domingo, 7 de junho de 2009

DIVINO DOADOR DA VIDA

“(...) aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (João 3:3b)

É CERTO QUE nem todos têm o mesmo destino neste mundo, nem em outro qualquer; muito menos no plano espiritual, cujos desígnios estão nas mãos do Eterno e Divino Doador da Vida, Criador do céu e da terra, assim como de todas as coisas visíveis e invisíveis, a Quem, por causa da obra e graça deste Soberano SENHOR, que é infinitamente misericordioso, todos devemos ter a grata satisfação de reverenciá-lO, posto que Ele reina em pleno poder e majestade. O Seu trono está firme desde a eternidade independentemente de quaisquer nuances políticas, em contraste com as instabilidades, despotismos e desordens ou outras forças maléficas deste mundo – se é que existem forças do bem neste mundo dos homens que, pela falta de nossa retidão original, chafurdamo-nos na lama da corrupção em toda a nossa natureza, sendo todos nós reduzidos ao nosso estado de pecado e miséria juntamente com todas as transgressões atuais que procedem de cada um de nós. Mesmo assim, o Seu trono sobrevive a todas as tentativas de quem quer que queira abalá-lo, daí, que esta Sua soberania absoluta que estabelece a estabilidade e a ordem mundial que é compartilhada por toda a humanidade através da Sua lei revelada também deve ser reconhecida, pois também é certo que o Seu trono subsiste a todas as gerações. “O SENHOR reina; está vestido de majestade. O SENHOR se revestiu e cingiu de poder; o mundo também está firmado, e não poderá vacilar.”. Está descrito na Sua Palavra, que é a Verdade, para que ninguém duvide que este SENHOR é Deus. Ele é o Rei dotado de poder onipotente que tem o controle soberano e absoluto sobre o mundo. Que ninguém duvide que, nas alturas, este SENHOR permanece inabalável, e imperturbável, sempre glorioso em poder, e a estrutura deste Seu Reino é inexpugnável, nos dizeres dos comentaristas, destacando ainda que Sua imutabilidade se fundamenta em Sua própria santidade e em Sua equitativa administração sobre toda a criação. Diante de tudo isso, é Ele Quem nos dá vida, já que estamos todos mortos em nossos delitos e pecados, conforme assinala o apóstolo Paulo, se não formos atingidos pela Sua graça salvadora, e se insistirmos em andar “segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência”; e se ainda andarmos sob “os desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” e, “por natureza, filhos da ira” como tantos outros. Humanamente naturais, diante de toda esta nossa situação de morte espiritual, devemos refletir juntamente com o salmista, sobre as profundezas do pecado e do arrependimento numa oração penitente brotada de um coração dominado pela vergonha, humilhado e alquebrado pela nossa culpa num apaixonado apelo para sermos purificados. “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.”. Porém, assim como o salmista, também devemos ter a consciência da misericórdia de Deus – abundante, amorosa e sem limites, reforçam os comentaristas – e orarmos como orou Davi. “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a Tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das Tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade; e purifica-me do meu pecado.”. Devemos acreditar firmemente que o pecado não resiste a nenhum pecador sinceramente arrependido, posto que o arrependimento implica em um novo nascimento, já que damos as costas para aquelas nossas falhas e, consequentemente, não pecamos mais. Isso é coisa séria. Arrepender-se não é reincidir em falhas, costumeiramente, mas, genuinamente, nascer de novo, fugindo de tudo aquilo que tenha até a aparência do mal. Segundo os especialistas, Davi pleiteou a misericórdia de Deus em consonância com o amor que Deus prometeu ter por Seu povo, já que quando Deus perdoa os nossos pecados isso resulta de Sua misericórdia, posto que os pecadores merecem a morte, mas Deus lhes dá a vida.

O apóstolo João nos chama a atenção para percebermos quão grande amor nos tem concedido o SENHOR, para que fôssemos chamados filhos de Deus. Esta maravilha e esta graça arrebatam o apóstolo, pois nos fazem refletir sobre o nosso novo nascimento, assim como também Paulo nos alerta sobre tal adoção, contrapondo estes filhos de Deus com os filhos da carne, já que se vivermos segundo a carne, morreremos; mas, se pelo Espírito, desgostarmos das obras do corpo, viveremos. “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.”. Assim, a Palavra de Deus nos diz que é este mesmo Espírito que testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados.”. E se já recebemos este Espírito de adoção de filhos, temos todo o direito de clamarmos por Ele, chamando-o de Pai, com toda a conotação de familiaridade e intimidade que todo cristão recebe por meio do Espírito divino, auferindo, assim, esta paternidade de Deus para com o Seu povo. Assim, também, na opinião dos especialistas, os crentes são acolhidos na família de Deus e são internamente persuadidos pelo Espírito de que eles fazem parte desta família, já que somos feitos criaturas dEle para sermos filhos dEle, e irmãos em Cristo, transformados pela obra do Seu Espírito – fim glorioso de toda a vitória da graça, já que é pela graça que somos salvos, por meio da fé; não por nenhum mérito nosso.

