quinta-feira, 14 de maio de 2009

O BOM PASTOR

“Provai, e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nEle confia”(Salmo 34:8)

ASSIM COMO todos aqueles que seguiram a Jesus, dentre estes, o próprio apóstolo Pedro, e que igualmente testemunharam todas aquelas maravilhas e ensinamentos do Mestre, conclamando a todos os crentes a também participarem com eles deste gozo que é a comunhão com o SENHOR nosso Deus e com Seu Filho Jesus Cristo “porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a Sua majestade”, o evangelista João, e também apóstolo, conhecido como “o discípulo amado”, retoma a figura de Jesus quando Ele Se descreve como o Bom Pastor que dá Sua vida pelas ovelhas, figura esta usada para revelar a pessoa e a missão do próprio Senhor Jesus.A imagem de pastor aparece com frequência em toda a Bíblia, desde Abel, o segundo filho de Adão e Eva, símbolo de homem justo, amigo de Deus, perseguido e morto pelo próprio irmão, assim como a imagem de Moisés, que conduziu um rebanho antes de conduzir o povo de Deus para a liberdade, e de Davi, que Deus tirou dos apriscos das ovelhas para apascentar a Jacó, Seu povo, e a Israel, Sua herança. Até mesmo o próprio Deus é tido como o Pastor do Seu povo, já que permanece com eles, e eles dependem totalmente dEle quanto ao alimento, água e proteção contra os inimigos, a ponto de o salmista declarar que “o SENHOR é o meu Pastor, nada me faltará”, num dos mais belos e conhecidos exemplos de confiança que é termos o SENHOR nosso Deus como nosso Pastor cujas expressões dos Seus cuidados ternos e próprios de um pastor chegam a apascentar o Seu rebanho e até a recolher entre Seus próprios braços os cordeirinhos, levando-os no Seu regaço, e guiando suavemente as ovelhas que ainda amamentam. O Senhor trazendo os Seus nos Seus braços, conduzindo-os como ovelhas que, sozinhas, dificilmente encontrarão pasto, esta também é a imagem de Jesus que Se revela como o Bom Pastor, cumprindo, assim, a profecia de que Deus viria para pastorear o Seu povo, “porque o Filho do homem veio salvar o que se tinha perdido”, explica Jesus, perguntando a Seus discípulos: “Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca da que se desgarrou?”. E, na verdade, Ele mesmo responde, dizendo que, se achá-la, terá maior prazer por aquela do que pelas noventa e nove que não se desgarraram. “Assim, também não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca”, conclui, não excluindo a possibilidade da perdição, mas que Deus não a deseja, opinião esta reforçada por vários comentaristas que ainda destacam que a preocupação por uma só ovelha não é às expensas das noventa e nove, mas indica o compromisso de Deus com cada discípulo e Sua especial preocupação por um que se extravia ou está em perigo. “Deus elege, busca e preserva não somente Sua Igreja como um todo, mas cada indivíduo dentro da Igreja”, afirmam os estudiosos. O SENHOR nosso Deus é tão benevolente que não tem prazer nem na morte de um ímpio, já que nem todos os homens serão salvos, mas, mesmo assim, Deus, de um modo geral, deseja para com a humanidade que todos gozem da salvação. Porém, o homem continua investindo na sua incredulidade; na sua perdição.

Daí a imagem de Jesus apresentando-Se profeticamente como o Bom Pastor, aqui, sem nenhum valor sentimental, mas com o significado de verdadeiro, autêntico, corajoso, belo, nobre, competente, ou seja, o amor de Jesus é tão incomparavelmente imensurável que Ele Se dispôs a sacrificar Sua própria vida por Suas ovelhas. Aquelas que o Pai Lhe deu para que delas cuidasse, e as levasse até Ele, pois estas ovelhas são dEle. São o Seu povo – salvo dos inimigos; dos seus pecados e iniqüidades. São a Sua Igreja – gloriosa, sem mácula, santa e irrepreensível. São os Seus eleitos – que o Seu Filho Unigênito resgatou com Seu próprio sangue para que eles não pereçam, mas que tenham a vida eterna por meio da fé nEle. Quem intentará acusação contra estes escolhidos de Deus? Se Deus é por eles, quem será contra eles? Quem os separará deste amor de Jesus? “É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós”, destaca o apóstolo Paulo. Por causa da criação, tudo e todos pertencem a Deus, mas, por causa de nossos pecados, só mesmo pela graça divina é que podemos ser “justificados gratuitamente pela redenção que há em Cristo Jesus”. Esta justificação é final e irreversível, posto que decisões divinas não se discutem porque elas não voltam atrás. Na opinião de Berkhof, é impossível que aqueles por quem Cristo pagou o preço, cuja culpa Ele removeu, se percam por causa dessa culpa. Segundo ele, as Sagradas Escrituras qualificam repetidamente aqueles pelos quais Cristo entregou Sua vida de tal maneira que indicam uma limitação muito definida, ou seja, Cristo morreu por um povo específico com a clara implicação de que Sua morte assegurou a salvação destas pessoas – aqueles que foram conhecidos de antemão. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e meu Pai somos um”. É isso aí. Quem separará estas ovelhas deste amor de Jesus? Quem real e sinceramente segue a Jesus jamais voltará atrás, mesmo sendo pecador, mas que sabe do seu devido lugar diante do seu Pastor que é o seu Senhor diante dele, ou melhor, à frente dele – o Pastor que sempre vai lhe acolher, e receber com festas no Seu aprisco quando esta ovelha, arrependida, retornar ao seu lugar de sempre. É a perseverança dos santos, posto que estes se sentem seguros diante da perseverança de Deus, impedindo que se percam para sempre. É uma eterna comunhão com Deus dada pelo Senhor, aquele Bom Pastor que os protege dos perigos de acordo com a infalibilidade da graça divina que não permite que nenhum mercenário os arrebate de Suas mãos.

