segunda-feira, 15 de março de 2010

VESTINDO A CAMISA

“[...] ide, fazei discípulos de todas as nações [...]; ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado [...]– Mt 28:19a,20a

TODOS que estamos inseridos em qualquer contexto ou segmento, seja político ou social, ou qualquer outro, seja num time de futebol ou mesmo em qualquer clube ou outra facção, seja lá qual for, temos que defender a sua bandeira, hasteá-la bem alto, destacando-a dentre as demais, e em alto e bom som sairmos por aí aonde quer que seja, defendendo esta tal bandeira. Não importa o que dizem, se somos falhos, feios, sujos ou malvados, se temos cores assim ou assadas, se somos os últimos da fila, se estamos em frangalhos . . . Nada disso importa. O que importa mesmo é que o meu time é o melhor por causa disso ou daquilo, e por causa de tudo isso é que estou nele, e o defendo com unhas e dentes, e o apregoo a todos os cantos possíveis e impossíveis da terra, mesmo que os outros não queiram ouvir, mas, mesmo assim, eu continuo falando dele, insistindo nisso a todo custo. Do contrário, seremos alijados deste time.

Quem não se lembra das torcidas de futebol, das torcidas organizadas, ou de outros tantos grupos organizados, e dos horrores que muitos deles aprontam por causa dos seus ideais? Quem não se lembra de certos militantes extremistas que ainda fazem seus estragos entre nós, e mesmo daqueles que açambarcam certos poderes, mesmo na carreira política, por conta daquilo que defendem, e nada muda para melhor em nossa vida comunitária ou mesmo como nação? Por mais agressivos, desagradáveis e corruptos que sejam, lá estão eles em defesa dos seus princípios. Ninguém se importa com mais nada, além de suas tão almejadas pretensões. Seus signatários vão até o fundo na defesa daquilo que pregam, em favor de seus interesses, muitos deles às vezes até escusos. Mas todos estão por aí botando a cara para bater ao defenderem aquilo que creem diante de seus opositores.

Assim, todos lutam por aí, pelas ruas e palanques, pelos campos e cidades, muitas vezes até inescrupulosamente, vestindo suas camisas, muitas delas bem marcadas, e bem manjadas, e até manchadas de cores estranhas, defendendo suas bandeiras, teorias e plataformas na busca de novos adeptos, mesmo necessitando, em geral, sem nem perceberem, de uma nova visão deste mundo cruel, tumultuado, egoísta e pecaminoso. E nós, que nos consideramos crentes cristãos? Onde está a nossa camisa, a nossa bandeira ou a nossa espada para podermos vestir, hastear ou empunhar com toda autoridade que nos é devida diante de tudo isso?

É certo que a mensagem da salvação igualmente por ser a mesma mensagem da cruz - por onde passam todas as nossas adversidades deste mundo -, não tem nada a ver com estas arrogâncias, intransigências e deleites mundanos, o que significa que também devemos morrer para este mundo de iniquidades para podermos mirar-nos nAquele que, por esta mesma cruz, e por amor a todos nós, deu-nos o exemplo, doando-Se a nós, e amando-nos primeiro, ao ponto de Se humilhar e morrer por nós, ensinando-nos a amar, primeiramente, ao SENHOR nosso Deus de todo o nosso coração, e de toda a nossa alma, e de todo o nosso pensamento, como o primeiro e grande mandamento. Depois, semelhantemente, também nos ensinou que devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos, já que se amarmos os nossos irmãos passamos da morte para a vida, posto que quem não ama a seu irmão permanece na morte, nos dizeres do apóstolo João, que ainda insiste que não devemos amar apenas por palavras, mas por obra e em verdade.

E como mandamento é lei, cumpre-se, sem sermos nenhum choramingas depois das nossas desobediências;depois de cairmos em pecado - como dizem,depois do leite derramado -, já que a nossa obediência a Deus é a nossa primeira obrigação. E, se é que somos cristãos, também somos seguidores de Cristo, e temos a marca dEle em nós.Tal qual foi dada a Seus discípulos na Grande Comissão pelo poder do Senhor Jesus no céu e na terra, assim também nos foi dada a todos nós, por meio deste mesmo Senhor Jesus e como seguidores daqueles mesmos discípulos, toda autoridade para que, assim como estes, do mesmo modo, fizéssemos mais outros tantos discípulos em todas as nações, ensinando-os a guardar todas as coisas que o Mestre ensinou.

Hoje, como crentes em Cristo, também trazemos esta herança daqueles Seus seguidores. E o que são estas coisas que Jesus lhes havia ensinado? Certamente que não fora nenhuma apologia ao ódio ou o acirramento à incredulidade, à arrogância e dureza dos corações dos homens, características estas ainda hoje tão evidentes. Tal qual foi dada aos Doze pela autoridade de Cristo também por todos nós ainda hoje esta mesma ordem de evangelizar a toda criatura deve ser obedecida. Esta é a bandeira a ser hasteada por todos os que se consideram cristãos diante destes novos tempos, destes tempos pós-modernos em que tudo é relativo, mas que, vergonhosamente para todos nós, milhões de pessoas ainda não foram alcançados pela Palavra de Deus que nos liberta, e nos lembra: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” onde o grande amor de Deus tem espaço privilegiado no coração dos homens, desde que eles creiam neste Senhor Jesus com o seu único Salvador.

É certo que não é nada fácil seguir a Jesus nem falar deste amor de Deus a uma geração caída, perdida e insensível, mas sedenta deste amor de Deus, e que urgentemente necessita de uma transformação em suas vidas - igualmente necessitadas de uma verdadeira revolução miraculosa, longe da imoralidade, da corrupção e da violência. No entanto, se fosse fácil, o próprio sacrifício da cruz não teria sentido, e o Senhor Jesus não teria morrido por amor a nós, assim como a Sua pregação com vistas ao arrependimento e a chegada do Reino dos Céus também não teria sentido. Todos faríamos tudo isso com nossas próprias mãos; com nossas próprias forças. Mas é o Espírito do Senhor que faz a obra, que nos propulsiona, proporcionando-nos este privilégio de também participarmos deste propósito de Deus, de anunciar a Sua Palavra de salvação, deste amor sem limites, desta esperança de uma nova vida aos homens.

É por isso mesmo que devemos ir em frente com a nossa missão em nome deste Deus Triúno, servindo-O com os nossos melhores dons, posto que o domínio de Cristo é universal, e o Seu Evangelho deve ser anunciado aos quatro cantos do mundo por ser o único caminho que restaura os corações contritos, que dá liberdade aos cativos, abrindo-lhes as prisões com a chave das boas-novas desta maravilhosa salvação.

É esta a mensagem que devemos anunciar, destacando-a dentre quaisquer outras que possam se proclamar.

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[1] 1Jo 4:19; Mt 22:36-40; Dt 6:5; Lv 19:18; Rm 13:9; 1Co 13; 1Jo 3:14,18
[2] Mt 28:18-20; Mc 16:15-18; Lc 24:47
[3] Mc 16:16; ATKINSON BASIL, F. C. O Evangelho Segundo São Mateus: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 984. Reimpressão
[4] Mt 4:17
[5] Lc 4:18-21; Isaías 61:1,2