Segundo Berkhof, as Sagradas Escrituras afirmam expressamente a necessidade da nossa regeneração – que é a obra do Espírito Santo ao criar uma nova vida nos pecadores que se arrependem e passam a viver em Cristo –, mas que o nosso Salvador não dá lugar para exceções em se tratando deste assunto. “Na verdade, na verdade, te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.”. Estas verdades também são expostas com clareza em outras passagens bíblicas, quando, por exemplo, Paulo diz que o homem natural não aceita as coisas do Espírito, posto que lhe são loucura, e não pode entendê-las, já que elas se discernem espiritualmente. “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo Seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos).”. Este amor de Deus é de Sua livre e espontânea vontade; não por mérito, esforço ou capacidade por parte daqueles que chegam à vida. Morto não fala, não age e nem reage por não ter vida própria e não ser dono nem da própria vida, daí, ainda segundo Berkhof, é o Espírito Santo a causa eficiente da regeneração, posto que é Ele que age diretamente no coração do homem, transformando sua condição espiritual. Na sua opinião, não há nenhuma cooperação do pecador nesta obra. “É obra do Espírito Santo direta e exclusivamente; só Deus age, e o pecador não participa em nada desta ação”, explica o especialista, para, em seguida, enfatizar que nas Escrituras é mais que evidente que isso não significa que o homem não coopera com o Espírito de Deus nos estágios posteriores desta obra de redenção. Já que não podemos salvar-nos a nós mesmos, posto que é Deus Quem ressuscita os mortos, a regeneração, então, é o dom da graça de Deus, uma obra imediata e sobrenatural do Espírito Santo realizada em nós e que tem o efeito de fazer com que passemos desta morte espiritual para a vida espiritual. Tendo como fruto a nossa fé, que antecede a regeneração, esta nova vida transforma a disposição de nossa alma, e inclina o nosso coração para Deus, dando uma razão de vivermos, uma real esperança neste mundo, pois somente com Deus por intermédio de Jesus Cristo e com a ação do Espírito divino é que a nossa vida faz sentido, e tudo é possível por fé. É Deus agindo e fazendo a história por meio da Sua triunidade. Que esta comunhão do Espírito divino pela graça de Jesus Cristo e o amor do SENHOR nosso Deus esteja sempre operando em nós, transformando-nos a cada dia, doando-nos vidas espirituais, para que a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre. Amém!


REFELXÃO DE HOJE
“Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados.” – Romanos 8:13-17

LEITURAS DE HOJE
Salmo 93; Êxodo 3:1-6
Romanos 8:12-17; João 3:1-17

NOTAS
[1] Salmo 93:1-5; 45:6; Romanos 3:10-18; 5:12,18,19; Gálatas 3:10; Salmo 96:10; Lamentações 5:19; Salmo 97:1; 98:6; 99:1; 29:10; 19:7-9; Efésios 2:1-3; Salmo 51:1,5 Cf. Credos Reformado , Niceno-Constantinopolitano e Atanasiano
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 649, 682, 1402
O Breve Catecismo de Westminster. 2.ª ed. Trad. por Igreja Presbiteriana do Brasil. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 23, 24. Reimpressão
M´CAW, Leslie S. Os Salmos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 1. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p.542, 582. Reimpressão
[2] 1João 3:1; Romanos 8:13-17; Gálatas 4:6; Efésios 2:8,9
DRUMMOND, R. J. e MORRIS, Leon. As Epístolas de João, 1João: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1433. Reimpressão
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1330
THOMSON, G. T., DAVIDSON, F. A Epístola aos Romanos: Introdução e Comentário. In: O Novo Comentário da Bíblia, vol. 2. (editor em português R. P. Shedd). São Paulo: Vida Nova, 1963, 1990. p. 1168, 1169. Reimpressão
[3] João 3:3,5,7; 1Coríntios 2:14; Gálatas 6:15; Jeremias 13:23; Romanos 3:11; Efésios 2:3-5; Romanos 8:29,30; Ezequiel 11:19; Atos 16:14; Romanos 9:16; Filipenses 2:13
BERKHOF, LOUIS. Teologia Sistemática. 3.ª ed. revisada. Trad. por Odayr Olivetti. São Paluo: Cultura Cristã, 2007. p. 436
Bíblia de Estudo de Genebra. Trad. por João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. notas. p. 1233, 1402