Deus disse a Moisés para colocar uma serpente de bronze numa haste com a promessa de que os que olhassem para ela vivessem.

Devemos atentar ainda para os verbos “levantou”, “importa” e “seja levantado”, que enfatizam o imperativo, como uma necessidade, resultado, causa de que Jesus teria que ser sacrificado, e pendurado num madeiro por nossa causa, como o Cordeiro perfeito, sem qualquer defeito que morreu pelos nossos pecados (1Pedro 1:19; João 1:29; Romanos 5:8). Promessa esta já anunciada por Deus desde Gênesis 3:15, assim que Adão e Eva caíram em desobediência por astúcia de Satanás.

2.Nosso alvo é Cristo, que nos preserva contra a morte eterna

“Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (verso 15). Eis a causa, o resultado, a necessidade, e a consequência de que fala o verso 14. Se crermos, não pereceremos. Não morreremos. Se olharmos para a cruz de Cristo, e o propósito divino, viveremos. Se crermos, teremos a vida eterna. Cristo foi levantado na cruz, e ressuscitado depois, para a glória dAquele que Lhe enviou para que crêssemos nEle, e tenhamos a vida, não a morte, pois Ele morreu em nosso lugar para que vivêssemos. Por causa da morte de Cristo é que vivemos. “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.”(1João 5:12).

Mais uma vez, a correlação, aqui, é entre os termos “crer”, “não pereça” e “vida eterna”, que estão interligados, e voltados para o crente por meio da Pessoa e missão de Cristo como Salvador, conforme o texto anterior (verso 14), mas se restringe somente a “todo aquele que crê”. Não a todos, indistintamente, ressaltado em João 6:47: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna.”

Se aquele que crê tem a vida eterna, podemos concluir que aquele que não crê não tem a vida eterna, permanece na morte, e a ira de Deus permanece sobre ele (cf. 5:25-29), destacado ainda em João 3:36: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.” Assim como Cristo tem poder para salvar, também tem poder para exercer juízo, conforme João 5:29 - “E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.”

3.Nossa razão de ser é que Deus nos ama graciosamente, por meio de Cristo

Tudo o que até aqui foi exposto só pôde acontecer “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (verso 16). Tudo o que até aqui foi exposto está interligado numa correlação, não apenas entre os versos citados, mas também entre alguns termos acima já mencionados (ver João 3:14-16).

Tudo isso para demonstrar que o incomensurável amor de Deus é a razão da nossa existência. Ele é a nossa razão de ser, e Deus ainda nos privilegia com o dom da fé para que vençamos o mundo (1João 5:4) que está no maligno (1João 5:18,19; Gálatas 1:4), e creiamos nEle por meio de Cristo, o Autor e Consumador da nossa fé (Hebreus 12:2). Deus é amor, e esta é a vitória do crente. Ou melhor, esta é a segurança do cristão, porque crente todo mundo é, mas, cristão!... nem todos são. Nem mesmo em meio àqueles que dizem que são, que pensam que são, mas, na verdade, não são.

Mas que amor é esse? Deus amou o mundo, e daí? E se Ele apenas nos amasse, e nada exigisse de nossa parte? Mas Ele nos amou, doando-Se a nós por meio de Seu Filho para que vivêssemos em comunhão com Ele - mesmo que nenhum de nós merecesse tamanho privilégio. Mesmo assim, Ele nos ama, e nós temos que fazer a nossa parte. Sem a nossa fé esse amor não faria sentido. Deus nos ama e coloca em nós a fé para que creiamos nesse Seu amor. Para que creiamos nEle, e tenhamos vida com Ele.

Mas que amor é esse? É como o amor dos homens? Certamente que não! As experiências deste mundo dizem que não. As nossas experiências pessoais, as experiências com as quais defrontamos a cada dia pela mídia, pelos nossos vizinhos, entre os povos e nações... São tantas as experiências danosas, as violências, as promiscuidades, que se praticam em nome do “amor”. São tantos os que se matam ou matam os outros por “amor”! O amor dos homens mata. Mas o amor de Deus vivifica, dá vida, ressuscita, transforma os homens. Veja o diálogo de Jesus com Nicodemos (João 3:1ss). Necessário nos é nascer de novo (João 3:7).

O amor de Deus nos constrange, no sentido de embaralhar as nossas mentes por este amor estar muito além do nosso entendimento, principalmente para o ímpio. Aqueles que não creem não entendem esse amor. O amor de Deus faz-nos ver quanto somos pequenos, mesquinhos e frágeis diante da Sua magnificência, e transcendência, mas, ao mesmo tempo, de um Deus tão imanente. Esse amor é a nossa única esperança. A única certeza de uma vida duradoura e perseverante para aqueles que creem.

