domingo, 31 de maio de 2009

NOVOS TEMPOS

“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai”(Romanos 8:15)

NESTES TEMPOS envoltos em seus novos paradigmas ideológicos e em meio a tantas variedades de informação, de conceitos e de situações às vezes até embaraçosas que nos confrontam dia a dia neste jeito pós-moderno de ver as coisas, nós cristãos também temos que nos posicionar diante de tanta diversidade com vistas a nossa própria fé que defendemos, se é que defendemos alguma coisa. Diante de tantos desafios destes novos tempos, a hora é agora, e sempre, para nos espelharmos na Palavra e irmos em frente, já que nós temos Quem nos assiste exatamente quando necessitamos de ajuda, e cá entre nós, esta hora está sempre presente, posto que nada somos sozinhos. Até dizem que ninguém é bom sozinho. Talvez não seja mesmo. Nem mau também. Há sempre uma centelha que se explode dentro de nós e provoca uma reação que nos leva ou para um lado ou para o outro. Depende do que está em nós, “porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz”, destaca o apóstolo Paulo, mostrando o contraste entre o padrão de vida de uma pessoa antes e depois de ser regenerada, ou seja, sob a influência da carne, sem Deus, e sob o comando deste mundo, e, depois, quando somos libertos das coisas mundanas e vivemos sob a influência de Cristo em nossa vida, por meio do Espírito divino que veio habitar nos crentes. Somos influenciados por aquilo com que convivemos. Somos a efígie, fotogenicamente falando, daquilo que defendemos, ou não somos de nada frente àquilo que proclamamos. E o que é mesmo que nós proclamamos? Ou será que não passamos de um mero vexame, de um péssimo exemplo com relação àquilo com que nos arroubamos diante dos outros? Ou ainda será que o divino Criador nos fez nascer para ficarmos em cima do muro ou para sermos papagaios de pirata? Se a nossa vida ainda se deixa levar pelas coisas da carne, longe da vida da graça, não se entretendo com as coisas espirituais, a Bíblia diz que estamos mortos, já que “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”. Se a nossa vida se põe de acordo com a carne, nossa mentalidade recebe a influência da carne, ou seja, as influências deste mundo ímpio, pecaminoso e rebelde. Se em nós prevalece o elemento espiritual, estes resultados serão vistos em nossa compostura espiritual, ou seja, a mente do Espírito, que é vida e paz. Os estudiosos afirmam que a vida carnal é hostil a Deus por frustrar os ideais divinos para a humanidade, e que, centralizando-se em si mesma, está sempre em guerra contra Deus, já que, por sua própria natureza, é incapaz de se submeter à lei de Deus. “Porque a carne cobiça contra o espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis”, diz a Palavra de Deus. Assim é a vida dos incrédulos, prazerosamente envolvida com o malfeito; situações estas com que nos deparamos corriqueiramente em nosso dia a dia.

No dizer de Melanchthon, carne é a natureza inteira do homem, seu senso e razão, sem o Espírito de Deus. Exortando-nos a viver segundo este Espírito divino, o apóstolo Paulo faz-nos conhecer algumas obras da carne manifestadas tanto naquele velho mundo pagão quanto por toda parte nos dias de hoje: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, dentre outras. “Acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.” Veja que é o próprio Paulo que nos faz este alerta, e ainda diz que os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e os seus desejos ou devassidões. Daí, o apóstolo enumera o fruto do Espírito: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança que, segundo os comentadores, este fruto, que se contrasta com aquelas obras da carne, é o sinal de uma vida saudável; a linda, calma e sempre progressiva manifestação por meio de uma conduta que se frutifica até a idade avançada daquela nova vida que foi comunicada por Deus.

