segunda-feira, 15 de março de 2010

SOMOS TODOS MISSIONÁRIOS

“E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a Palavra com os sinais que se seguiram” – Marcos 16:20

OS DONS que Deus nos deu são importantes para a unidade e fortalecimento do corpo de Cristo como Igreja visível em redor do mundo que se identifica e desenvolve na proporção dos nossos serviços, aptidões e desempenho de acordo com as especificidades de cada um de nós, considerando que a manifestação do Espírito nos é dada para o que for útil, já que, segundo a Palavra de Deus, um só e o mesmo Espírito é Quem opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

Se este corpo é formado por muitos membros que, mesmo sendo muitos, fazem parte e ao mesmo tempo são um só corpo, estes membros também devem procurar com zelo os seus melhores dons para servirem a Deus de uma maneira exemplar na excelência do amor fraterno qual nos primórdios da Igreja Cristã onde as pessoas perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. “E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se haviam de salvar.”

Se pouco antes de ser recebido no céu e ser assentado à direita de Deus Pai, pela Sua autoridade, o próprio Senhor Jesus deu uma ordem a Seus discípulos para que estes saíssem pelo mundo proclamando o Evangelho a toda criatura, destacando a razão primária para o evangelismo e as missões por este mundo afora, assim também a todos nós cabe este mandado, já que somos crentes neste mesmo Cristo, e, portanto, seguidores desta mesma mensagem que estes Seus discípulos com especial diligência anunciavam, mesmo pagando um alto preço que custava a muitos até a própria vida. A Bíblia diz que eles, tendo obedecido, pregavam a Palavra de Deus por toda parte, e o Senhor cooperava com eles, confirmando esta Palavra por meio dos “sinais e prodígios, e na virtude do Espírito de Deus”. Os comentaristas afirmam que Paulo considerava a pregação do Evangelho como o meio pelo qual os gentios seriam conduzidos a Deus como uma oferenda agradável de ação de graça; depois, este importante plantador de Igrejas descreve o seu ministério em termos trinitarianos.

Assim, desde o início do livro de Atos dos Apóstolos até nossos dias vê-se que o Evangelho põe em destaque o poder e a atividade do Filho de Deus na terra e chega no seu auge rasgando, nos dizeres de Graham Swift, novos horizontes para a Igreja no mundo. E, como um memorial desta obra missionária, Lucas descreve a trajetória desta Igreja vitoriosa, apesar de tantas pedras serem arremessadas contra ela, mas que ainda permanece, e permanecerá, intacta, viva e militante, acolhendo os necessitados com um alimento sólido e saudável, como um grande hospital espiritual que previne e cura todos os doentes por meio do poder dAquele que nos enviou para tal missão, ou seja, ir e pregar a Palavra viva e miraculosa que transforma vidas, não importa aonde ou a quem quer que seja, como um semeador que pacientemente vai semeando, semeando e semeando até que o Dono da colheita vem colhendo, colhendo e colhendo, resgatando a Sua ceifa das intempéries de um inimigo cruel que nunca se cansa de querer destruir ou arruinar uma semente que tão bem e cuidadosamente é plantada dentro de nós, abortando a colheita, e abocanhando-nos para o seu putrefato ventre, se não estivermos assentados em um firme e fértil terreno. Daí a responsabilidade da Igreja para com as missões, e com seus missionários, já que estas devem estar dentre os seus principais propósitos, por sermos todos nós um missionário na magnitude daquele mandado do Senhor que se estende até mesmo de dentro da nossa própria casa com a nossa própria família e vizinhos, alcançando o outro lado da nossa rua até atingir os confins da terra, outros povos e culturas diferentes.

