quarta-feira, 1 de junho de 2011

A CERTEZA DA VITÓRIA EM MEIO ÀS TENTAÇÕES

“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” - 1Coríntios 10:13

Dizem que os crentes estão imunes às tentações deste mundo. Que aqueles que sofrem tentações ou provações não estão sendo abençoados, e que Deus não está com eles. Será? O que dizer, então, do próprio Senhor Jesus que disse que neste mundo sofreremos aflições, mas que nEle mesmo encontraremos paz?

O que dizer ainda de que Ele mesmo foi tentado pelo diabo no deserto num dos momentos cruciais de Sua vida terrestre? Jesus estava muito vulnerável fisicamente, mas não espiritualmente. Ali, Jesus estava jejuando há 40 dias e 40 noites em preparação para o Seu ministério. Mesmo assim, o Senhor Jesus vence a Satanás, ordenando-lhe que se retire, dizendo-lhe que somente ao Senhor nosso Deus devemos adorar e prestar culto.

Assim, conforme Mateus 4:1-11, mais uma vez, o Senhor Jesus vence a Satanás pela Palavra de Deus.Apesar das tentações, das nossas provações diárias e de tantas outras provocações, é a Palavra de Deus que nos dá força nesta vida para seguirmos em frente na busca do nosso alvo, da nossa vitória. A Palavra de Deus é a nossa segurança; a certeza da vitória para os crentes cristãos – os eleitos de Deus. É como diz a letra de uma música de Kleber Lucas espalhada pela internet:

“Deus cuida de mim na sombra das suas asas
E não ando sozinho
Não estou sozinho
Pois sei: Deus cuida de mim
Se na vida não tem direção
É preciso tomar decisão
Eu sei que existe alguém que me ama
Ele quer me dar a mão
Se uma porta se fecha aqui
Outras se abrem ali
Eu preciso aprender mais de Deus
Porque ele é quem cuida de mim
Deus cuida de mim”


Sim, Deus cuida de nós. Mas muitos de nós crentes, diante de situação semelhante, às vezes nos desesperamos, esquecendo-nos de quem realmente é o nosso Deus, de Sua fidelidade para conosco, da Sua Verdade, da Sua Palavra, e caímos nas ciladas do diabo, esquecendo-nos dos privilégios da nossa comunhão com Deus, de sermos filhos dEle, de que Ele não Se alegra em nos ver sofrendo, e até mesmo de um ditado popular que diz que Deus nos dá o frio conforme o nosso cobertor. Então, mergulhamos em incertezas, ansiedades e murmurações, ou seja, pecamos mais e mais, chafurdando-nos num vale de lama sem fim.

Em todo o texto de 1Coríntios 10:1-13 Paulo mostra os exemplos da história de Israel que nos podem despertar, e fazer-nos refletir sobre a nossa própria vida nos dias de hoje, e até ajudar-nos a prevenir das tentações, mesmo na certeza de que Deus pode nos livrar na hora exata, já que Ele sempre providencia um escape, mesmo diante das nossas imensas fraquezas.

Nós, muita vez, dificultamos o acesso a esses privilégios, colocando empecilho pelo caminho, complicando o acesso à nossa plena felicidade, valorizando coisas periféricas, fortalecendo os nossos erros e pagando um alto preço pelas nossas atitudes que, em regra, o SENHOR nosso Deus não Se agrada. Nossas atitudes erradas podem nos custar muito caro.

Todo o texto também mostra os tristes resultados do mau uso dos privilégios por Israel que servem de alerta para os coríntios - E por que não para todos nós desta geração, diante da nossa arrogância e cegueira do nosso dia a dia? Quando e como é que poderemos resistir a tantas provocações, senão quando abrirmos os nossos olhos espirituais, descansando-nos e nos espelhando no Senhor?

Quando é que poderemos perceber, diante de nossas tentações, o quanto Deus está nos provando, e provendo-nos de resistências, capacidade e sabedoria para que possamos descansar na Sua paz, independentemente do que vier contra nós, já que o Seu fardo é leve?