É este grande amor deste grande e maravilhoso Deus que é reiteradamente prenunciado em todas as Sagradas Escrituras a todas as diferentes pessoas em suas diferentes situações. É a este grande e maravilhoso Deus que o salmista Davi nos convida a louvar, exortando-nos a confiar nEle, pois Ele sempre ouve e responde às orações de Seu povo, daqueles que estão em correta comunhão com Ele. Aqueles que O temem. “A minha alma se gloriará no SENHOR; os mansos O ouvirão e se alegrarão. Engrandecei ao SENHOR comigo; e juntos exaltemos o Seu nome. Busquei ao SENHOR, e Ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores”. O salmista ainda chega a ponto de colocar até sua própria experiência pessoal para nos provar e vermos o quanto este Deus é bom, experiência esta também mencionada pelo apóstolo Pedro quando fala que os crentes são a casa espiritual edificada em Cristo. Mas, iludidos e preocupados com os nossos mesquinhos afazeres de nosso dia a dia, muitas vezes, nem percebemos que são tantas as experiências deste amor incomensurável. do Senhor em nossas vidas. Esta bondade e poder do Senhor é que mantém a força interna do crente, e a escolha da incredulidade é que traz a nossa inevitável condenação devido a seu próprio antagonismo ao bem, cuja prática do mal resulta na ruína de seus culpados. Entretanto, é impossível àquele que confia no Senhor compartilhar com esta multidão de culpados. Assim, cumprindo a promessa anunciada pelo profeta Ezequiel de que o SENHOR nosso Deus viria para pastorear o Seu povo, depois de ser maltratado e oprimido pelos maus pastores, ou seja, os reis de Israel ou mesmo por pessoas outras como os membros das classes abastadas de Jerusalém, o Senhor Jesus veio estabelecer um governo de justiça e de paz entre todas as nações. Mas assim como naqueles tempos existiram os pastores infiéis, nos tempos do Senhor Jesus, ou seja, ainda hoje, também existem estes mercenários. Aqueles que só pensam em si próprios; em dinheiro, em seu próprio bolso. Aqueles que solapam, roubam, oprimem, corrompem e dispersam as ovelhas, deixando-as em situação cada vez pior em vez de serem agentes da paz e do bem-estar em favor do rebanho do Senhor espalhado por este mundo afora; muitos deles ainda sem o seu devido Pastor. Que o Espírito deste Divino Pastor nos abra os olhos de nosso coração para que possamos ter sensibilidade cristã e coragem para vivermos como verdadeiros pastores diante daquelas ovelhas desgarradas; e que nos ajude também a preservar o rebanho que já está no Seu aprisco para juntos gozarmos a experiência da salvação. E que tudo seja para Sua honra e glória, por meio e pelo amor do Senhor Jesus, o Pastor de nossas almas. Amém!

REFLEXÃO DE HOJE

“Louvarei ao SENHOR em todo o tempo; o Seu louvor estará continuamente na minha boca. Busquei ao SENHOR, e Ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores. Provai, e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nEle confia. Vinde, meninos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do SENHOR. Quem é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para ver o bem? Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem o engano. Aparta-te do mal, e faze o bem; procura a paz, e segue-a. Os olhos do SENHOR estão sobre os justos, e os Seus ouvidos atentos ao seu clamor. A face do SENHOR está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles. Os justos clamam, e o SENHOR os ouve, e os livra de todas as suas angústias. Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR o livra de todas” – Salmo 34:1,4,8,11-17,19

LEITURAS DE HOJE

Salmo 34; Ezequiel 34:11-17
1João 3:1-9; João 10:11-18

NOTAS

[1] 1João 1:3,4; 2Pedro 1:16; João 10:11; Gênesis 4:1,2; Mateus 23:35; Lucas 11:51; Hebreus 11:4; Salmo 78:70-72; 1Samuel 16:11-13; 2Samuel 3:18; 5:2; 7:8; Salmo 23; 77:20; 78:52; 79:13; 80:1; Isaías 40:11; 63:9-12
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 629, 634, 636, 672, 831
O Novo Dicionário da Bíblia. Trad. por João Bentes; editor org. J. D. Douglas. São Paulo: Vida Nova, 1962. 1.ª ed. 2v. p. 18

[2] João 10:11,14; Ezequiel 34:7-16,23; Mateus 18:12-14; Lucas 15:3-7; 1Timóteo 2:4; Apocalipse 7:9,10; Marcos 10:45; João 10:11,14,15,26-29; 17:9; Atos 20:28; Mateus 1:21; Efésios 5:25-27; Romanos 8:32-35; João 3:16; Romanos 3:24; João 10:15-18,27-30; Romanos 5:8-10; 8:32; Gálatas 2:20; 3:13,14; 4:4,5; 1João 4:9,10; Apocalipse 1:4-6; 5:9,10
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1126, 1248
ATKINSON, Basil F. C. O Evangelho Segundo São Mateus: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 971. Reimpressão
BERKHOF, LOUIS. Teologia Sistemática. 3.ª ed. revisada. Trad. Odayr Olivetti. São Paluo: Cultura Cristã, 2007. p. 363

[3] Salmo 34:4,7,8,19-22; 1Pedro 2:3; Romanos 8:1,33,34; Ezequiel 34; Jeremias 23:1-6
M´CAW, Leslie S. Os Salmos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 1. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 527, 528. Reimpressão
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 635, 636