Assim, ultrapassando as barreiras geográficas, singrando os mares das mais longínquas terras, desafiando as mais diversas e adversas culturas, igualmente enfrentando povos, ideologias e regimes políticos avessos a sua própria fé, arriscando suas próprias vidas, e em favor de uma Igreja gloriosa, sem mácula nem ruga, mas santa e irrepreensível, estes plantadores de Igreja, qual semeadores de uma boa semente, ou seja, da própria Palavra de Deus, e em nome desta mesma fé que professam, coloca-a em prática, vivificando-a por meio de uma valorosa obra, vão disseminando esta Palavra viva e eficaz em nome dAquele que os autorizou a continuarem esta semeadura ainda hoje, posto ser esta uma tarefa ainda inacabada, mas que este mesmo Senhor ainda opera pela ação do Seu Santo Espírito no meio daqueles que obedecem a este Seu chamado, confirmando esta mesma Palavra como um dos mais significativos sinais e prodígios em nossos dias. O verdadeiro milagre, sinais, prodígios e fenômenos estão na própria Palavra de um Deus que Se revela a cada um de nós a cada dia. Mas é necessário que alguém fale disso, e anuncie estas maravilhas. Muitos ainda desconhecem ou não acreditam. Transmitir esta mensagem a todos os povos, não importam quão diferentes sejam suas culturas, despertando-os a crerem neste Senhor de todas as coisas, mas principalmente da nossa própria salvação, é o papel importante daqueles que este mesmo Senhor faz com que estes descubram que o seu melhor dom é ser um dos semeadores desta semente, ou seja, as boas-novas da salvação, posto que, segundo o apóstolo Paulo, se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.

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[1] 1Co 12:12-14,27-31; At 2:42-47; Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p.1143; BRUCE, F. F. Os Atos dos Apóstolos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 1106, 1107. Reimpressão
[2] Mateus 28:18-20; Marcos 16:14-20; Romanos 15:14ss; Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p.1342
[3] GRAHAM SWIFT, C. F. O Evangelho Segundo São Marcos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 1025. Reimpressão
[4] Ef 5:27; Tg 2:14-17
[5] 1Co 15:19

VESTINDO A CAMISA

“[...] ide, fazei discípulos de todas as nações [...]; ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado [...]– Mt 28:19a,20a

TODOS que estamos inseridos em qualquer contexto ou segmento, seja político ou social, ou qualquer outro, seja num time de futebol ou mesmo em qualquer clube ou outra facção, seja lá qual for, temos que defender a sua bandeira, hasteá-la bem alto, destacando-a dentre as demais, e em alto e bom som sairmos por aí aonde quer que seja, defendendo esta tal bandeira. Não importa o que dizem, se somos falhos, feios, sujos ou malvados, se temos cores assim ou assadas, se somos os últimos da fila, se estamos em frangalhos . . . Nada disso importa. O que importa mesmo é que o meu time é o melhor por causa disso ou daquilo, e por causa de tudo isso é que estou nele, e o defendo com unhas e dentes, e o apregoo a todos os cantos possíveis e impossíveis da terra, mesmo que os outros não queiram ouvir, mas, mesmo assim, eu continuo falando dele, insistindo nisso a todo custo. Do contrário, seremos alijados deste time.

Quem não se lembra das torcidas de futebol, das torcidas organizadas, ou de outros tantos grupos organizados, e dos horrores que muitos deles aprontam por causa dos seus ideais? Quem não se lembra de certos militantes extremistas que ainda fazem seus estragos entre nós, e mesmo daqueles que açambarcam certos poderes, mesmo na carreira política, por conta daquilo que defendem, e nada muda para melhor em nossa vida comunitária ou mesmo como nação? Por mais agressivos, desagradáveis e corruptos que sejam, lá estão eles em defesa dos seus princípios. Ninguém se importa com mais nada, além de suas tão almejadas pretensões. Seus signatários vão até o fundo na defesa daquilo que pregam, em favor de seus interesses, muitos deles às vezes até escusos. Mas todos estão por aí botando a cara para bater ao defenderem aquilo que creem diante de seus opositores.

Assim, todos lutam por aí, pelas ruas e palanques, pelos campos e cidades, muitas vezes até inescrupulosamente, vestindo suas camisas, muitas delas bem marcadas, e bem manjadas, e até manchadas de cores estranhas, defendendo suas bandeiras, teorias e plataformas na busca de novos adeptos, mesmo necessitando, em geral, sem nem perceberem, de uma nova visão deste mundo cruel, tumultuado, egoísta e pecaminoso. E nós, que nos consideramos crentes cristãos? Onde está a nossa camisa, a nossa bandeira ou a nossa espada para podermos vestir, hastear ou empunhar com toda autoridade que nos é devida diante de tudo isso?