Tal como amou a Seu Filho, o Pai também nos ama. Este amor de Deus em Cristo é a certeza da nossa vitória. Tanto é que Ele sempre providencia um escape para todo aquele que nEle crê para que não pereça diante das provações deste mundo, mas que tenha a vida eterna (1Coríntios 10:13). Mas sem fé é impossível agradar a Deus “porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe” (Hebreus 11:6). Além de que o justo viverá por fé (Romanos 1:17; Habacuque 2:4).

Assim, se chega ao ápice da compreensão do plano de Deus, do Seu propósito, e da percepção da Sua mensagem redentora. É como um final feliz! Uma apoteose muitas vezes incompreendida, dada a abrangência que engloba os termos “porque Deus amou o mundo de tal maneira...”, que se aplica a todos os eleitos de todas as partes do mundo ainda hoje.

Deste modo, através da beleza de um estilo discursivo, literário e teológico muito bem estruturado, o discípulo amado disseca esse amor de Deus, interligando-o com a nossa fé, sem a qual não entraremos no Reino de Deus, ou seja, não teremos direito à vida eterna. Não seremos justificados. Não teremos salvação (Efésios 2:8). É o Evangelho da fé, do confronto ou do conflito entre a fé e a incredulidade em que a Pessoa de Jesus como o Filho de Deus, o Cristo, o Messias, o Salvador, o Verbo que Se fez carne é a figura central, e que, por meio dEle, a salvação está acessível a todos que corretamente reconheçam isso, “para que, crendo, tenham vida em Seu nome” (João 1:1-18; 4:25,26,29,42; 20:31).

Assim como os israelitas rebeldes, murmuradores e pecadores tiveram que olhar para a serpente de bronze levantada por Moisés no deserto para que vivessem, nós também, pecadores que somos, temos que mirar em Cristo, que foi levantado na cruz; morto, crucificado, porém, exaltado, cuja ressurreição e glorificação revelam, juntas, a glória de Deus (João 8:28; 12:32,34).Temos que voltar nosso olhar, de corpo e alma, com todo o nosso ser e por toda a nossa vida, para este Cristo que foi levantado no madeiro, e sacrificado por nossa causa.

Esta é a chave do eterno plano de Deus para salvar o Seu povo (Atos 4:27,28). O propósito soberano de Deus, a Sua vontade, mesmo tendo que sacrificar injustamente o Seu Filho unigênito “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (v. 15,16b). Se crermos nesta obra de Cristo não pereceremos jamais. Teremos a vida eterna. Mas isso só acontece pela obra da graça de Deus. Pelo Seu amor em resgatar os Seus eleitos, aqueles que creem nEle. O SENHOR Deus enviou Seu Filho para morrer pelo Seu povo. Não por todos (João 6:37-40; 10:14-18; 17:19). Aquele que o Pai envia a Seu Filho de modo nenhum o lançará fora. E a certeza desta obra salvífica de Cristo não se restringe a tempo e lugar, aplica-se aos eleitos de todas as partes do mundo em todos os tempos.

Somente Jesus Cristo tem poder para salvar. Aquele que não mirar em Cristo, e não receber o remédio que Deus providenciou por meio deste mesmo Cristo - como Moisés fez com aqueles que foram picados pela serpente no deserto -, perecerá. Cristo é o antídoto para os nossos pecados. E de fé em fé aquele que é justificado também é restaurado a um estado de retidão por e perante Deus, não pelos seus próprios méritos, porque isso só acontece pela crença na ação de Cristo em sua vida.

Assim, aquele que crê não morrerá. Não será separado de Deus, mas vive na Sua presença, ou seja, tem a vida eterna. Assim, Deus demonstra o Seu amor sem par pelos pecadores, para que o Seu povo possa ter comunhão com Ele, mesmo à custa da morte injusta do Seu único Filho. Esta é a maior, e inigualável prova de amor que existe. Assim, semelhantemente, a nossa maior prova de amor é dar a nossa vida a nosso próximo, seja ele quem for, esteja ele onde estiver, e de onde vier - mesmo se este próximo for nosso pior inimigo, como fez Jesus Cristo pelos pecadores (Mateus 5:43-48; 22:37-40; Romanos 13:9; 1Coríntios 13; Levítico 19:18).

Assim, possamos transformar o mundo, e viver num ambiente bem melhor, longe de tantas catástrofes e flagelos, principalmente em níveis espirituais - frutos de tanta ignorância,irresponsabilidade, desobediência e apostasia. Que as manifestações e a comunhão deste Espírito transformador do SENHOR nosso Deus possa nos impactar para que experimentemos esse amor de Deus por meio de Cristo, nosso Salvador, agora e sempre. Amém!

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Bibliografia

Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p.1233-1234

MACLEOD, A. J. O Evangelho Segundo São João: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia. v. 2. Edição em português: Rev. Dr. Russell P. Shedd. São Paulo: Vida Nova, 1963, 1972, 1976, 1979, 1980, 1983, 1985, 1987, 1990. p. 1068-1069. Reimpressão

PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. O Argumento de João. In: Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Hagnos, 2008. p. 149-177