sábado, 30 de janeiro de 2010

ESPERANÇA NOSSA

“(...) assim como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus. Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria” – Salmo 68:2,3

QUEM É QUE não gosta de festas? Obviamente que há festas e festas, ou seja, há festas de todos os tipos e para todos os gostos ou finalidades. Mas uma coisa é certa, há muita alegria, de um jeito ou de outro, e até mesmo muita gente, muita agitação, muita comida e bebida; tudo de acordo com seus convidados e promotores, tudo de acordo com o que essas ocasiões oferecem, além de se levar em consideração suas repercussões e outras decorrências. E as festas de casamento, então!... os noivos, os convidados, todo aquele cerimonial, aquela pompa, e um bom vinho, é claro!... tudo em consideração ao mais sublime amor que une duas pessoas, maritalmente falando, ou seja, o amor entre um homem e uma mulher, agora casados. Pena que, mesmo instituído por Deus, o casamento, muitas vezes, é acometido por situações que o desgasta, por traições, falta de experiência, de amadurecimento, por dificuldades de lidar ou de manter uma fidelidade entre as partes ou pela ilusão de achar que do lado de lá sempre é bem melhor ou que este amor dantes tão efusivo, agora já não é tanto assim, como se o amor - o verdadeiro amor - pudesse acabar um dia qualquer e que esse amor jamais estivera nos planos de Deus para nossa vida. É verdade tudo isso? O amor pode um dia acabar? Sem falar do amor de Deus para com o Seu povo, esse amor conjugal é tão levado a sério por Deus que para descrever o Seu imenso amor pelo povo de Israel o SENHOR nosso Deus, pela boca do profeta Isaías, compara Jerusalém como uma esposa chamada de a “Desamparada”, a “Assolada”, mas que, “todavia, o número dos filhos de Israel será como a areia do mar, que não pode medir-se nem contar-se; e acontecerá que no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois Meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo”, numa clara alusão à restauração dos abandonados e cumprimento da antiga promessa patriarcal de inúmeros descendentes, cujo cumprimento desta restauração, segundo os especialistas, pelo menos em parte, deu-se quando os remanescentes do Norte juntaram-se ao Sul, no governo de Ezequias, e depois do exílio. Afirmam também que quanto a esse objetivo final não há nenhuma dúvida, posto que mais uma vez é exposta a decisão do Servo de prolongar o Seu ministério até ser atingido o alvo desejado desta restauração de Israel, assegurando, assim, a salvação deste povo, embora rebelde, infiel e idólatra. Ainda assim, esta nação será governada com justiça e coroada com o favor visível de Deus. “(...) chamar-te-ão: ‘O Meu prazer está nela’, e à tua terra: ‘A casada’; porque o SENHOR Se agrada de ti, e a tua terra se casará. Porque, como o jovem se casa com a virgem, assim teus filhos se casarão contigo; e como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus.”