É certo que a mensagem da salvação igualmente por ser a mesma mensagem da cruz - por onde passam todas as nossas adversidades deste mundo -, não tem nada a ver com estas arrogâncias, intransigências e deleites mundanos, o que significa que também devemos morrer para este mundo de iniquidades para podermos mirar-nos nAquele que, por esta mesma cruz, e por amor a todos nós, deu-nos o exemplo, doando-Se a nós, e amando-nos primeiro, ao ponto de Se humilhar e morrer por nós, ensinando-nos a amar, primeiramente, ao SENHOR nosso Deus de todo o nosso coração, e de toda a nossa alma, e de todo o nosso pensamento, como o primeiro e grande mandamento. Depois, semelhantemente, também nos ensinou que devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos, já que se amarmos os nossos irmãos passamos da morte para a vida, posto que quem não ama a seu irmão permanece na morte, nos dizeres do apóstolo João, que ainda insiste que não devemos amar apenas por palavras, mas por obra e em verdade.

E como mandamento é lei, cumpre-se, sem sermos nenhum choramingas depois das nossas desobediências;depois de cairmos em pecado - como dizem,depois do leite derramado -, já que a nossa obediência a Deus é a nossa primeira obrigação. E, se é que somos cristãos, também somos seguidores de Cristo, e temos a marca dEle em nós.Tal qual foi dada a Seus discípulos na Grande Comissão pelo poder do Senhor Jesus no céu e na terra, assim também nos foi dada a todos nós, por meio deste mesmo Senhor Jesus e como seguidores daqueles mesmos discípulos, toda autoridade para que, assim como estes, do mesmo modo, fizéssemos mais outros tantos discípulos em todas as nações, ensinando-os a guardar todas as coisas que o Mestre ensinou.

Hoje, como crentes em Cristo, também trazemos esta herança daqueles Seus seguidores. E o que são estas coisas que Jesus lhes havia ensinado? Certamente que não fora nenhuma apologia ao ódio ou o acirramento à incredulidade, à arrogância e dureza dos corações dos homens, características estas ainda hoje tão evidentes. Tal qual foi dada aos Doze pela autoridade de Cristo também por todos nós ainda hoje esta mesma ordem de evangelizar a toda criatura deve ser obedecida. Esta é a bandeira a ser hasteada por todos os que se consideram cristãos diante destes novos tempos, destes tempos pós-modernos em que tudo é relativo, mas que, vergonhosamente para todos nós, milhões de pessoas ainda não foram alcançados pela Palavra de Deus que nos liberta, e nos lembra: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” onde o grande amor de Deus tem espaço privilegiado no coração dos homens, desde que eles creiam neste Senhor Jesus com o seu único Salvador.

É certo que não é nada fácil seguir a Jesus nem falar deste amor de Deus a uma geração caída, perdida e insensível, mas sedenta deste amor de Deus, e que urgentemente necessita de uma transformação em suas vidas - igualmente necessitadas de uma verdadeira revolução miraculosa, longe da imoralidade, da corrupção e da violência. No entanto, se fosse fácil, o próprio sacrifício da cruz não teria sentido, e o Senhor Jesus não teria morrido por amor a nós, assim como a Sua pregação com vistas ao arrependimento e a chegada do Reino dos Céus também não teria sentido. Todos faríamos tudo isso com nossas próprias mãos; com nossas próprias forças. Mas é o Espírito do Senhor que faz a obra, que nos propulsiona, proporcionando-nos este privilégio de também participarmos deste propósito de Deus, de anunciar a Sua Palavra de salvação, deste amor sem limites, desta esperança de uma nova vida aos homens.

É por isso mesmo que devemos ir em frente com a nossa missão em nome deste Deus Triúno, servindo-O com os nossos melhores dons, posto que o domínio de Cristo é universal, e o Seu Evangelho deve ser anunciado aos quatro cantos do mundo por ser o único caminho que restaura os corações contritos, que dá liberdade aos cativos, abrindo-lhes as prisões com a chave das boas-novas desta maravilhosa salvação.

É esta a mensagem que devemos anunciar, destacando-a dentre quaisquer outras que possam se proclamar.

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[1] 1Jo 4:19; Mt 22:36-40; Dt 6:5; Lv 19:18; Rm 13:9; 1Co 13; 1Jo 3:14,18
[2] Mt 28:18-20; Mc 16:15-18; Lc 24:47
[3] Mc 16:16; ATKINSON BASIL, F. C. O Evangelho Segundo São Mateus: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 984. Reimpressão
[4] Mt 4:17
[5] Lc 4:18-21; Isaías 61:1,2