Se o texto de 10:12 mostra que a queda é sempre uma possibilidade, o verso 13, mostra que a ajuda de Deus é sempre uma certeza. E, ainda, por sua vez, o verso 13 ratifica um grande encorajamento aos crentes que estão enfrentando tentações e outros tipos de provações. Entretanto, se Deus nos guarda de tentações maiores do que as que podemos resistir, nós não podemos valer-nos de nossas tentações como uma desculpa para pecarmos.

O pecado jamais deve ser uma necessidade para o crente. Este, sim, é que deve sentir na pele o privilégio da certeza da vitória garantida por um Deus que cuida de nós para não cairmos em tentação, apesar dos nossos erros, perdas, peripécias, punições e mau uso destes privilégios.

Que os exemplos de Israel sirvam para nossa reflexão nos dias de hoje, conforme já foi dito, assim como também alerta o apóstolo Paulo:

1 – Conforme o verso 13a, “Não vem sobre nós tentação, senão humana”, mesmo que a tentação sempre nos force a afastar-nos do modo correto de vida. Exemplos citados nos versos 1-5 mostram os privilégios que partilharam os israelitas, e que, por causa do seu pecado, Deus não Se agradou do comportamento da maioria deles, “razão por que ficaram prostrados no deserto” (verso 5).

Os altos privilégios nacionais de Israel não garantiram a bênção individual para todos (10:1-5). Eles partilharam da libertação (verso 1). Eles partilharam na identificação com o Libertador (verso 2). Eles partilharam da provisão (versos 3 e 4). Mas a maioria não partilhou da recompensa da Terra Prometida (verso 5).

“Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram”, alerta o apóstolo Paulo no verso 6. Israel entregou-se à cobiça (verso 6); à idolatria (verso 7); à imoralidade (verso 8); à obstinação (verso 9); e à murmuração (verso 10).

Os versos 6 a 13, ao mostrar o mau uso dos privilégios pelos israelitas, e a punição que se seguiu, alertam os coríntios contra sua arrogância espiritual em meio à tentação. O mau uso dos privilégios que levou Israel a se entregar a pecados grosseiros e a sofrer a punição divina serve como alerta para a Igreja (versos 6 a 11). Os erros do passado servem como exemplo para aqueles que vivem no final dos tempos (verso 11).

Falando por metáfora, Paulo diz ainda, em Romanos 9:24, que devemos correr de tal modo que alcancemos o nosso objetivo assim como um atleta corre para ganhar o seu prêmio. Assim como estes atletas que lutam disciplinando o seu próprio corpo até chegarem ao seu objetivo final, que é vencer a sua luta, os crentes também devem estar dispostos a pôr de lado os seus interesses egoístas na busca de seu alvo principal.

Mas qual deve ser alvo principal de um crente? Reflita, e responda você mesmo para você mesmo. Qual é o seu alvo principal nesta vida? O que você tem em mente nesta sua passagem aqui na terra, como um crente cristão? Você está mesmo sendo vigilante para não cair?

Por isso é que o verso 12 diz que “aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.” As consequências de uma queda são terríveis. Trazem-nos sequelas, que se não curarmos delas, tornar-se-ão em incurável doença. Entretanto, o Senhor não nos quer ver doentes, pecando, como um ser errante por aí, já que Ele nos criou para desfrutarmos com Ele das Suas bênçãos, do Seu Paraíso eterno, mas que já estejamos desfrutando disso aqui, desde já, mesmo neste mundo tão controverso.

Por isso é que o Senhor Jesus pede ao Pai que não nos tire deste mundo, mas que nos livre do mal. E Ele tem poder para isso. Diante de todas as nossas aflições, tentações, e provocações outras, é o Senhor que nos livra. E se porventura estivermos sendo tentados é Ele mesmo que nos quer ver sendo provados, desbastados, para sermos cada vez mais fortalecidos, aguardando tranquilamente até o dia da vitória, e podermos dar o nosso testemunho àqueles que também possam ser testados para os mesmos objetivos.