Deus não Se comporta como os maridos, quando são traídos por suas mulheres. Estes não as acolhem de novo em sua casa nem as recebem de volta em seus braços nem as querem ver outra vez; jamais. Tudo se desmorona daí para frente. Quantos casamentos são destruídos quando um dos cônjuges adquire algum problema no que se refere à sua saúde física, mental ou moral; quando se envereda por outros caminhos, pelo mundo dos vícios, das drogas, do alcoolismo, e tantas outras dificuldades difíceis de serem sanadas, tais como o desemprego ou a infidelidade, por exemplo! A pessoa é jogada às traças, e lá se vão aqueles tão almejados sonhos e metas de felicidade a dois. O amor era tão lindo, e, de repente, transformou-se num inferno, em ódio por todos os lados, e para sempre. Isso será mesmo amor? Os israelitas, ao voltarem do exílio, ao encontrarem Jerusalém reduzida a ruínas, pensavam que Deus os rejeitara para sempre, já que antes era como uma princesa entre as províncias, e grande entre as nações, mas que se tornou como viúva, humilhada, por causa da sua infidelidade, da sua desobediência e rebeldia, como se oferecesse suas graças a muitos amantes - os outros deuses assírios e babilônios. Pensavam que nada mais poderiam fazer diante de tanto desânimo. Mas o amor de Deus não é como o amor dos homens. Não é inconstante, que age segundo as conveniências ou circunstâncias, que perde o seu entusiasmo tão facilmente, que não nos dá nenhuma segurança, nenhuma importância, nenhuma chance de reverter tal situação, mesmo sendo nós todos pecadores, vulneráveis e falíveis. Como o Edificador da Nova Jerusalém, não obstante a tantas traições, e mesmo agindo com justiça e juízo para com Seu povo, o SENHOR nosso Deus - cuja presença importa em salvação divina que não se harmoniza com as expectativas humanas, já que esta salvação se origina na livre decisão divina -, em contraste com as mãos sujas dos homens, estende as Suas mãos com amor e jamais repudia quem quer que seja, muito menos a Sua noiva, o Seu remanescente fiel que, por causa destes, a totalidade será preservada, não somente em Israel, mas em outras nações, como na parábola do joio contada por Jesus onde Deus retém o juízo imediato por causa dos eleitos que estão no mundo e que os justos têm que viver no meio dos ímpios, desde o começo. “Assim diz o SENHOR: Como quando se acha mosto num cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele, assim farei por amor de Meus servos, que não os destrua a todos.” Que tomemos tudo isso como exemplo quando nos tornamos infiéis a Jesus, nosso Senhor, quando nos devotamos inteiramente a nossas idolatrias ainda tão evidentes, às nossas paixões mundanas ainda tão desenfreadas, a nossos bens materiais em quem ainda depositamos tantas esperanças, mas que, na verdade, são nossos amantes que ainda nos exploram e nos dominam sem nenhuma piedade, levando-nos a derrocada final, se não formos amparados pelo nosso fiel e competente Advogado. Ou seja, se não formos poupados desta triste experiência da devastação provocada pelo pecado. Se não formos alcançados pela mensagem desta esperança salvadora operada por este amor imperecível deste nosso Deus, e intermediado pela poderosa mão do Senhor Jesus, o Cristo prometido, nosso amigo Consolador e Servo Fiel em comunhão com o Santo Espírito deste mesmo SENHOR nosso Deus.

Assim é que aqueles que não são povos de Deus tornar-se-ão filhos do Deus vivo numa transição das trevas para a luz, das ameaças de justiça divina para as promessas deste amor divino, literalmente cumpridas em Cristo e aplicadas à Sua Igreja - a Sua noiva; o verdadeiro Israel -, composta tanto por judeus quanto por gentios. Os especialistas lembram que, para os apóstolos, o remanescente de Israel étnico era, evidentemente, um modelo para o remanescente das nações - o que se aplicava àqueles aplica-se também a estes. Assim como a expressão “filhos do Deus vivo” pronunciada por Oséias sugere o tipo de relacionamento íntimo que Deus deseja ter com Israel - onde Deus deseja dar vida, em contraste com o relacionamento sem vida que Israel tinha com Baal -, assim também esse relacionamento vivo é, agora, fornecido em Jesus Cristo. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.” É o apóstolo Pedro na sua primeira carta, aplicando à Igreja os mesmos termos do Antigo Testamento aplicados a Israel, e afirmando a continuidade entre Israel daqueles tempos e a Igreja do Novo Testamento. O apóstolo ainda afirma que os crentes cristãos são a casa espiritual edificada em Cristo, ou seja, a Igreja como templo espiritual, destacando um nítido contraste entre o destino dos incrédulos e a posição dos eleitos. Assim, segundo os especialistas, Israel e a Igreja são representados como o único povo de Deus. E, ainda segundo os estudiosos, nesta continuidade essencial entre o Israel do Antigo Testamento e a Igreja do Novo Testamento, a misericórdia de Deus estende-se indistintamente, e de uma forma não meritória, tanto a judeus quanto a gentios. “Levante-Se Deus, e sejam dissipados os Seus inimigos; fugirão de diante dEle os que O odeiam. Como se impele a fumaça, assim Tu os impeles; assim como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus. Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria. Cantai a Deus, cantai louvores ao Seu nome; louvai Aquele que vai montado sobre os céus, pois o Seu nome é SENHOR, e exultai diante dEle. Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no Seu lugar santo. Deus faz que o solitário viva em família; liberta aqueles que estão presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em terra seca.” O salmista distingue muito bem quem é quem nesta vitória de Deus sobre Seus inimigos, e, como pano de fundo, a vitória do Senhor Jesus sobre as forças de Satanás durante a ascensão. É neste clima de muita alegria que Deus Se relaciona com Seu povo, como numa festa de casamento onde não pode haver nenhum clima de tristeza, já que Jerusalém, antes destruída e abandonada, torna-se novamente a esposa amada pelo seu Deus e, na sequência, a Igreja de Cristo, também vitoriosa como povo de Deus cuja “graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo”. Ou seja, todos os cristãos participam da graça da salvação por meio da fé. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” E neste contexto de celebração de uma festa de casamento Jesus realiza o Seu primeiro milagre, revelando que Ele veio para firmar uma nova aliança, manifestando ainda a Sua glória e proclamando a nova era messiânica; uma nova ordem mundial em que Jesus dá apenas um sinal da Sua grande obra que irá realizar como um esposo que celebrará as núpcias com a humanidade, um casamento perfeito, sem traições nem engodos outros, somente alegria, a felicidade da consolidação de uma espera de um Reino de Deus que os profetas tanto anunciavam como um banquete preparado com carnes gordas, tutanos gordos; uma festa em que se servem vinhos velhos e refinados, e iguarias finas. Reino este do qual também participamos com os nossos melhores dons, distribuídos pelo Espírito de Deus, que os reparte particularmente a cada um como bem entender, para o que for útil na comunidade cristã, sem nos considerarmos superiores aos demais, e nem a ninguém, sem promovermos competições nem despertarmos invejas, mas, sim, favorecermos a unidade do Corpo de Cristo, ou seja, a unidade da Sua Igreja, colocando-nos a serviço dos irmãos com aquela mesma humildade demonstrada pelo Cabeça da Igreja; para o bem comum, para o enriquecimento espiritual desta mesma Igreja. Que assim seja! Que o Senhor da obra nos capacite para tal como um digno convidado desta grande festa promovida para a honra e a glória do grande Rei, o Rei do Universo e Senhor da messe.