E esta nova vida de paz que marca estes novos tempos longe daqueles tempos de escravidão da carne, ou melhor, dos nossos pecados, só usufrui quem realmente for transformado; aqueles que forem tocados pelo Espírito Santo de Deus por meio de Jesus Cristo, o Salvador nosso, e que, por isso mesmo, prometeu a Seus discípulos que não os deixaria sozinhos, pois lhes enviaria o Espírito. Esta é a nossa esperança que nos firma nas promessas de Jesus. Não estamos sós. Temos o Espírito divino que nos dá esta confiança, e não nos deixa ser confundidos, pois é Ele mesmo que nos defende nas horas mais difíceis de nossa vida, até nos iluminando e guardando-nos na verdade da Palavra de Deus por meio do Seu ministério. Esta é a nova lei, a nova vida e novos tempos para os crentes em Cristo Jesus que, de coração novo, são como uma árvore que só produz bons frutos, no caso, o fruto do Espírito, cuja unção que recebem dEle fica neles, e não têm necessidade de que alguém os ensine; mas, como a Sua unção os ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela os ensinou, assim nEle permanecem. São pecadores, sim, já que é próprio da nossa natureza, mas não permanecem no pecado. Não vivem costumeiramente pecando ou sendo enganados pelo pai da mentira, ou seja, Satanás, que “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”. É este Espírito de Deus que opera em nós e nos faz vigiar para que os crentes não caiam nas ciladas deste mundo pecaminoso e trapaceiro. É Ele Quem aplica a graça de Deus ao pecador, e esta doutrina da graça se desenvolve na Igreja. Segundo Berkhof, é a operação especial do Espírito Santo que sobrepuja e destrói o poder do pecado, renova o homem à imagem de Deus, e o capacita a prestar obediência espiritual a Deus, a ser o sal da terra, a luz do mundo, e um fermento espiritual em todas as esferas da vida. Outro especialista de nome parecido, Bancroft, diz que mesmo estando sempre ativo como a Terceira Pessoa da Trindade divina, o Espírito Santo descia sobre os homens apenas temporariamente, a fim de inspirá-los para algum serviço especial, e deixava-os quando essa tarefa terminava. Ele não permanecia geralmente com os homens nem neles habitava nos tempos do Antigo Testamento. Na opinião de Bancroft, foi o Dia de Pentecostes que marcou o raiar de uma nova era nas relações entre o Espírito Santo e a humanidade. Ele veio para habitar na Igreja, e permanecer entre nós. Afirmando que todo o trabalho eficaz que a Igreja tem feito tem sido realizado no poder do Espírito, ainda destaca que a incredulidade, a dúvida e a crítica podem até atacar a Igreja, mas não derrotá-la, pois a Igreja é o verdadeiro corpo de Cristo, habitado pelo Espírito Santo de Deus, e, em sendo assim, é tão indestrutível quanto o Trono de Deus. Por tudo isso é que podemos tranquilamente confiar neste Deus, o SENHOR nosso Rei, o SENHOR dos Exércitos, o nosso Redentor, o Primeiro e o Último, pois fora dEle não há outro. “Porventura há outro Deus fora de Mim? Não, não há outra Rocha que Eu conheça.” É o próprio Deus Quem pergunta, e é Ele mesmo Quem responde pela boca do profeta Isaías, confortando o Seu povo, já que prometeu que sobre eles derramaria o Seu Espírito e a Sua bênção; não somente sobre eles, mas também sobre toda a posteridade e descendência deles. E esta promessa foi cumprida no Dia de Pentecostes, um grande dia de festa que se celebra em toda a Sua Igreja em que o Espírito Santo desceu do céu enquanto sinais audíveis e visíveis acompanhavam a efusão do prometido dom celestial, e a voz deste mesmo Deus foi ouvida por todas as nações da terra, e todos já não eram mais os mesmos, porque foram transformados; e todos puderam falar da grandeza deste Deus, assim como ainda hoje se fala por intermédio da proclamação da Sua Palavra em que o SENHOR faz “notória a Sua salvação”, manifesta a Sua justiça perante nossos olhos, lembrando-nos da Sua benignidade e da Sua Verdade para com todos nós, para que não andemos por aí acreditando em qualquer coisa, em balelas, ou “vãs sutilezas segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”.

REFLEXÃO DE HOJE
“Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes. E brotarão como a erva, como salgueiros junto aos ribeiros das águas. Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, e seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. E quem proclamará como eu, e anunciará isto, e o porá em ordem perante mim, desde que ordenei um povo eterno? E anuncie-lhes as coisas vindouras, e as que ainda hão de vir. Não vos assombreis, nem temais; porventura desde então não vo-lo fiz ouvir, e não vo-lo anunciei? Porque vós sois as minhas testemunhas. Porventura há outro Deus fora de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça” – Isaías 44:3,4,6-8

LEITURAS DE HOJE
Salmo 98; Isaías 44:3-8
Romanos 8:5-17; Atos 2:1-11

NOTAS
[1] Romanos 6:23; 8:5,6; João 3:6
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1320
THOMSON, G. T., DAVIDSON, F. A Epístola aos Romanos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1168, 1169. Reimpressão
[2] Gálatas 5:16-25; 1Coríntios 6:9,10; 15:50; Efésios 5:5; Salmo 92:14
ROSS, ALEXANDER. A Epístola aos Gálatas: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1244-1246. Reimpressão
[3] João 14:16,26; 1João 2:27; 3:9; João 8:44; Atos 13:9; 1João 3:8; 1Pedro 5:8; Isaías 44:3,6,8b; Atos 2:9-11; Salmo 98:2,3; Colossenses 2:8
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1352, 1362, 1363, 1511, 1513
BERKHOF, LOUIS. Teologia Sistemática. 3.ª ed. revisada. Trad. Odayr Olivetti. São Paluo: Cultura Cristã, 2007. p. 393, 395
BANCROFT, E. H. Teologia Elementar. Doutrinária e Conservadora. 2.ª ed. Trad. por João Marques Bentes. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1975. p. 177, 178
MACLEOD, A. J. O Evangelho Segundo São João: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1094. Reimpressão
BRUCE, F. F. Os Atos dos Apóstolos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1106. Reimpressão