2 – O verso 13b diz que “Deus é fiel, e não permitirá que sejamos tentados além das nossas forças”. Se a tentação sempre nos força a afastar-nos do modo correto de vida, Deus, porém, guarda o crente neste particular. Essa é a nossa segurança, que, por pior que estejamos sendo tentados, Deus é que nos garante a vitória final, já que Ele é fiel, e não permite que sejamos tentados além das nossas próprias forças.

Deus é fiel em Sua Palavra. Ele não é como o homem que vive mentindo, pensando que, assim, possa livrar sua pele do mal, e pratica outro mal. Em Tiago 1:11 está escrito que bem-aventurado é o homem que suporta, com perseverança, a provação, porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam. E mais: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e Ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.”(versos 13 e 14).

A Bíblia diz que é o Espírito Santo que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8). E se Deus é fiel, é Ele mesmo, conforme a Sua própria Palavra, que cuida de nós, não permitindo que venha sobre nós tentação, senão humana. E, por Ele ser fiel, também nos permite suportar essas tentações, assim como as provações e provocações.

Será que realmente temos esta certeza, esta percepção, e estamos dispostos, e até mesmo preparados, para que roguemos ao Espírito de Deus que nos ajude neste sentido, prevenindo-nos contra o pecado?

3 – Já o verso 13c diz que, “antes, com a tentação, Deus nos dará também o escape, para que possamos suportar”, alertando-nos que se esse crente se apoiar em Deus, achará meio de escapar, pois o Senhor sempre mostra o caminho desse escape. E, juntamente com esta tentação, Deus nos proverá livramento, de sorte que possamos suportar, encontrando uma saída para tal e fortalecimento, entendendo que estas provações foram para o nosso bem por causa do imenso amor desse mesmo Deus a Seus filhos como um pai que os corrige.

As nossas tentações, provações, e demais provocações neste sentido, só nos servem para o fortalecimento da nossa própria fé, e do grande amor de Deus para conosco, pois quem nos separará deste amor de Deus em Cristo Jesus?

Mais uma vez, em Tiago 1:2,3 está escrito que devemos estar felizes quando cairmos em várias tentações, posto que elas são a prova da nossa fé, prova esta que opera a nossa paciência, porque nos gloriamos na esperança da glória de Deus, conforme está em Romanos 5:2b-5.

Já em 1Coríntios 10:12,13 mostra-nos como o exemplo assustador de Israel pode motivar os próprios coríntios a desistir de sua arrogância e a buscar ajuda divina. E, quanto a nós, em que outros exemplos podemos ainda nos espelhar para encontrarmos a nossa verdadeira paz espiritual?

Por isso é que a nossa segurança deve estar em Deus, porque temos paz com Ele por meio de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por isso é que devemos gloriar-nos nas nossas próprias tribulações, posto que elas produzem a paciência e a paciência produz a experiência e a experiência produz a esperança, conforme aponta o apóstolo Paulo em Romanos 5:2b-5, como que ilustrando tudo o que dissemos até aqui. Ou seja, quem tem paciência, tem esperança. Portanto, sabe suportar as tribulações.

Mas o que significa ter essa paciência? O pastor Samy Anderson, numa de suas exposições sobre Tiago 5:7-11, explicou que a paciência é a capacidade de suportarmos todo tipo de provação, e até de provocação, com vistas ao bem, sobretudo instigado por quem estiver ao nosso lado. Não é acomodação, mas ação. Isso só nos faz concluir que quem tem paciência, tem esperança, e quem tem esperança sabe suportar as tribulações ou provações, e provocações outras. Ou seja, sabe esperar, porque tem fé, mas vai à luta na certeza de alcançar o seu alvo; a sua vitória.

Que o Senhor nos instigue, para que continuemos nessa luta com vistas ao alto, que é o nosso alvo.
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Bibliografia

Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p.1357

PROCTOR, W. C. G. As Epístolas aos Coríntios. 1Coríntios: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1206. Reimpressão

PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. O Argumento de 1Coríntios. In: Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Hagnos, 2008. p. 280-281