REFLEXÃO DE HOJE
“Levante-Se Deus, e sejam dissipados os Seus inimigos; fugirão de diante dEle os que O odeiam. Como se impele a fumaça, assim Tu os impeles; assim como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus. Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria. Cantai a Deus, cantai louvores ao Seu nome; louvai Aquele que vai montado sobre os céus, pois o Seu nome é SENHOR, e exultai diante dEle. Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no Seu lugar santo. Deus faz que o solitário viva em família; liberta aqueles que estão presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em terra seca. Ó Deus, quando saías diante do Teu povo, quando caminhavas pelo deserto, a terra abalava-se, e os céus destilavam perante a face de Deus; até o próprio Sinai foi comovido na presença de Deus, do Deus de Israel. Bendito seja o Senhor, que de dia em dia nos carrega de benefícios; o Deus que é a nossa salvação. O nosso Deus é o Deus da salvação; e a Deus, o Senhor, pertencem os livramentos da morte. Mas Deus ferirá gravemente a cabeça de Seus inimigos e o crânio cabeludo do que anda em suas culpas. Celebrai a Deus nas congregações; ao Senhor, desde a fonte de Israel. Reinos da terra, cantai a Deus, cantai louvores ao Senhor. Ó Deus, Tu és tremendo desde os Teus santuários; o Deus de Israel é o que dá força e poder ao Seu povo. Bendito seja Deus!” – Salmo 68:1-8,19-21,26,32,35

LEITURAS DE HOJE
Salmo 68; Isaías 62:1-5
1Coríntios 12:1-11; João 2:1-11

NOTAS
[1] 1Coríntios 13:7,8; Isaías 62:1-5; Oséias 1:10; Gênesis 13:16; 15:5; 26:24; 28:14; 22:17; 32:12; 1Pedro 2:10; 2Crônicas 30:11,18; 1Crônicas 9:3; Esdras 8:35; Isaías 49:14; 54:1,6,7
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1007
FITCH, W. Isaías: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 1. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 73. Reimpressão
[2] Isaías 65:1-25; Romanos 10:20; Lamentações 1.1; Romanos 9:11,12,25,26; 10:30,31; 11:6,17; Isaías 65:8; Mateus 13:29,30; Isaías 1:9; 56:6; Gênesis 18:22-33
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 855, 1120
ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra. Ano C. Trad. por Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: AM Edições, 1996. p. 221, 222
[3] Oséias 1:10; Romanos 9:25,26; 1Pedro 2:10; Êxodo 19:5; Isaías 43:21; Apocalipse 1:5,6; Salmo 68:1-6; Efésios 4:7-13; 2:5,8; Isaías 25:6; Mateus 22:4; 8:11
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1007, 1497
ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra. Ano C. Trad. por Comercindo B. Dalla Costa. São Paulo: AM Edições, 1996. p. 223-228
MACLEOD, A. J. O Evangelho Segundo São João: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 1066, 1067. Reimpressão
M´CAW, Leslie S. Os Salmos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 1. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 555-557. Reimpressão
McNAB, ANDREW. As Epístolas Gerais de Pedro - 1Pedro:Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo:Vida Nova, 1963, 1990. p. 1407, 1408. Reimpressão